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Com Macri, mais da metade das crianças argentinas estão na pobreza; 13,1% na miséria

A fórmula da direita neoliberal foi bem aplicada na Argentina: ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres

"Pobreza? Miséria? Onde?". Foto: Prensa Presidencial
Martín Fernández Lorenzo
02 de outubro de 2019, 12h47

É indiscutível que, em seu governo, o presidente neoliberal Mauricio Macri bateu todos os recordes –negativos. Nesta segunda-feira, 30 de setembro, o INDEC (Instituto Nacional de Estatística e Censos, o IBGE argentino) divulgou os novos dados sobre pobreza no país: 34,5% dos argentinos são pobres, sendo 7,7% indigentes. Os dados mais comoventes são os da população de zero a 14 anos: 52,6% são pobres; 13,1% estão em situação de miséria. Devastador.

É o nível mais alto de pobreza desde a crise de 2001, quando atingiu os 55%. O governo de Macri, que tomou o maior empréstimo que o FMI concedeu em sua história, recebeu de junho do ano passado a julho deste ano 44,5 bilhões de dólares dos 57 bilhões acordados, quase 80% do total. Mesmo com o empréstimo, em apenas um ano o governo aumentou a pobreza em 8,1%. Com uma inflação anual próxima ou até superior à do ano passado (47,6%, a maior dos últimos 27 anos), estima-se que o número total de pessoas pobres ao final de seu mandato alcance os 40%.

Em 2016, como todo governante de direita, Macri prometia exatamente o contrário: que iria reduzir a pobreza no país. “Quero e aceito ser avaliado se pudemos ou não reduzir a pobreza. Tudo o mais que podemos dizer são desculpas”, afirmou, iludindo os incautos.

Em sua última viagem à ONU, o presidente tentou desbloquear a última parcela do empréstimo Fundo, de 5,4 bilhões de dólares, que ele precisa urgentemente para dar um respiro ao Banco Central, que possui reservas brutas de 48 bilhões de dólares até o momento, isto é, nas reservas brutas existem passivos em dólares do BCRA que são contabilizados como reservas. Estes são os depósitos de reserva em dólares, empréstimos do Bank of Basilea e outras operações semelhantes.

Mesmo com o empréstimo bilionário do FMI, o maior da história, em apenas um ano o governo Macri aumentou a pobreza em 8,1%. Com uma inflação anual de 47,6%, a maior dos últimos 27 anos, estima-se que os pobres ao final de seu mandato alcancem os 40%

Mas o que realmente conta são as reservas líquidas, atualmente estimadas em 13 bilhões de dólares, que diminuem dia a dia para conter a subida do dólar, que permanece agora em 60 pesos. A desvalorização da moeda argentina nesses quase quatro anos de governo Macri foi de mais de 550%, por enquanto.

É difícil para o FMI enviar o último pedido desesperado de dinheiro. Por isso, se espera que Macri deixe um Banco Central completamente vazio, se não entrarmos primeiro em moratória, na qual já estamos tecnicamente.

Há rumores de que a recente visita de Miguel Ángel Pichetto, candidato a vice de Macri, a Jair Bolsonaro, foi para que o presidente brasileiro insista com Donald Trump, pedindo a tão desejada solicitação de desembolso. Estão desesperados. Se isso for verdade, a que ponto chegamos…

Enquanto o país está mergulhando na miséria, o presidente continua a todo vapor em sua campanha de reeleição que surrupiou o slogan de Barack Obama: “Sim, Nós Podemos”. O que nós, argentinos, não entendemos é o que é que “pode”: a fome? A miséria? A dívida? Quem sabe? A única certeza é que, em dezembro, quem poderá ir embora para sempre será ele.

Será avaliado por todos os números de sua gestão terrível e brutal: o pior presidente desde o retorno da democracia em 1983.

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Eduardo R Oliveira em 24/02/2021 - 08h53 comentou:

Os Hermano Argentinos que me perdoem,mas,como os Brasileiros,colhem o que plantaram! Quando Dilma se elegeu Presidente do Brasil pela esquerda Petista,fez uma colcha de retalhos com o PMDB,fazendo concessões a vários Partidos tanto de esquerda como de direita!! O resultado foi o pior possível,arrastando o Brasil para uma crise que colhemos os frutos até hoje… Assim também os Argentinos colocam no poder um Presidente de direita com uma Vice de esquerda fazendo uma colcha de retalhos!! Os Hermanos tem que cortar o mal pela raiz,parar de ter esperanças em velhas promessas do Peronismo!

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Charles Aparecido da Silva em 24/05/2021 - 19h38 comentou:

Chega ser piada um textos desses. A Argentina vem se tornando cada vez mais um pais de estado inchado e com gastos publico aumentando disparadamente. O ex-presidente Macri não transformou a Argentina em um pais liberal, o pais continuou sendo um pais gastador que controla preços e o cambio. Por que o dono do post nao apresenta esses mesmos dados mais atualizados sobre o governo do Alberto Fernández???

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