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Advogados pela Democracia pedem a faculdade canadense que não dê prêmio à Lava-Jato

Força-tarefa da operação é uma das três finalistas ao prêmio Allard. Em carta aberta, grupo também pede ao jornalista Glenn Greenwald, que fará o discurso de abertura, que desista de participar

Os homens da força-tarefa da Lava-Jato. Foto: divulgação/MPF
Da Redação
05 de setembro de 2017, 15h58

Considerado um dos maiores reconhecimentos no mundo de esforços no combate à corrupção e na defesa dos direitos humanos, o prêmio Allard anunciou em julho ter escolhido a força-tarefa da operação Lava-Jato entre os três finalistas deste ano. Concedido pela faculdade de Direito Peter A. Allard, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, o prêmio, no valor de 100 mil dólares canadenses, será disputado entre os brasileiros, Khadija Ismayilova, uma jornalista do Azerbaijão, e a advogada feminista egípcia Azza Soliman.

O anúncio do vencedor e a cerimônia de entrega irá acontecer em 28 de setembro, mas a nomeação já está causando protestos. O Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, coletivo surgido durante o golpe contra Dilma Rousseff, vai divulgar nos próximos dias uma carta pedindo à entidade que retire a Lava-Jato dos finalistas ao prêmio. “Excluam a referida candidata dentre as indicadas e corrijam, a tempo, esse terrível equívoco”, diz a carta. “Ainda que a Força Tarefa da Operação Lava-Jato não venha a ser a vencedora, somente o fato de constar entre as indicadas, maculará inexoravelmente a credibilidade dessa tão conceituada entidade, perante toda a comunidade internacional que preza pelos Direitos Humanos.”

O Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, coletivo surgido durante o golpe contra Dilma, vai divulgar uma carta pedindo à Allard que exclua a Lava-Jato dos finalistas

O texto aponta, sobretudo, as falhas no processo de condenação do ex-presidente Lula, apontado pela entidade como uma das razões para a indicação da operação ao prêmio. “A excepcionalidade da decisão que condenou o ex-presidente Lula sem provas é tão grande que provocou uma reação inédita de mais de uma centena de advogados e advogados, de todas as matizes ideológicas, que denunciaram em uma obra conjunta as ilegalidades e os problemas da decisão que condenou o ex-presidente Lula”, dizem os advogados.

Há críticas também às prisões provisórias alongadas para favorecer as delações, o vazamento ilegal de escutas telefônicas particulares, como aconteceu com Marisa Lula, e o uso de provas ilícitas. A carta é assinada por 13 advogados e juristas, entre eles o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, o ex-presidente da OAB, Marcelo Lavenère, e a professora Beatriz Vargas Ramos, da UnB, além do escritor Fernando Morais.

Uma segunda carta é endereçada ao jornalista Glenn Greenwald, um dos criadores do site Intercept. Greenwald aceitou o convite da faculdade canadense para fazer o discurso de abertura na cerimônia de entrega do prêmio antes de saber que a Lava-Jato seria uma das finalistas. Na carta, os advogados pedem ao jornalista que “se abstenha” de discursar, “para mostrar ao mundo o golpe, criteriosamente injetado pela mídia e perpetrado pelo Poder Judiciário no Brasil, através da Operação Lava-Jato”.

Greenwald ainda não se pronunciou, mas certamente será mais curioso vê-lo fazer uma palestra diante dos procuradores da Lava-Jato do que convencê-lo a desistir.

 

 


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ana s. em 05/09/2017 - 16h31 comentou:

Sei não. Gosto de Greenwald, mas ele é meio ambíguo em relação à Lava Jato por causa dos vínculos que mantém com a corrente de Luciana Genro no Psol. O marido dele, que é vereador pelo Psol, faz parte desse tal de “Juntos”, um pessoal que não vê nenhuma diferença entre os governos do PT e o governo do golpe. São cegos, né? Quando não batem palmas pra Lava Jato, são absolutamente omissos em relação a suas arbitrariedades.

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Dirceu em 05/09/2017 - 17h52 comentou:

Chamar de “golpe” o que aconteceu neste país é muito pouco. Quando instituições sagradas são atacadas, nós chamamos de BLASFÊMIA! O que fizeram com o PT e com nosso pai Lula é algo imperdoável, vil, asqueroso, chocante.
Esta tal Lava-Jato é apenas parte do programa fascista neoliberal que ataca os direitos do povo, das mulheres, da comunidade LGBT e dos quilombolas. Derrubar uma presidenta honesta e eleita democraticamente foi só o primeiro passo desta gente que trabalha em nome da agenda imperialista. Todo o progresso que conquistamos está sendo perdido, fomos do céu ao inferno em questão de dois anos.
Admiro a luta de nossos companheiros, membros ativos da militância e dos valorosos coletivos que continuam a empunhar com fé a bandeira vermelha que fez deste país o melhor do mundo por mais de uma década. Agora só nos resta lamentar pelo estrago causado pelos paneleiros golpistas orquestrados pela mídia e pelo pato amarelo da FIESP. Uma pena.

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    Carlos Batista em 06/09/2017 - 13h11 comentou:

    “Nosso pai Lula”? Pelo amor de Deus! É por causa de pessoas como você que cada vez mais ele se comporta como um caudilho da pior espécie. Na verdade falta muito, mas muito pouco para que Lula entre na mesma infame galeria onde estão Trujillo, Somoza, Perón e Getulio Vargas.

Tania Mandarino em 07/09/2017 - 18h17 comentou:

Manter aprisionado para obter delação com roteiro previamente entregue nas mãos do prisioneiro a fim de que afirme seja lá o que for, em troca de sua liberdade, o maior Bem da Vida depois da própria Vida que sabe-se lá se também não se ameaça em caso de não satisfeitos “pactos de sangue” propostos pelo próprio Estado Juiz, é a repugnante forma de tortura que, ao que tudo indica, vem sendo utilizada nos últimos tempos.

O Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia repudia veementemente toda forma de tortura e denúncia a prática de Lawfare contra o Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em processo judicial utilizado com o claro intuito de perseguição política.

#pareogolpenoBrasil

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Flavio Marcio em 11/09/2017 - 09h24 comentou:

A que ponto as ideias dominantes – que são sempre a da classe dominante – chegaram: a de nos obrigar a torcer por juiz!
No futebol como na vida, de um juiz a gente deve esperar só que seja justo. Torcemos por um time, por uma causa, por um partido, e jamais por um juiz. Mas, com o auxílio luxuoso da mídia comercial, temos sido forçado a torcer por um juiz, cujo revanchismo é patológico. Não, não torço por juiz! E denuncio jogo roubado em que o time adversário conta com juiz, polícia e mídia pra ganhar “na lei ou no Moro”!

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Marcio em 11/09/2017 - 12h04 comentou:

Mudando de assunto viu que Janot foi chantageado? Já que o cheque mate q ele tentou dar nos golpistas Aecio/Temer não deu certo ameacaram ele com encontro com advogado do Joesley e possível prisão/delação do ex procurador que atingiria ele, então ele fez aquela denúncia estilo Lava Jato (sem provas de nada, apenas com base em ilações de delatores) taxando PT como quadrilha colocando no meio inclusive a Dilma (ultra honesta igual ao Suplicy q em nome da ética prejudica até companheiros se necessário)!

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