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A pergunta que a Record não respondeu sobre o estado de saúde de Bolsonaro

O candidato do PSL à presidência tinha alguma condição preexistente na região do abdômen antes de receber a facada?

Mulher de Bolsonaro ora com a mão sobre abdômen do deputado em abril. Foto: reprodução
Da Redação
23 de outubro de 2018, 11h24

Neste domingo, o programa Domingo Espetacular, da Record, a emissora chapa-branca do bolsonarismo, deu a versão oficial para o estado de saúde do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro um mês e meio depois de receber uma facada em Juiz de Fora, Minas Gerais, durante um ato de campanha. A “reportagem”, feita para justificar a ausência do deputado nos debates, chega a entrar em detalhes bizarros sobre a bolsa de colostomia utilizada por Bolsonaro, dizendo que ela acomoda “fezes líquidas”. Assista:

A questão que a Record não conseguiu responder é: Bolsonaro tinha algum problema de saúde na região do abdômen anterior à facada? No dia 13 de abril deste ano, o jornal O Globo noticiou que Bolsonaro passou mal em Roraima e chegou a ser internado no Hospital Central do Exército, no Rio. O candidato, indignado, postou dois vídeos acusando o grupo de “fake news” sobre sua saúde. Num deles, aparece correndo na praia com a filha.

No outro, ele volta a desmentir que tenha problemas de saúde. Isso cinco meses antes de receber a facada em Juiz de Fora.

O jornal O Globo chegou a dar o desmentido da assessoria de imprensa do candidato: “Bolsonaro nega atendimento em hospital informado pela assessoria”. Mas manteve a informação. “Waldir Ferraz, assessor de imprensa de Bolsonaro, informou ontem ao GLOBO que o deputado passou mal ainda no aeroporto de Boa Vista (RR), onde se reuniu com líderes políticos locais. ‘Ele chegou a vomitar'”, diz o jornal, citando o assessor. “O assessor de Bolsonaro alega que o Exército não vai confirmar o atendimento porque ‘é uma questão pessoal’.”

Em março, porém, ele havia aparecido em um vídeo usando uma sonda nasogástrica. Por quê?

Fato é que, no final de abril, Bolsonaro e sua esposa Michelle aparecem no 36º Congresso Internacional de Missões, organizado pelo grupo evangélico Gideões Missionários da Última Hora, na cidade de Camboriú/SC, e o deputado ora por sua saúde. O pastor pergunta: “quem aí tem problema no estômago levante o braço”. Bolsonaro levanta. O pastor então pede para o acompanhante colocar a mão no local, e Michelle coloca a mão justamente no abdômen do então pré-candidato à presidência. Por último, o pastor Dorgival Timóteo impõe a mão sobre o ventre de Bolsonaro.

Confira:

Os próprios canais evangélicos divulgaram o vídeo.

O que tinha Bolsonaro na região do abdômen? É preciso lembrar que, após a facada, o próprio filho dele, Flávio, disse que o ferimento havia sido “superficial”. Só depois da internação no hospital, em Juiz de Fora, é que a situação se descobre complicada.

O deputado foi então submetido a duas cirurgias e terá que ser operado novamente em janeiro, segundo o Estadão, imediatamente após a posse, caso seja eleito no domingo. A explicação oficial é que se trata de uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia.

O país precisa saber qual era o problema que afligia o candidato na região do abdômen meses antes de receber a facada no mesmo local. É preciso transparência sobre o real estado de saúde de Bolsonaro

O Brasil já viveu uma situação em que o presidente não assumiu por questão de doença, com Tancredo Neves, em 1985, substituído por José Sarney. Também já fomos governados por vices-presidentes duas vezes desde então: Itamar Franco tomou o lugar de Fernando Collor, em 1991, e Michel Temer, o de Dilma Rousseff, em 2016, após processos de impeachment.

O país precisa saber qual era o problema que afligia o candidato na região do abdômen meses antes de receber a facada no mesmo local. É preciso transparência sobre o real estado de saúde de Bolsonaro. Não basta uma emissora de televisão simpática ao candidato dar sua versão oficial.

 

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Omar Dario em 24/10/2018 - 16h06 comentou:

Esta história de facada tá me cheirando mal desde o início. Um energúmeno que passou a
vida inteira destilando ódios uma hora vai ter problemas sérios de saúde, em algum momento o corpo reclama. Não me surpreenderia em nada se ele adiasse a operação até
o meio da campanha só para armar este circo e capitalizar votos. Quem operou ele em juiz de fora e são paulo deveria ser investigado. Sinto um forte aroma de Tancredização no ar.
O capitão que se cuide na mão dos seus colegas de caserna, quando ele perceber que foi usado pode ser tarde demais, e aí o poder ficará nas mão do mourão o nosso “duterte” tupiniquim.

Responder

Daniel Silva em 30/10/2018 - 00h17 comentou:

E temendo que a verdade viesse a tona, Joice Hasselman criou uma fake news sem pé nem cabeça falando que uma revista de grande circulação recebeu 600 milhões para acabar com a candidatura do Bolsonaro.
Essa suposta notícia nunca foi revelada, mas muito se especula que seria a descoberta que essa facada foi orquestrada para preservar e vitimizar o Bolsonaro.
Bolsonaro sempre usou coletes a prova de balas nas ruas. Esse falso atentado um dia virá a tona.

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