Socialista Morena
Mídia

Criador do twitter diz que as redes sociais estão idiotizando as pessoas

Um dos criadores do twitter, Evan Williams, disse esta semana que a eleição de Donald Trump comprova como as redes sociais "têm o poder de idiotizar as pessoas no mundo inteiro"

Steve Cutts
Da Redação
15 de setembro de 2017, 16h04

Um dos criadores do twitter, Evan Williams, disse esta semana que a eleição de Donald Trump comprova como as redes sociais “têm o poder de idiotizar as pessoas no mundo inteiro”. A declaração foi feita ao canal 4 da BBC, em uma entrevista onde Williams foi instado a explicar se a rede que criou, na qual Trump é viciado, teve um papel importante em sua eleição, como o próprio marido de Melania afirma. Parece incrível, mas o presidente dos Estados Unidos passa o dia tuitando e há quem tema que suas frases polêmicas (para dizer o mínimo) possam ser capazes de causar a terceira guerra mundial.

“A grande questão não é se o uso do twitter por Donald Trump levou à sua eleição, ainda que ele afirme isso, e sim se a qualidade de informação que nós consumimos está reforçando crenças perigosas, isolando as pessoas e limitando suas mentes e o respeito pela verdade”, disse Williams em declarações compiladas pelo jornal britânico The Guardian.

Em março deste ano, em entrevista ao apresentador da FOX News Tucker Carlson, Trump declarou: “Eu não estaria aqui se não fosse pelo twitter. O twitter possibilitou que eu pudesse mandar minhas mensagens. Com o twitter, facebook e instagram, atinjo 100 milhões de pessoas. Tenho meu próprio meio de comunicação”.

Williams, que já pediu desculpas pelo papel da rede que ajudou a criar na eleição de Trump, acrescentou: “Há um ecossistema midiático que é baseado e prospera em cima de atenção. E é isto o que está nos fazendo mais estúpidos e não mais inteligentes, e Donald Trump é um sintoma disto. Citar os tweets de Trump ou a última estupidez dita por algum político ou por alguém é uma maneira eficaz de explorar os instintos mais básicos das pessoas. É isto que está idiotizando o mundo inteiro.”

Uma das minhas maiores descobertas nas últimas duas décadas é que o acesso à informação por si só não nos faz mais inteligentes

Ele também contou como se desiludiu com a ideia de que a internet pudesse fazer as pessoas ficarem mais inteligentes. “Uma das minhas maiores descobertas nas últimas duas décadas é que o acesso à informação por si só não nos faz mais inteligentes. As ‘fake news’ são uma pequena parte disto; outra parte ainda maior é a qualidade e a profundidade da informação. Isto está realmente melhorando nossa compreensão ou aprofundando nossa compreensão do mundo ou é apenas ruído?”

A pergunta, no fundo, é: você está lendo bom conteúdo na internet, aproveitando as possibilidades da rede para se informar, se educar, ampliar seus conhecimentos, ou só está passando o tempo nas redes fazendo barulho, espalhando bobagem, notícias falsas e ódio? A grande equação é saber se as redes sociais e a internet como um todo estão fazendo você pensar mais ou menos.

 

 


Apoie o site

Se você não tem uma conta no PayPal, não há necessidade de se inscrever para assinar, você pode usar apenas qualquer cartão de crédito ou débito

Ou você pode ser um patrocinador com uma única contribuição:

Para quem prefere fazer depósito em conta:

Cynara Moreira Menezes
Caixa Econômica Federal
Agência: 3310
Conta: 000591852026-7
PIX: [email protected]
(5) comentários Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Rodrigo Dias em 15/09/2017 - 19h23 comentou:

Acho o questionamento válido, mas convém lembrarmos que, antes da Internet, a maioria dos brasileiros só tinha acesso à informação pelos grandes veículos de mídia (e, claro, livros, mas se a maioria de nós é de analfabetos funcionais…). A descentralização da informação pode não ser nenhuma panaceia, mas pelo menos não é um oligopólio descarado (não enquanto as pessoas souberem distinguir a Internet do Facebook, o que talvez não dure muito tempo).

Responder

Marcio Ramos em 16/09/2017 - 22h19 comentou:

O que atelevisão nao conseguiu fazer as redes sociais prometem.

Responder

Luiz Carlos P. Oliveira em 17/09/2017 - 09h34 comentou:

Eu sempre fui contra essas redes sociais. Nunca tive twitter, facebook, msn, orkut. Hoje tenho o whatsapp, mesmo assim participo de somente 2 grupos, sendo 1 da família e 1 de amigos. O que assusta é o número de canais “sem noção” e sem compromisso com a verdade que proliferam no youtube. Alguém já disse que as redes sociais aproximam os que estão longe e afastam os que estão perto. Sem contar que todo mundo agora virou “especialista de tudo”, na base do copia/cola. E as pessoas fazem isso mesmo sem checar se a informação que estão recebendo são de fonte fidedigna.

Responder

    Rodrigo Dias em 22/09/2017 - 02h04 comentou:

    Quer dizer que a TV sempre teve “noção” e “compromisso com a verdade”?! Nunca manipulou a informação que consumimos, uma vez que são um oligopólio que seria proibido em qualquer democracia séria? Existe um grande número de pessoas ignorantes nas ruas, mas antes não havia ainda mais? Como pessoas que só tem acesso a uma TV mentirosa podem estar bem informadas?

Felipe em 22/09/2017 - 16h17 comentou:

Eu tb sonhava q a internet ia educar. Ajuda, mas as redes sociais atrapalham muito.

Responder

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Kapital

Fake news: mais do que mau jornalismo, uma máquina antiética de fazer dinheiro


A real discussão a ser feita é sobre a ameaça que a fabricação, circulação e divulgação de notícias falsas e mentiras maliciosas trazem para a democracia

Cultura

Bukowski previu em um poema o isolamento que a internet traria ao ser humano


Morto em 1994, o escritor norte-americano viu apenas o comecinho da era da informação, mas enxergou longe seu lado obscuro