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Nem só de maricas (cachimbos) de durepox vive a arte relacionada à cannabis sativa. Um leitor, ativista pela legalização da erva e membro do coletivo prensa420, me mandou algumas imagens que fez enfocando plantas, baseados e apetrechos relacionados ao consumo de maconha. Ele pretende fazer um livro de arte “maconhal”, digamos assim, destes que as […]

Cynara Menezes
28 de fevereiro de 2014, 20h09

(Só Uma Planta. Foto: dz/prensa20)

Nem só de maricas (cachimbos) de durepox vive a arte relacionada à cannabis sativa. Um leitor, ativista pela legalização da erva e membro do coletivo prensa420, me mandou algumas imagens que fez enfocando plantas, baseados e apetrechos relacionados ao consumo de maconha. Ele pretende fazer um livro de arte “maconhal”, digamos assim, destes que as pessoas exibem na sala de estar para as visitas folhearem, e está em busca de uma editora que se interesse pelo tema. Mas peraí: desde quando maconha é arte?

Bem, existem muitos escritos e depoimentos literários sobre a maconha –logo postarei alguns deles aqui–, mas a parte pictórica é de fato bem menos conhecida. No entanto, as folhas (e os efeitos) da cannabis serviram de fonte de inspiração para artistas desde os tempos mais remotos. Presume-se que o ser humano conhece a maconha e derivados, como o haxixe, pelo menos desde o ano 7000 A.C.. Sendo assim, é natural que as peculiares folhinhas apareçam em pinturas desde esta época.

A mais antiga representação da maconha na arte que encontrei é esta abaixo, do Japão no período neolítico (de 10.000 A.C. até 3.000 A.C.). As sementes de cânhamo foram largamente utilizadas na medicina tradicional japonesa (Kampo), onde também eram chamadas de machinin, Kaminin, ou taimanin. Se receitavam as sementes secas em forma de chá, para as afecções do estômago e do intestino.

(desenho japonês do período neolítico)

No mundo árabe, onde se popularizou a partir do século 11, o haxixe não era proibido por Maomé (570-632 D.C.), ao contrário do álcool. E usuários lânguidos, absolutamente chapados com seus narguilés, serviram de inspiração para muitos pintores europeus.

(O Sonho do Eunuco, Lecomte du Nouy, 1874)

(A fumadora de haxixe, Emile Bernard, 1900)

Mas ocidentais também foram retratados em priscas eras viajando com seus cachimbinhos.

(Os fumadores de haxixe. Honoré Daumier, 1845)

Achei até esta incrível pin-up maconheira do livro de pulp-fiction Marijuana Girl, de 1951, escrito pelo norte-americano Robert Campbell Bragg sob o pseudônimo N.R. de Mexico. A arte da capa, de 1960, virou um pôster famoso e disputado.

(Arte do enigmático “Santos”, 1960)

Mais recentemente, o artista plástico norte-americano Jason Macier causou polêmica nos Estados Unidos (antes da atual fase legalize) com um retrato de Snoop Dogg feito com baseados, pontas e camarões de maconha. Eu achei que tem tudo a ver com o rapper, hein?

(Snoop Dogg, Jason Mecier, 2011)

E o brasileiro Fernando de la Rocque foi mais fundo e resolveu fazer uma série de retratos utilizando a fumaça da maconha como “tinta”. O que ele faz é basicamente dar um pega e soprar a fumaça sobre um estêncil com o desenho que quer realizar. Bem doido.

(A técnica de Fernando de la Rocque…)

(…e um dos seus trabalhos da série Blow Job, o auto-retrato Legal, de 2012)

Ou seja, meu leitor está certo: a maconha pode, sim, render um livro de arte muito interessante. Algum editor se habilita?

(Fumacinha. Foto: dz/prensa420)


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(23) comentários Escrever comentário

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Elias em 03/03/2014 - 08h26 comentou:

Morena não me leve a mal, mas para mim a utilização de drogas pela humanidade de maneira "lúdica" é mais um atestado que nossa espécie é extremamente atrasada, completamente burra, milhões de pessoas mortas por causa de todas as drogas mas mesmo assim não aprendem, maconha possui efeitos colaterais extremamente maléficos, existem estudos que indicam uma redução do QI de uma % grande de quem usa maconha precocemente. Apologia ao uso de drogas além de fomentar o crime que mata milhares de inocentes no Brasil ainda condena outros milhares ao vicio e a morte levando famílias inteiras para a destruição.

Responder

    Killamanjaro em 05/03/2014 - 18h31 comentou:

    a maconha nunca matou ninguem.

    Elias em 07/03/2014 - 00h11 comentou:

    Arma nenhuma tb nunca matou ninguém.

    Toni em 06/03/2014 - 20h43 comentou:

    Além de nunca ter matado alguém, estudos recentes derrubaram o mito que maconha mata neurônio ou reduz inteligência. A exploração de drogas por nossa espécie foi essencial para descobrir diversos medicamentos que prologam nossa expectativa de vida, portanto você e eu chegamos aqui por conta dessa curiosidade.

    Marcelo em 07/03/2014 - 03h24 comentou:

    Fumar maconha regularmente durante a adolescência reduz a capacidade intelectual de forma permanente na vida adulta, aponta uma pesquisa publicada nesta segunda-feira nos Estados Unidos.

    O levantamento comparou o quociente intelectual (QI) de mil neozelandeses aos 13 anos e aos 38, incluindo fumantes regulares de maconha e não usuários. Entre os usuários que começaram a fumar na adolescência — com o cérebro ainda em desenvolvimento — e continuaram com o hábito até a fase adulta, houve uma queda de oito pontos no QI. Já entre os não usuários, o QI subiu até um ponto. "Em média, o QI deve permanecer estável à medida que a pessoa envelhece", explica a responsável pela pesquisa Madeline Meier, psicóloga da Universidade de Duke.

    morenasol em 07/03/2014 - 12h19 comentou:

    este estudo a que você se refere foi desmentido.

    Che amante da vida. em 08/03/2014 - 04h27 comentou:

    Foi desmentido por Jah, sei, fala sério.

    Igor em 16/05/2014 - 16h05 comentou:

    Você disse tudo elias, PRECOCEMENTE.

herbo em 04/03/2014 - 10h46 comentou:

Vai fumar em Cuba pra ver o que te acontece!

Responder

    morenasol em 07/03/2014 - 12h20 comentou:

    "vai fumar em cuba" é o novo "vai morar em cuba". vocês não raciocinam, é impressionante a repetição da mesma frase. chega a dar dó, juro.

Marcelo em 04/03/2014 - 20h42 comentou:

O numero de jovens mortos devido ao trafico de drogas aumentou em todo Brasil mais de 500%, mas diferente do melhores países do mundo, o Brasil um país mergulhado na violência onde o povo é morto que nem baratas todo santo dia por criminosos defendidos pelo estado, temos textos falando bem de drogas!!!!

Responder

    Fernando em 06/03/2014 - 13h39 comentou:

    Não é a maconha que faz o povo ser morto que nem baratas e sim a retrógrada criminalização de uma planta usada desde 7000 A.C., praticada por um governo interessado na manutenção da 'guerra às drogas'.

Le Zurett em 04/03/2014 - 22h28 comentou:

Querida Cynara,
adorei estas lindas imagens. E como sou do mundo da musica, vou recomendar uma pra ilustrar, tipo trilha sonora, se me permite: "Back in our minds" (como na minha cidade chamamos baseado de beck, o som é igual…) do album Maggot brain da banda Funkadelic do "doido" George Clinton

Responder

    Marcelo em 07/03/2014 - 03h32 comentou:

    A guerra as drogas sempre vai existir, pois traficantes são criminosos obviamente, oras irão produzir e trazer drogas novas todo o tempo, querem dinheiro que se dane a sociedade, mesmo com a regulamentação estatal de todas as drogas muitos drogados irão comprar dos traficantes pelo simples fato de provavelmente pagarem mais barato se importam com seu vício apenas e não com a sociedade em geral, são completamente hipócritas, os responsáveis irão se dopar legalmente mas eu tenho quase certeza que esses são minoria, novas drogas como disse anteriormente serão criadas, basta ver o mercado sintético a quantidade de novas drogas criadas, nem existem leis para combater essas novas drogas, Cingapura nesse quesito tem a total razão o combate essa desconstrução social tem que ser feroz a população tem que entender com o bem esta diário da civilização que aquilo realmente é correto.
    Como nossa situação é uma sociedade falida um organismo morto, nesse cenário a regulamentação é um passo para depois a conscientização pesada dos malefícios das drogas virem e depois talvez uma nova criminalização com uma sociedade altamente educada, mas isso se ocorrer vai demorar séculos.

Berlota em 05/03/2014 - 13h17 comentou:

Pessoas morrem… Crime organizado… Apologia ao uso de drogas…
Porque toda discussão sobre a qual subgrupo de substâncias a maconha deve pertencer tem que partir desses dogmas?

Responder

Quixote do Sertão em 05/03/2014 - 23h50 comentou:

É arte, é recreativo, é cerimonial, é uma planta de poder, um 'aliado' como diria o Dom Juan. Inspiremo-nos no Uruguai, procure se informar e legalize já!

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lh00 em 06/03/2014 - 00h26 comentou:

Interessante! Na série Roma, lembro de em algum momento um personagem fumar maconha com os demais convidados de uma orgia. É um hábito muito antigo, realmente.

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Carla em 06/03/2014 - 21h17 comentou:

Eu eu eu!!! Grande ideia!! Já tinha feito uns cliques aleatórios pra captar o clima de amizade entre conhecidos meus fumando maconha. Vou começar a separar as fotos pra fazer um livreto! 😀

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Che amante da vida. em 07/03/2014 - 04h15 comentou:

A solução do Brasil é o porte irrestrito de armas a todos os cidadãos civilizados que ainda existem no Brasil, com bairros inteiros bem armados a coisa vai mudar, bandidos já estão armados matando com impunidade completa, o porte de arma a todos brasileiro é muito mais importante que maconha legalizada, a população tem o direito de se defenderem.

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Bacellar em 09/03/2014 - 02h34 comentou:

Esse tema muito me interessa…

Sabem que quase fui processado pela arquidiocese carioca por causa desse inocente cartunzinho?
http://estudiotm.wordpress.com/2012/08/28/pot-in-

Responder

    morenasol em 09/03/2014 - 14h50 comentou:

    conta mais

    Bacellar em 09/03/2014 - 18h33 comentou:

    Claro SM. Em 2012 a organização da Marcha da Maconha Rio fez um pequeno concurso para escolher a capa do folheto a ser distribuído para os participantes. Mas chegando na data limite o material estava… Como posso dizer…Meio ralo. Como o prazo apertou pra garantir um flyer legal um amigo meu carioca da organização me pediu que fizesse uma ilustração e mandasse pra eles. Na pressa fiz esse "Cristo Bolador" uma ideia óbvia mas que eu sabia que funcionaria. O pessoal lá do Rio gostou porém ficou com medo de represálias dos conservadores, lembrando que em 2012 no ano anterior tinha havido repressão violenta na MM SP e o STF tinha acabado de julgar que as MMs não eram apologia ao crime, ou seja, todo mundo ressabiado. Por isso acabaram escolhendo outra ilustração. No meio desse processo, só Deus sabe como, a imagem vazou, e uma arquidiocesse do Rio ficou puta achando que estavam desrespeitando nosso senhor Jesus Cristo. Queriam processar organizadores e o pobre do desenhista. Felizmente o time de advogados do movimento é bom e os advogados da igreja desistiram da ação. Mas chegou a dar matéria em jornal na época "Marcha da Maconha quer fazer flyer polêmico" hehehe. Bom no fim de tudo a ilustração acabou sendo aproveitada por esse mesmo amigo carioca no evento "Pot in Rio" uma espécie de encontro anual de cultura cannábica. Virou troféu. Fica uma lição importante: As arquidiocesses brasileiras não tem muito oque fazer da vida. Hahaha.

Guilherme Scalzilli em 20/03/2014 - 15h02 comentou:

Por que é tão difícil legalizar a maconha?

Guilherme Scalzilli (*)

Existe um consenso mundial de que o proibicionismo antidrogas fracassou e deve ser substituído por outro paradigma jurídico. Também já está bastante claro que o novo modelo jamais logrará êxito enquanto não incluir a legalização da maconha, isto é, a venda controlada e a permissão para o cultivo doméstico. Essas medidas retirariam do crime organizado o monopólio sobre uma planta que, ao contrário de outras substâncias ilícitas, o cidadão pode produzir a custo irrisório. Sem pagar um centavo a bandidos.

Só a perspectiva de reduzir os ganhos do tráfico deveria bastar para que a sociedade brasileira se mobilizasse em torno da questão. Acrescentando-lhe os desdobramentos positivos na área criminal (maior eficácia no combate à violência, alívio do sistema carcerário e da corrupção fardada), a causa ganha força inquestionável, dispensando os muitos alicerces filosóficos e doutrinários que a justificam.

Mas então de onde vem a curiosa antipatia que os nossos legisladores parecem nutrir por uma planta de uso disseminado, utilidades múltiplas e cultura milenar?

Primeiro do estigma criado pela propaganda estadunidense na eficaz demonização da maconha que se seguiu ao fim da Lei Seca e justificou décadas de programas intervencionistas de Washington na América Latina. Esse repertório de preconceitos foi assimilado e difundido com tamanha credulidade ao longo dos anos que sobrevive no comentarismo da imprensa até hoje.

Em segundo lugar vem a conveniência ideológica das autoridades políticas e da mídia que as apóia. A ilicitude de um produto consumido por milhões de pessoas ajuda a perpetuar as simplificações que atenuam a imagem do colapso das políticas de Segurança Pública. Além disso, a mitologia negativa dos entorpecentes compõe um leque mais amplo de princípios conservadores baseados no cerceamento dos direitos individuais e na criminalização da vida cotidiana.

Terceiro, e mais importante, porque o acesso legalizado à planta prejudicaria diversos interesses comerciais, principalmente os da indústria farmacêutica. Para entender esse impacto, basta consultar as muitas pesquisas sobre as propriedades medicinais da maconha e seu uso terapêutico em casos clínicos tratados por medicamentos onerosos e amiúde causadores de efeitos colaterais indesejáveis.

É fácil imaginar as fortunas que deixariam de fluir aos cofres dos laboratórios se os pacientes pudessem usar um remédio natural que ameniza inapetência, dor, náusea, insônia, depressão, ansiedade e até o vício químico em drogas letais. Que ninguém estranhe, portanto, o ressurgimento periódico de artigos e declarações de certos especialistas usando argumentos pseudocientíficos e dogmáticos que contrariam até as diretrizes de organismos internacionais voltados ao tema.

A prova de que esses profissionais seguem uma agenda suspeita é a insistência em reduzir o debate aos supostos malefícios da planta. Como se “fazer mal” fosse critério para proibir qualquer produto de uso cotidiano, começando pela química obscura dos próprios remédios. Como se a “perda temporária da memória de curto prazo” ou a “dependência psicológica eventual” estivessem de fato na origem de uma legislação inútil, dispendiosa e socialmente nociva.

A revisão do novo Código Penal representa uma chance histórica para o país abandonar essa excrescência, renegada inclusive nos EUA, seus maiores patrocinadores históricos. Tudo leva a crer, porém, que os juristas e parlamentares desperdiçarão a oportunidade, preservando o entulho repressor sob um verniz progressista, misturando abordagens igualmente punitivas para substâncias incomparáveis e apenas trocando a cadeia pelo tratamento psiquiátrico involuntário.

Afinal, é chique seguir os exemplos internacionais. Mas só os piores.

(*) Guilherme Scalzilli é historiador e escritor. Blog: http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/. Artigo orifginalmente publicado no Outras Palavras

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