Socialista Morena
Direitos Humanos

As origens elitistas e racistas do futebol, por Mário Rodrigues (o irmão de Nelson)

Uma das razões pelas quais não concordo com o epíteto de “reacionário” que a direitosa adotou como verdade absoluta para se referir a Nelson Rodrigues (1912-1980), sem nunca tê-lo lido, é seu pioneirismo na denúncia ao racismo velado brasileiro. Amigo de Abdias do Nascimento (1914-2011), autor de Anjo Negro, uma tragédia sobre o racismo, Nelson […]

Carlos Alberto, o "pó-de-arroz"
Cynara Menezes
01 de julho de 2014, 19h15

Uma das razões pelas quais não concordo com o epíteto de “reacionário” que a direitosa adotou como verdade absoluta para se referir a Nelson Rodrigues (1912-1980), sem nunca tê-lo lido, é seu pioneirismo na denúncia ao racismo velado brasileiro. Amigo de Abdias do Nascimento (1914-2011), autor de Anjo Negro, uma tragédia sobre o racismo, Nelson questionava o mito da “democracia racial” e se indignava com o preconceito contra os negros em nosso País. “Nos Estados Unidos o negro é caçado a pauladas e incendiado com gasolina. Mas no Brasil é pior: ele é humilhado até as últimas consequências”, dizia. Vamos combinar que não tem absolutamente nada a ver com gente que defende que “não existe racismo no Brasil”.

O irmão de Nelson, Mário Rodrigues Filho (1908-1966), considerado um dos maiores jornalistas esportivos de todos os tempos (o Maracanã leva seu nome), também denunciou o racismo em um grande clássico, O Negro no Futebol Brasileiro. No livro, reeditado pela Mauad há dois anos, Mário Filho conta como, de esporte de ricos descendente de ingleses, o futebol se transformou na diversão de meninos pretos e pobres que se tornariam os grandes craques da bola até hoje. Malvistos pela torcida grã-fina, muitos atletas negros tentavam inclusive disfarçar a origem, alisando os cabelos e apelando à maquiagem para clarear a pele. Em 1921, o presidente Epitácio Pessoa “recomendou” que a seleção não convocasse negros, e até 1952 havia times no Brasil que não aceitavam “pessoas de cor”.

Mesmo na Inglaterra, onde surgiu, o futebol era jogado nas escolas frequentadas pela aristocracia. Suas regras foram feitas nestes colégios e só daí passaram a ser aplicadas no esporte que já se praticava nas ruas, pela classe operária. Rapidamente a burguesia agiria para transformá-lo em “ópio do povo”. Segundo Roberto Ramos em Futebol: Ideologia do Poder, “os burgueses descobriram o futebol como meio de despolitização dos trabalhadores na década de 1860. As massas do proletariado industrial começaram a interessar-se por este esporte. Os empresários ingleses aproveitaram a oportunidade. Fomentaram o seu desenvolvimento. O objetivo era claro. Eles precisavam manter os operários à margem da atividade política dentro de suas organizações de classe”.

Ou seja, a elite branca que ocupa os estádios brasileiros nesta Copa do Mundo era de fato a “dona da bola” no começo, tanto aqui como na terra natal do futebol. Charles Miller (nome da praça onde fica o Pacaembu), o filho de ingleses que teria trazido a primeira bola de futebol para o Brasil em 1894, apresentou o esporte à elite paulista. Os clubes de ingleses do Rio de Janeiro disputam com Miller a primazia: em 1874, 20 anos antes de Miller ter chegado com a tal bola, já haveria jogos de futebol na orla carioca. No princípio, existia uma separação oficial entre os times dos ricos e os dos pobres, mas do nome do jogo às posições dos atletas em campo, todos os termos eram em inglês. Mário Filho conta tudo.

Este DNA racista e elitista do futebol, a meu ver, pode explicar o porquê de tantos jogadores negros ainda serem alvo de preconceito. No esporte “bretão”, “branco”, os negros eram bem-vindos para jogar bola, mas não para frequentar as dependências e festas dos clubes que os contratavam, como ocorria com qualquer empregado. Não me parece muito diferente do que acontece atualmente: enquanto o jogador negro, regiamente pago, faz gols, é bem tratado e festejado. Basta cometer algum erro, porém, que a cor de sua pele vem à tona, como nos episódios recentes em que atletas foram insultados, chamados de “macacos”, e bananas foram atiradas no campo.

Vale a pena ler o livro de Mário Filho. Outra editora de São Paulo, a Ex Machina, lançou neste ano da Copa As Coisas Incríveis do Futebol: as Melhores Crônicas de Mário Filho. Imperdível para quem gosta de futebol ou não. Leia abaixo os trechos de O Negro no Futebol Brasileiro que compilei sobre os primórdios do esporte.

***

(O mulato Arthur Friedenreich)

O mulato Arthur Friedenreich

O Negro no Futebol Brasileiro

Por Mário Rodrigues Filho

O futebol importado, made in England, tinha de ser traduzido. E enquanto não se traduzisse e se abrasileirasse, quem gostasse dele precisava familiarizar-se com os nomes ingleses. De jogadores, de tudo. Em campo um jogador que se prezasse tinha de falar em inglês. Ou melhor: gritar em inglês.

O repertório do capitão do time, justamente quem gritava mais em campo, precisava ser vasto. Quando um jogador do seu time estava com a bola e outro corria para tomá-la, tinha de avisar: ‘man on you’. Quando o outro time atacava e ele precisava chamar seus jogadores lá na frente, a senha era: ‘come back forwards’. E havia ‘take you man’ e havia mais. Onze posições de jogadores num time: goalkeeper, fullback-right, fullback-left, halfbeck-right, center-half, halfback-left, winger-right, inside-right, center-forward, inside-left e winger-left.

O juiz era o referee, transformado em referi ou refe, o bandeirinha era o linesman, e por aí afora.

***

Para alguém entrar no Fluminense tinha de ser, sem sombra de dúvida, de boa família. Se não, ficava de fora, feito os moleques do Retiro da Guanabara, célebre reduto de malandros e desordeiros.

Os moleques debruçavam-se na cerca de arame para ver os treinos, se a bola ia fora podiam correr atrás dela, dar um chute. Mas nada de demora. Se demorassem não levariam as malas dos jogadores, acabado o treino, até o bonde que passava na Rua das Laranjeiras.

(…)Não se tratava de só querer branco legítimo. Ninguém no Fluminense pensava em termos de cor, de raça. Se Joaquim Prado, winger-left do Paulistano, quer dizer, extrema-esquerda, preto, do ramo preto da família Prado, se transferisse para o Rio, seria recebido de braços abertos no Fluminense. Joaquim Prado era preto, mas era de família ilustre, rico, vivia nas melhores rodas.

(…)Por isso, quem ia a São Paulo jogar um match de futebol, voltava encantado com Joaquim Prado, sem reparar até, que ele era preto.

***

O que distinguia o Bangu do Botafogo, do Fluminense, era o operário. O Bangu, clube de fábrica, botava operários no time em pé de igualdade com os mestres ingleses. O Botafogo e o Fluminense, não, nem brincando, só gente fina. Foi a primeira distinção que se fez, entre clube grande e pequeno, um, o clube dos grandes, o outro, o clube dos pequenos.

***

(…)Os pretinhos, filhos da cozinheira, sabiam fazer bolas de meia, redondinhas, que saltavam.

Boas bolas, aquelas de meia, feitas pelos moleques. Podia se fazer com elas o que se quisesse. Até quebrar vridraças. Melhor do que as bolas de pelica dos meninos de boas famílias, muito leves, como balões de papel de seda, subindo com qualquer chutinho. As bolas de meia ficavam mais no chão. Quase presas ao pé, aperfeiçoando, nos moleques, o que se chamaria mais tarde, o domínio da bola. Da ‘esfera de couro’ de certos cronistas que não queriam escrever, em letras de forma, essa palavra tão corriqueira: bola.

Isso fazia quem era do remo, olhar mais por cima quem era do futebol. O futebol se vulgarizava, se alastrava como uma praga. Qualquer moleque, qualquer preto podia jogar futebol. No meio das ruas, nos terrenos baldios, onde se atirava lixo, nos capinzais. Basgtava arranjar uma bola de meia, de borracha, de couro. E fabricar um gol, com duas maletas de colégio, dois paletós bem dobrados, dois paralelepípedos, dois pedaços de pau.

Em todo canto um time, um clube. Time de garotos, de moleques, clubes de operários, de gente fina. Mas muito clube, clube demais.

No remo não havia esse perigo.

***

Valia a pena ser Fluminense, Botafogo, Flamengo, clube de brancos. Se aparecia um mulato, num deles, mesmo disfarçado, o branco pobre, o mulato, o preto da geral, eram os primeiros a reparar.

O caso de Carlos Alberto, do Fluminense. Tinha vindo do América, com os Mendonças, Marcos e Luís. Enquanto esteve no América, jogando no segundo time, quase ninguém reparou que ele era mulato. Também Carlos Alberto, no América, não quis passar por branco. No Fluminense foi para o primeiro time, ficou logo em exposição. Tinha de entrar em campo, correr para o lugar mais cheio de moças da arquibancada, parar um instante, levantar o braço, abrir a boca num hip, hip, hurrah.

Era o momento que Carlos Alberto mais temia. Preparava-se para ele, por isso mesmo, cuidadosamente, enchendo a cara de pó-de-arroz, ficando quase cinzento. não podia enganar ninguém, chamava até mais atenção. O cabelo de escadinha ficava mais escadinha, emoldurando o rosto, cinzento de tanto pó-de-arroz.

Quando o Fluminense ia jogar com o América, a torcida de Campos Sales caía em cima de Carlos Alberto:

– Pó de arroz! Pó de arroz!

A torcida do Fluminense procurava esquecer de que Carlos Alberto era mulato. Um bom rapaz, muito fino.

***

Friedenreich, de olhos verdes, um leve tom de azeitona no rosto moreno, podia passar se não fosse o cabelo. O cabelo farto mas duro, rebelde. Friedenreich levava, pelo menos, meia hora, amansando o cabelo.

Primeiro untava o cabelo de brilhantina. Depois, com o pente, puxava o cabelo para trás. O cabelo não cedendo ao pente, não se deitando na cabeça, querendo se levantar. Friedenreich tinha de puxar o pente com força, para trás, com a mão livre segurar o cabelo. Senão ele não ficava colado na cabeça, como uma carapuça.

O pente, a mão não bastavam. Era preciso amarrar a cabeça com uma toalha, fazer da toalha um turbante e enterrá-lo na cabeça. E ficar esperando que o cabelo assentasse.

Levava tempo. Embora principiasse quando estava jogando o segundo time, só terminava quase na hora da saída do jogo do primeiro time. O juiz impaciente, ameaçando começar a partida sem Friedenreich, e Friedenreich lá dentro, no vestiário, a toalha amarrada na cabeça, esperando, ainda desconfiado de que não chegara a hora de tirar o turbante.

***

O Fluminense, cansado de perder campeonatos, tornou-se um pioneiro de profissionalismo. Com o profissionalismo, ele lutaria em igualdade de condições com os outros clubes. (…)E poderia formar um grande time, capaz de levantar campeonatos, indo buscar jogadores nos clubes pequenos, nos subúrbios, nos Estados, fosse onde fosse, brancos, mulatos e pretos.

Porque com o profissionalismo não fazia mal o Fluminense botar um mulato, um preto no time, contanto que fosse um grande jogador. Melhor branco. Mulato ou preto, só grande jogador.

(…)O preto jogava, ajudava o Fluminense a vencer, acabado o jogo, mudava de roupa, ia embora. Não havia perigo do preto frequentar a sede, aparecer numa soirée, num baile de gala do Fluminense. O jogador profissional, branco, mulato ou preto, era um empregado do clube. O clube pagava, toma lá, dá cá. O jogador ficava no seu lugar, mais no seu lugar do que nunca.

Naturalmente, entre o preto e o branco, o Fluminense tinha de preferir o branco. Se fosse possível um time só de brancos, melhor. E talvez fosse possível. Não faltava bom jogador branco. Se não fosse possível um time só de branco, botava-se um preto, dois, nada de abusar.

***

As vaias, o torcedor do Fluminense aguentava. Para isso tinha seu clássico ‘uh! uh!’. Não aguentava era o ‘pó-de-arroz’. Um grito de ‘pó-de-arroz’ partia de lá, um grito de ‘pó-de-carvão’ partia de cá. O torcedor do Fluminense dizendo que preferia ser ‘pó-de-arroz’ a ser ‘pó-de-carvão’. Podia preferir, mas se ofendia com aquele ‘pó-de-arroz’.

O torcedor do Flamengo, não, nem se importava com o ‘pó-de-carvão’. Orgulhava-se dos pretos que vestiam a camisa rubro-negra. Até mesmo dos que tinham sido escorraçados dos outros clubes, como Leônidas.

Ninguém queria Leônidas, o Flamengo queria.


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(43) comentários Escrever comentário

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Lenir Vicente em 02/07/2014 - 00h39 comentou:

E do grande "Diamante Negro", chegamos a Pelé: o Rei do futebol, como o reverenciou Nelson Rodrigues. E a marca do craque, e dos mais de mil gols, o colocaram no panteão do maior atleta do século XX. Um negro brasileiro. Cresci vendo meus irmãos e amigos jogarem futebol na praça com bola feita de meia velha. Amigos, brancos, amigos pretos, até amarelos. Não havia distinção. "Tá faltando um pra completar o time. Quer jogar no meu lado?" Ás vezes, sobrava pra nós , meninas, um lugarzinho no fundo . Pra nosso deleite. Estão nas crianças a esperança de que um dia essa "paixão "que é capaz de unir o planeta terra , como vemos agora na Copa, volte a ter o encantamento dos dias em que eu era menina , a bola era de meia velha e até eu entrava no jogo. Excelente postagem ,Cynara! Valeu rememorar a história do esporte mais agregador do mundo. Quem sabe um dia esse quadro de intolerância que vemos hoje não mude? E dar as mãos seja uma prática de todos, jogadores e torcedores, tornando o jogo mais bonito do que ele já é.

Responder

flaliman em 02/07/2014 - 01h21 comentou:

Deixa eu ver se entendi, Nelson Rodrigues que odiava o socialismo, não pode ser considerado reacionário ( que por sinal se considerava um) simplesmente por denunciar o racismo no Brasil?! tem certeza que eu li isso?!

FRAUDE INTELECTUAL NÍVEL MAXIMO DETECTADO!!!

Responder

    Gustavo em 02/07/2014 - 15h00 comentou:

    Pois é, é o tal do monopólio das virtudes, quando pessoas que só enxergam o mundo entra "nós x eles" acreditam que só o seu grupo é capaz de tais atos virtuosos. Um "reacionário" sempre é xenófobo, escravagista, racista, nazifacista e etc.. Um exemplo interessante é notar que nos Estados Unidos, Abraham Lincoln defendia o fim da escravidão e ele era do partido replubicano (seria considerado "reacionário").

    Vander em 03/07/2014 - 15h44 comentou:

    Reacionário não é quem teme ou odeia o socialismo, isso se chama bolchefobia.
    Reacionário é alguém se posiciona a favor da manutenção do status quo. O movimento negro desde a abolição da escravatura é revolucionário. O reacionário como diz o nome, se opõe a mudanças e por consequência a qualquer revolução.
    É justamente um raciocínio binário (esse sim fraude intelectual) que reduz termos ao seu bel prazer.

    Carolina em 05/07/2014 - 03h02 comentou:

    Mas é fraude, sim, dizer que a "direitosa" (direita política, evidentemente) cunhou o epíteto de reacionário para Nelson Rodrigues. O epíteto surgiu da esquerda, graças à sua notória antipatia da "esquerda festiva", à sua expressa concordância com o golpe de 1964 e às suas frases provocativas, entre as quais "Marx é uma besta", dita em resposta à indagação sobre quais seriam as suas últimas palavras.

    Gustavo em 07/07/2014 - 02h41 comentou:

    Nelson Rodrigues nunca rejeitou o termo. “Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta” (Nelson Rodrigues). http://vicentealencar.blogspot.com.br/2014/01/fra

    morenasol em 07/07/2014 - 13h17 comentou:

    rejeitou, sim. "digo que sou reacionário e acreditam. será que vou ter de pôr uma placa explicando: ‘é piada’? sou, profundamente, um libertário" nelson rodrigues

    Gustavo em 07/07/2014 - 02h39 comentou:

    Reacionário seria aquele que se opõe a mudanças radicais as quais não se tem certeza sobre os efeitos positivos dessa revolução. Não confundamos defensores da escravidão, no século XIX, com reacionários. E o reacionário se opõe a revoluções por acreditar que, é melhor realizar mudanças por democráticos, por exemplo, e não luta armada, como defendem alguns revolucionários. O reacionário acredita em transição pacífica e o revolucionário em mudanças abruptas.

Luis CPPrudente em 02/07/2014 - 02h15 comentou:

Na Copa das Copas o negro não tem vez, o pobre não tem vez, o torcedor que frequenta os estádios nos campeonatos regionais e no brasileirinho da famiglia Marinho não tem vez. O ingresso para a Copa é muito caro, acessível somente para os frequentadores das sociais do Fluminense e Botafogo da época de Mário Filho.

Responder

    Gustavo em 07/07/2014 - 02h43 comentou:

    Isso significaria dizer que todo o investimento realizado pelo governo petista, que é de esquerda, seria apenas para beneficiar a suposta "elite branca". Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, vai contra essa tese. http://oglobo.globo.com/brasil/gilberto-carvalho-

    Luis CPPrudente em 08/07/2014 - 12h54 comentou:

    Isto que eu escrevi não significa "que todo o investimento realizado pelo governo petista, que é de esquerda, seria apenas para beneficiar a suposta "elite branca"." Significa dizer que os preços dos ingressos para os jogos da Copa do Mundo estão fora da realidade da maioria dos brasileiros. Os investimentos para a Copa do Mundo realizados pelo governo petista beneficiam todas as classes sociais na questão mobilidade. Já os demais investimentos do governo petista beneficia as classes sociais mais necessitadas, a classe média (e a parcela da classe mérdia e burra), a indústria, a agricultura e o comércio. Qual trabalhador vai gastar mil reais ou mais para assistir aos jogos do Brasil na Copa? Eu não gasto nem cem reais para ver o meu Santos Futebol Clube jogar pelo brasileirinho, imagina gastar mais de mil reais para ver o jogo da seleção num estádio. Isto é coisa mesmo para a "elite branca", para setores da classe média mais abastada e para os frequentadores das sociais do Fluminense e Botafogo das épocas citadas pelo Mário Filho.

    Luis CPPrudente em 08/07/2014 - 21h05 comentou:

    Gustavo, a tal da "elite branca" está presente no Mineirão, ela e a classe mérdia voltaram a gritar: Dilma VTNC! A seleção brasileira perde de cinco a zero para a Alemanha, apenas no primeiro tempo, e a "elite branca" e a classe mérdia e burra grita contra a Dilma, pois foi a Dilma que convocou a seleção brasileira, é a Dilma que comanda e treina a seleção brasileira, é a Dilma a culpada da nossa seleção perder o jogo (o segundo tempo do jogo já começou, será que a goleada será maior?).

Robert Moog em 02/07/2014 - 14h23 comentou:

Sra Cynara, quando não tiver conhecimento de um assunto, não emita sua opinião tendenciosa sobre o mesmo…. Você se baseia em um único livro como a única fonte da verdade… Sério que você aprendeu na faculdade que é assim que se faz jornalismo???
Pra começar, quando o futebol chegou ao Brasil era praticado pelos trabalhadores ingleses que construíam as ferrovias por aqui…. Ou seja, em solo brasileiro o futebol nasceu dos pés de operários e não da "elite paulista"…
Além disso, qualquer jogador é criticado por sua qualidade como esportista e não por sua cor…. Você acha que um negro errar uma jogada tem mais peso do que um branco sem habilidade….??? Mais uma vez eu digo, não opine sobre algo que você não conhece, não acompanha…. O rei do futebol é branco, né??? Olha que racismo… Esse discurso de vitimização da esquerda já deu no saco, viu…..

Responder

    João Paulo em 03/07/2014 - 15h52 comentou:

    Mas que postura de dono da verdade essa! É bem direita mesmo. Vem aqui para desqualificar a autora, e nem ao menos discorda respeitosamente. Esse é que é antidemocrático. Ora se não gosta porque vem aqui?
    Está certo que os primeiros jogadores foram operários ingleses, mas foi por isso mesmo que a elite adotou o futebol.
    O campeonato sul-americano de 1919 foi um acontecimento social, nas Laranjeiras. Só a elite compareceu para ver o jogo em que o Brasil derrotou o Uruguai com um gol de Friedenreich na prorrogação. Só rapazes e moças da alta sociedade foram ver a partida, vestidos a rigor como para uma recepção social.
    Interessante! O que era europeu era sempre bem vindo. A educação física da elite era pelo método Kneip, corrida antes do jejum. Está nas memórias do Armando Vidal Leite Ribeiro. (Família Vidal Leite Ribeiro, genealogia e reminiscências). Já a capoeira, desporto dos negros, não podia. Era proibido e a Polícia reprimia não só a capoeira, como o candomblé e as rodas de samba. Tudo isso era proibido.

    Gustavo em 07/07/2014 - 02h27 comentou:

    João Paulo, a elite pode ter adotado o futebol, como você diz, mas isso não impediu pessoas pobres e negras de continuarem jogando. Assim como não impediu outras atividades como a capoeira, candomblé e as rodas de samba. Com o tempo, eles conseguiram o seu lugar graças ao seu talento. E como foi dito, a capoeira seria o desporto dos negros, isso seria preconceito contra os brancos? Deveríamos exigir que brancos fossem inseridos nesse e em outros esportes que tem presença massiva de negros?. Por favor, não vamos usar essa visão de que se alguém fala algo que não concordamos essa pessoa está, automaticamente, do outro lado do espectro ideológico. O nosso país tem uma história de miscigenação e integração, nosso passado tem erros terríveis, mas não vamos negar que realizamos progressos, também no futebol, em questões como essa. Ainda é possível encontrar algumas atitudes exageradas por parte dos torcedores, mas, não necessariamente, se trata de racismo. O futebol é um esporte, que como muitos outros, traz uma emoção enorme aos seus torcedores, em alguns casos, eles podem se exaltar e se utilizar de xingamentos e coisas do tipo; acredito eu, que isso se deve, como foi dito pelo Robert Moog, à performance do jogador, algo pessoal digamos assim, e não a classe, cor, religião ou qualquer outro tipo de definição mais geral que o jogador se encaixe.

Ursie em 02/07/2014 - 15h05 comentou:

Nesta Copa dizem que falta um grito original da torcida, na verdade, faltam os torcedores originais!!! Nesta Copa a discriminação foi com quem fez e faz o esporte: o verdadeiro torcedor. Afinal, com o preço elevado dos ingressos, quem foi ao estádio?!

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Sergio Luis Aguiar em 02/07/2014 - 16h19 comentou:

Meus parabéns por esse brilhante artigo. Voce Cynara, como sempre, primorosa tanto em seu blog como nas matérias da Carta Capita. Eu que adoro futebol e principalmente as histórias desse esporte, esse artigo mostra a razão de ser o esporte das multidões.

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Claudio Oliveira em 02/07/2014 - 18h44 comentou:

Impressionante como alguém é capaz de escrever um texto sobre racismo no futebol, falar sobre Botafogo, Flu e Fla e não falar no Vasco. No fim ainda destaca o racista Flamengo como "salvador" dos negros por querer o Leonidas. Vamos falar sério né? O Vasco já tinha negros e operários no time uns 30 anos antes do Leonidas chegar no Fla. Meu avô, inclusive, não pôde sequer fazer teste no Flamengo por ser negro e acabou jogando no Vasco. Bela porcaria esse artigo do Mário, como a maioria dos esquetes previsíveis do irmão dele.

Responder

    Luis Carlos Alves em 03/03/2015 - 00h48 comentou:

    Sim e digo mais,o Vasco foi o primeiro clube a ter um presidente não branco(Candinho),poucos anos depois da abolição da escravidão. E sobre a jornalista citar o Flamengo como "salvador",lembramos que ele(Flamengo),se dizia ser a mais fina flor da sociedade carioca,e o próprio Mário Filho detonou opiniões racistas contra o Vasco da Gama

Lenir Vicente em 02/07/2014 - 22h15 comentou:

Corrigindo o tempo do verbo : "está nas crianças a esperança"… desculpem. Tô sentindo um ranço de machismo em alguns comentários aqui?

Responder

Roberto em 03/07/2014 - 00h03 comentou:

O Fluminense nunca demonstrou preconceito ou pregou o racismo: leiam esta versão:

Em 1914, alguns jogadores do America se desligaram do clube da Tijuca e foram para o Fluminense (dentre eles, o lendário Marcos Carneiro de Mendonça, primeiro goleiro da Seleção Brasileira e posteriormente presidente do Fluminense).

Um dos atletas transferidos foi o mulato Carlos Alberto (sim, um mulato no "racista" Fluminense, antes ainda de o Vasco começar a jogar futebol, vejam só!). Carlos Alberto trouxe do America um costume curioso: passava pó-de-arroz no rosto antes das partidas. O motivo real não é consenso: a versão mais aceita é a de que ele tentava disfarçar a cor de sua pele, para se parecer mais com os outros futebolistas da época (quase todos, em todos os clubes, eram brancos).

O amigo Marcos Carneiro de Mendonça conta outra história (vídeo abaixo):
http://www.youtube.com/watch?v=6ctttUK2ar8

Em 13 de maio de 1914, no campo do Fluminense, jogavam o Tricolor e o America, e a torcida visitante provocou seu ex-atleta, gritando "pó-de-arroz" para ele. (O jogo terminou 1 a 1.) Com o passar dos anos, a torcida do Fluminense adotou o apelido, e o transformou em um dos símbolos do clube. Nos grandes jogos no Maracanã, nas décadas de 60 a 90, a recepção do time com o pó-de-arroz jogado nas arquibancadas sempre foi uma marca registrada da torcida tricolor.

Fonte: http://bit.ly/1mm1aDb

Responder

Gustavo Abreu em 03/07/2014 - 03h54 comentou:

Engraçado é que o Nelson Rodrigues tem diversos trechos falando mal dos líderes socialistas, do socialismo e dos esquerdistas.Como é o Nelson Rodrigues, não é "reaça"(como vc diz), mas se fosse um sujeito comum, seria.Essa é a maneira sua e de seus seguidores de pensar.

Responder

    morenasol em 03/07/2014 - 13h58 comentou:

    a questão é justamente essa: nem todo anti-socialista é reacionário. ser reacionário é ser carola, conservador, intolerante. tudo que nelson não era

    Adriano em 03/07/2014 - 15h16 comentou:

    Acredito que o Nelson se considerar um "reacionário" era mais no sentido de provocação.

    Mesmo na Esquerda há muita gente moralista e "caga-regra", apontando como o outro deve falar, agir e o que gostar e desgostar. E isso é um porre. Pessoas não são máquinas, nem tem de seguir manuais. Cada um é o que é.

    A posição politica do Nelson é um pensamento político, apenas isso. Discordar do Socialismo não o faz reacionário. O teor da obra dele e a perseguição que sofreu da burguesia (essa mesma que agora o idolatra) definitivamente o fazem um revolucionário.

    Nelson foi contra o establishment. Taxá-lo de reaça é desconhecer sua historia.

    morenasol em 03/07/2014 - 22h23 comentou:

    perfeito, adriano. é exatamente assim que vejo nelson. contra o que a esquerda pensa dele, inclusive. é certo que ele apoiou a ditadura (e se distanciou dela ao tomar conhecimento das torturas), mas reacionário ele nunca foi. não somos só nós que achamos isso: o biógrafo dele, ruy castro, e o crítico de teatro sábato magaldi também.

    Gustavo em 07/07/2014 - 02h48 comentou:

    Como eu disse acima, o próprio Nelson Rodrigues aceitou a cunha de reacionário. Em sua biografia é possível ver que ele detestava a esquerda e os seus "progressismos", mas acreditava que essas pessoas tinham a liberdade de expor sua opinião. http://vicentealencar.blogspot.com.br/2014/01/fra

    morenasol em 07/07/2014 - 13h17 comentou:

    "digo que sou reacionário e acreditam. será que vou ter de pôr uma placa explicando: ‘é piada’? sou, profundamente, um libertário" nelson rrodrigues

Marko em 03/07/2014 - 19h54 comentou:

Um livro q tb desmonta o mito d q o futebol teria sido introduzido no Brasil por Charles Miller, e mostra q o futebol já era antes praticado por aqui tanto nos colégios religiosos, como pelos empregados (brasileiros inclusos) das cias ferroviárias britânicas no Brasil, além do início da popularização no esporte à partir do interior paulista, se dever à iniciativa d um desses empregados, um escocês (popularização dada à revelia e contra a vontade d aristocratas como C.Miller); é o pequeno mas excelente "Visão do Jogo, Primórdios do Futebol no Brasil", d José Moraes dos Santos Neto pela Cosac & Naify.

Responder

Vicente João em 05/07/2014 - 00h56 comentou:

Quem teve pais comunistas, estudou com professores marxistas e se formou na USP , infelizmente já está em estado vegetativo. O que aconteceu com a USP foi um sucesso: transformaram jovens em marxistas acadêmicos que geram outros comunistas na velocidade que uma célula maligna se multiplica em um corpo (sistema) desprovido de sistema imunológico.
http://anticomunismo0.blogspot.co.uk

Responder

Silvio em 07/07/2014 - 14h36 comentou:

Morena. Dia 13 de Julho faz-se 25 anos da execução do Genral Ochoa pelo governo cubano.
Acho uma ótima data para você escrever uma matéria sobre isso.
Falo isso sem qualquer revanchismo político, apenas gostaria de ler um artigo seu sobre este episódio.

Responder

Ricardo B. em 07/07/2014 - 23h21 comentou:

Conclusão: O Fluminense, desde o nascedouro, é uma fraude vergonhosa.

Responder

Flavio Lima em 12/07/2014 - 17h42 comentou:

Oh Baiana, Baianinha boa! To com saudades de ler post novo… até Dorival ja teria conseguido fazer outro :))

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    morenasol em 13/07/2014 - 02h59 comentou:

    na verdade estou de férias, mas vou postar uma vezinha ainda, na segunda, prometo. e depois só em agosto ; )

Flavio Lima em 14/07/2014 - 13h29 comentou:

Então boas férias! Mas um postizinho virá a calhar!

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Carlos Eduardo Luz em 09/08/2014 - 17h52 comentou:

Como diria o Garrincha: Eles não bebem….não fumam…. e não jogam.

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luciene de paula em 03/11/2014 - 17h47 comentou:

bem complicado p mim e creio q meia dúzia d pessoas; ja assisti na globo uma novela q trouxe um pouco da história do futebol no Brasil e mostrou-nos exatamente o q diz esta cronica. De repente me aparece outra versão afinal em quem acredito?

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marcus vinicius em 16/03/2018 - 02h51 comentou:

antes de jogar no fluminense carlos alberto ja passava po de arroz atuando pelo américa
como disse marcos carneiro de mendonça e o fluminense teve jogador negro antes do carlos alberto, o nome dele era alfredo guimarães que jogou no flu em 1910

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marcus vinicius em 16/03/2018 - 02h55 comentou:

carlos alberto ja usava po de arroz antes do fluminense. mario filho é um grande mentiroso, pois ele passava pó de arroz atuando pelo américa

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marcus vinicius em 16/03/2018 - 03h00 comentou:

a rede globo esqueceu de falar que ele usava po de arroz no america e ele não fazia isso pra disfarçar a cor nada ele usava tipo uma loçao pós barba. A novela quer colocar o fluminense como vilão, mais foi no america que ele usou pó de arroz pela primeira vez

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Rodolpho em 25/06/2020 - 10h12 comentou:

Não citou o Vasco da Gama, primeiro clube campeão com negros e operários, e expulso da liga por esse mesmo motivo. Sem crédito para falar sobre o tema!

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ROGERIO ANTONIO FIGUEIREDO em 13/10/2021 - 11h05 comentou:

Colocar o Flamengo, um clube elitista e que contratou o Leônidas após este já ser um jogador famoso, como pioneiro contra o racismo é no mínimo ignorância. Nem seria necessário este triste episódio dos meninos mortos no tal “Ninho do Urubu” para demonstrar que este clube nada fez contra o racismo, em toda a sua medíocre história. No entanto senhores, sempre vai ter o apoio da mídia e de algum puxa saco de plantão, querendo ganhar popularidade com isso.

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    Cynara Menezes em 13/10/2021 - 11h32 comentou:

    O livro de Mário Rodrigues no qual está o texto que você está reclamando e que reproduzimos neste post é de 1947!

Iuri em 20/11/2023 - 10h47 comentou:

Esse livro do Mario Filho na verdade é uma grande palhaçada. Mario Filho era um flamenguista branco que popularizou essa mentira racista sobre o Carlos Alberto. A torcida do Fluminense tem orgulho da história do pó de arroz e os brancos e pretos da torcida fazem a festa do pó de arroz ser uma das festas de torcida mais bonitas do mundo, mesmo com tanta mentira em cima dela.
Recomendo o documentário “Herdeiros de Chico Guanabara”, feito por tricolores pretos em sua maioria. Todos odeiam Mario Filho, mentiroso sujo. kkkkkkkkk

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