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Câmara rejeita investigação contra Temer; panelas continuam mudas

Praticamente as mesmas caras-de-pau que apareceram gritando "Sim! Sim! Sim!" para aceitar a abertura de investigação contra Dilma em nome da "luta contra a corrupção", voltaram a repetir "Sim!" para livrar a cara de Temer

Quem quer dinheiro? Foto: Gilmar Felix/Câmara dos Deputados
Cynara Menezes
02 de agosto de 2017, 22h15

Foi um vexame e mais uma vez ao vivo, para o Brasil todo ver. Praticamente as mesmas caras-de-pau que apareceram, em maio do ano passado, gritando “Sim! Sim! Sim!” para aceitar a abertura de investigação da presidenta Dilma Rousseff em nome da “luta contra a corrupção”, voltaram a repetir “Sim!” para livrar a cara do presidente ilegítimo Michel Temer. Por 263 votos a 227, com duas abstenções e 19 ausentes, o relatório do deputado tucano Paulo Abi-Ackel que recomendava a rejeição da investigação foi aprovado e a denúncia, arquivada.

Apesar da posição do relator, o PSDB recomendou voto em favor da abertura de investigação contra Temer. Agora, os aliados do presidente cobram dos tucanos que larguem o osso, ou melhor, que deixem os cargos que ocupam no governo. Atualmente, as pastas de Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Cidades e Direitos Humanos. O PSDB ainda não se pronunciou a respeito. Como o relator era contra, sempre pode-se dizer que a posição não era unânime no partido. Afinal, dois dos ministros tucanos, Bruno Araújo, das Cidades, e Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, deixaram os cargos para votar a favor do chefe.

Não foram vistas pelo país manifestações verde-amarelas contra a manutenção de Temer no cargo, embora Dilma nunca tenha sido acusada de corrupção

Não foram vistas pelo país manifestações verde-amarelas contra a manutenção de Temer no cargo, embora Dilma nunca tenha sido acusada de corrupção. Aparentemente, os chamados paneleiros consideram cometer “pedaladas fiscais” para destinar recursos a programas sociais mais grave do que ser acusado de receber dinheiro vivo de empresário.

No plenário, em vez de bandeiras do Brasil e alusões às próprias famílias, o que se viu foi a repetição de palavras como “bem” (como em “cidadão de bem”, como os verde-amarelos costumam se definir) e “estabilidade econômica”. O deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), ao votar a favor de Temer, cometeu o ato falho do século: “não que isso signifique uma apologia à criminalidade”. Eram necessários 342 votos contra para que a investigação fosse autorizada.

Ao saber da notícia, Temer fez uma declaração comemorando a vitória “eloquente”, que disse não ser “pessoal”. “É uma conquista do estado democrático de direito, da força das instituições e da própria Constituição. Extrapolar o que a Constituição determina é violar a democracia. Todos devem obedecer à lei e à Constituição”, disse o presidente que assumiu o cargo após a destituição de uma presidenta eleita, sem que fosse provado crime de responsabilidade, como prevê a Carta.

Temer prometeu continuar com as “reformas”. “Faremos, com o apoio que a Câmara demonstrou, todas as demais reformas estruturantes que o país necessita”, disse.

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Gilson Luiz Euzébio em 03/08/2017 - 17h43 comentou:

Ao contrário do que disse o chefe, a decisão dos deputados mostrou claramente que as instituições nacionais não estão funcionando. Caso contrário, a chapa Dilma-Temer seria cassada no TSE. Mas não. O processo só valia contra a Dilma…
O pedido, rejeitado pela Câmara, para a investigação do STF foi a segunda chance desperdiçada de saída institucional para a crise política e econômica do Brasil.
Com a compra de votos com liberação de recursos e ninguém sabe o que mais, Temer continua no poder. Mas não terá paz: se não for cassado, passará o resto do mandato sob a pressão dos seus salvadores, que cobrarão até o último tostão.
Agora é esperar pelos novos processos.

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José Carlos de Abreu em 04/08/2017 - 10h40 comentou:

Gostei muito de seu novo blog (ou seria site?).
Vida longa guerreira.

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