Socialista Morena
Direitos Humanos

A cultura do estupro não só existe como está em nosso DNA enquanto nação

Nossa nação foi engendrada sob o signo do estupro cotidiano, corriqueiro e impune de indígenas e africanas

Flagelo de uma escrava Samboe. William Blake, c. 1791
Cynara Menezes
20 de novembro de 2016, 11h39

Não é exagero afirmar que o primeiro mestiço nascido nesta terra, o primeiro “brasileiro”, pode ter sido o fruto do estupro de uma índia por um português. Nossa nação foi engendrada sob o signo do estupro cotidiano, corriqueiro e impune de indígenas e africanas. A violência sexual contra a mulher faz parte, portanto (e infelizmente), de nossa história como nação. Nascemos do estupro. Como não haveria uma cultura do estupro em nosso país se ele está em nosso DNA? É impossível algo tão enraizado ser dissociado do fato de acontecerem atualmente cinco estupros por hora no país.

Ao longo da história, palavras foram escolhidas a dedo pelos vencedores para edulcorar o que aconteceu nos anos de colonização da América em geral e do Brasil em particular. O próprio termo “colonização” ou “conquista”, por exemplo, quando o que houve foi uma invasão. “Descobrimento” em vez de “genocídio”. Também “miscigenação”, como se a mistura de raças fosse, na maior parte das vezes, “cordial”, embora tudo indique que foi o contrário. Meninas na mais tenra idade eram forçadas a ter relações sexuais em um mundo para o qual, em seus primórdios, só chegavam homens. Mesmo entre os escravos, as mulheres eram uma minoria cobiçada: eram trazidos para cá duas ou três vezes mais negros do que negras.

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Homens e Uma Mulher Negra. Pintura do holandês Christiaen Couwenbergh, 1632

No clássico Casa Grande & Senzala, tantas vezes acusado de promover entre nós a mitificadora concepção de que os intercursos sexuais entre raças e classes sociais se deram por consentimento mútuo, Gilberto Freyre traz algumas histórias bárbaras, como a da transmissão de sífilis às negras africanas pelos sinhozinhos infectados. “Foram os senhores das casas-grandes que contaminaram de lues (sífilis) as negras das senzalas. Negras tantas vezes entregues virgens, ainda mulecas de 12 e 13 anos, a rapazes brancos já podres da sífilis das cidades. Porque por muito tempo dominou no Brasil a crença de que para o sifilítico não há melhor depurativo que uma negrinha virgem”, escreveu Freyre, citando o médico João Álvares de Azevedo Macedo Júnior, que anotou, em 1869, o estranho costume. “A inoculação deste vírus em uma mulher púbere é o meio seguro de o extinguir em si.”

Ao mesmo tempo, segundo o escritor pernambucano, entre os que vieram para o Brasil (no meio dos tais “degredados”), estão “numerosos indivíduos” acusados de “tocamentos desonestos”, ou seja, estupradores em potencial. Imaginem o contato desta gente com índias nuas e inocentes… Certamente está aí o embrião da tendência que se observa até hoje de culpar a vítima do estupro, atribuindo a selvageria do autor do ataque à forma como a estuprada estava vestida. Atualmente, não faltarão machistas a sustentar que foram as índias que “provocaram” a lascívia dos colonizadores por não usarem roupas.

Já no século 17, o bandeirante Domingos Jorge Velho, matador de Zumbi e destruidor do Quilombo dos Palmares, ficou conhecido por levar a tiracolo sete concubinas índias e, não contente, forçar outras que encontrava pelo caminho a que tivessem sexo com ele. Em 1697, o bispo de Pernambuco, dom Francisco de Lima, contou ter ficado horrorizado com o priapismo do bandeirante, que andava “pelas matas à caça de índios e índias, estas para o exercício de suas torpezas e aqueles para o granjeio de seus interesses.”

Na crônica Conquista espiritual hecha por los religiosos de la Compañía de Jesús en las provincias del Paraguay, Paraná, Uruguay y Tape, o padre espanhol Ruiz de Montoya conta que a curra de mulheres era um costume bandeirante.  “As mulheres deste povo e de outros (que destruíram), quando de boa aparência, fossem elas casadas, solteiras ou pagãs, encerrava-as o dono consigo num aposento, passando com elas as noites como o faz um bode num curral de cabras”, escreveu, sobre a invasão da missão de Jesus Maria, no Paraná, pelos paulistas, “demônios do inferno” que tinham as casas “cheias de mulheres índias compradas para suas torpezas”.

A pesquisadora Marina Lacerda, autora de uma tese de pós-graduação em Direito na PUC-RJ sobre a violência contra a mulher na formação do Brasil, traz uma explicação para o fenômeno do estupro de escravas negras e indígenas: o patrimonialismo. “Eu quis tratar a questão sobre o viés do patriarcalismo e do patrimonialismo, que é invisibilizado. O senhor de terras é ao mesmo tempo o agente da colonização e do estupro, o que irá influenciar na falta de punição. A mulher, não só a escrava, era sua propriedade; e não há crime de estupro contra a própria propriedade”, diz Marina.

“Para Weber, o primeiro direito patriarcal é o direito sobre o corpo da mulher. O paralelo mais evidente da época da escravidão com a atualidade é a ideia que ainda persiste do homem como proprietário da mulher. A empregada doméstica que tem relações sexuais com o patrão ou com o menino da casa, muito presente no imaginário brasileiro, é ou não uma reprodução na senzala? Conhece-se poucos casos do patrão que larga a mulher para ficar com a empregada… Não é uma relação entre iguais”, opina.

A pesquisadora cita autores como Caio Prado Júnior, a portuguesa Maria Nizza Silva, Mary Del Priori e Gilberto Freyre para acentuar que o abuso sexual das escravas negras foi generalizado na colônia. “A outra função do escravo, ou antes da escrava, instrumento de satisfação das necessidades sexuais de seus senhores e dominadores, não tem um efeito menos elementar. Não ultrapassará também o nível primário e puramente animal do contacto sexual, não se aproximando senão muito remotamente da esfera propriamente humana do amor, em que o ato sexual se envolve com todo um complexo de emoções e sentimentos tão amplos que chegam até a fazer passar para o segundo plano aquele ato que afinal lhe deu origem”, diz Caio Prado em sua Formação do Brasil Contemporâneo.

“Existiu, na forma de opressão das mulheres, um cálculo político: necessidade de povoamento, de reprodução de braços para trabalhar, o que se deu, entretanto, entre nós, de forma sádica. A mulher foi mais objeto do que sujeito da colonização, devido à forma de sua inserção: ser violentada para satisfazer desejos e para gerar (filhos)“, escreve a pesquisadora em sua tese.

“A primeira miscigenação foi com a mulher indígena (…), também abusada sexualmente e escravizada. O primeiro ventre em que se gerou um brasileiro. As negras, escravas, sofreram abuso sexual generalizado. O estupro ocorria em nome do prazer sexual e da ‘reprodução do cativeiro’: o elemento mais rico da escravidão era o ventre gerador, como constatou Joaquim Nabuco em documentos da época. A estabilidade da família patriarcal chegava a depender do abuso desenfreado das negras. Eram relações sexuais entre vencedores com vencidos, num sadismo persistente do conquistador sobre o conquistado, de branco por negro, do homem sobre a mulher.”

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Detalhe de um mural de Diego Rivera no Palácio Nacional do México

A impunidade era a regra. No Brasil colonial, o estupro só era considerado crime se fosse em flagrante e contra a mulher virgem, ou seja, quando atentava à “honra”. No código penal de 1890, o crime de “defloramento”, mais grave, era definido como “deflorar mulher de menor idade, empregando sedução, engano ou fraude”. Abaixo deste vinha o estupro contra mulher não virgem, “mas honesta”; a pena menor era para o estupro contra a prostituta. A figura do crime contra a “dignidade sexual” apareceria apenas recentemente, em 2009, já no final do governo Lula, com a lei 12.015, que tipificou o estupro e o tornou “crime hediondo” sem fazer diferenças entre a vítima.

Talvez isto explique por que, até hoje, a ampla maioria dos crimes de estupro permaneça impune ou, pior ainda, nem sequer chegue a ser denunciado. Não por acaso, mulheres pretas e pardas são ainda, quase 130 anos após a abolição da escravatura, a maioria das vítimas de estupro e atentado violento ao pudor (54%), segundo estudo do Instituto de Segurança Pública (ISP) no Rio de Janeiro de 2010. A culpabilização da vítima permanece frequente nas próprias sentenças judiciais: em setembro deste ano, um promotor foi denunciado por humilhar uma menina de 14 anos estuprada pelo próprio pai, acusando-a de “facilitar” o abuso.

Há poucas referências iconográficas dos abusos cometidos contra as mulheres, sobretudo negras e indígenas, no período colonial brasileiro. Mas a história se repetiu em toda a América escravagista. A imagem que ilustra esta reportagem conta a história de uma escrava de cerca de 18 anos encontrada pendurada em uma árvore pelo viajante John Gabriel Stedman no Suriname no século 18. “Estava lacerada de uma maneira tão chocante que tinha o corpo coberto de sangue, do pescoço à cintura. Havia recebido mais de 200 chibatadas”, conta Stedman na Narrativa de Cinco Anos de Expedição na então colônia holandesa. O crime da menina? Rejeitar as investidas do dono.

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Mulher indígena sendo marcada. Pintura de Miguel Covarrubias

No Peru, as mulheres de Manco Cápac, irmão do Sapa (imperador) inca Atahualpa, teriam sido estupradas em sua presença pelos espanhóis que o sequestraram, como forma de humilhação, além de cuspir e urinar sobre ele. Outra herdeira inca, Beatriz Clara, foi violada aos 8 anos pelo “conquistador” Cristóbal Maldonado, e aos 15 foi presenteada a outro espanhol para se casar. O próprio Francisco Pizarro gerou descendentes com duas princesas incas adolescentes, uma delas viúva de Atahualpa, Cuxirimay, a quem estuprou após assassinar o marido.

No México, Hernan Cortés possuiu as três filhas do imperador Moctezuma e violentou sexualmente pelo menos uma delas, Tecuichpo Ichcaxóchitl, rebatizada como “Isabel”. Por esta razão Tecuichpo rejeitou a própria filha que nasceu da relação com Cortés, Leonor, criada pelo pai. Nos Estados Unidos, a lei protegia tanto os brancos que não existia a possibilidade de um escravo ser punido pelo estupro de outra escrava: só existia violação sexual se fosse praticado por um homem negro contra a mulher branca.

“O crime de estupro não existe neste Estado entre escravos africanos. Nossas leis não reconhecem nenhum direito marital entre escravos. As regras legais, como as da raça branca, a respeito de intercurso sexual, não podem ser aplicadas, por razões óbvias, a escravos; o intercurso deles é promíscuo e a violação de uma escrava por um escravo deve ser considerada um mero ataque ou agressão”, argumentou o advogado em um caso famoso em 1859, George vs Mississippi. O escravo George havia abusado de uma menina de 9 anos, mas a Corte aceitou seu recurso baseado em leis feitas para proteger os brancos. “Proprietários e escravos não podem ser regidos pelo mesmo sistema de leis”, dizia a decisão que o inocentou.

Quando o estuprador era branco, a impunidade grassava, exatamente como entre nós. No livro Rape & Sex Power in Early America, a historiadora Sharon Block conta que, durante a colonização, muitos homens negros foram condenados pelo estupro de mulheres brancas, enquanto os brancos ricos e poderosos escapavam sem punição. Ela demonstra, assim, que as definições do que é violência sexual mudavam de acordo com quem estivesse envolvido. Mudou muito desde então? As diferenças de raça e classe seguem praticamente intocadas no que concerne ao crime de estupro: enquanto o escravo/negro/pobre é punido, o senhor/rico/branco tem muito mais chances de escapar impune. As estatísticas confirmam que a maioria da população carcerária é de jovens negros. O sinhozinho continua a levar vantagem.

No Brasil, além de ser abusada sexualmente por seus proprietários, a negra escrava ainda tinha de suportar a extrema crueldade das sinhazinhas enciumadas. É Gilberto Freyre quem conta: “Sinhá-moças que mandavam arrancar os olhos de mucamas bonitas e trazê-los à presença do marido, à hora da sobremesa, dentro da compoteira de doce e boiando em sangue ainda fresco. Baronesas já de idade que por ciúme ou despeito mandavam vender mulatinhas de 15 anos a velhos libertinos. Outras que espatifavam a salto de botina dentaduras de escravas; ou mandavam-lhes cortar os peitos, arrancar as unhas, queimar a cara ou as orelhas”.

Não era de se admirar a inveja que as sinhás nutriam pelas belas africanas: como eram forçadas a casar cedo, com 13 ou 14 anos, aos 18 já eram matronas desfeitas. “Depois dos 20, decadência. Ficavam gordas, moles. Criavam papada. Tornavam-se pálidas. Ou então murchavam”, conta Freyre em Casa Grande & Senzala. “Casadas, sucediam-se nelas os partos. Um filho atrás do outro. (…)Deixavam as mães uns mulambos de gente”. O pernambucano cita uma série de viajantes que se impressionavam tanto com a beleza das meninas-moças quanto com o envelhecimento precoce delas após o casamento.

É a este caldo, a estes antecedentes históricos, praticamente um mito fundador, que nos referimos quando falamos em cultura do estupro. Não a uma “arte do estupro” ou “crença do estupro”, como bizarra e ignorantemente se referiu o deputado pastor Marco Feliciano ao rejeitar o conceito em audiência pública no Conselho de Direitos Humanos da Câmara, em junho.

Se a cultura do estupro está em nosso DNA, como acabar com ela? Acabando com a impunidade, mas também com informação e educação. Mostrando, sem tergiversar, como a história nos tornou herdeiros deste costume bárbaro podemos conscientizar e modificar a forma como a mulher ainda é vista: como propriedade e objeto dos desejos masculinos. Só com educação de homens e mulheres seremos capazes de evitar assistir, em nosso próprio parlamento, a disseminação da ignorância e a perpetuação da cultura do estupro no Brasil.

 

 


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(39) comentários Escrever comentário

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Sérgio Anderson em 30/08/2017 - 18h32 comentou:

Se o estupro não é um ato que depende do consentimento mas sim está no nosso DNA, então não há o que ser feito.

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Andrea Almeida Campos em 26/01/2018 - 16h50 comentou:

Parabenizo-a imensamente pelo vigoroso e porque não dizer, profundo e belo artigo.

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vitoria ferreira de lima em 14/03/2018 - 17h21 comentou:

ola, gostaria de saber em qual pagina do livro ou capitulo posso encontrar as historias contadas por gilberto freire

Responder

    Cynara Menezes em 14/03/2018 - 21h22 comentou:

    estão no livro “casa grande e senzala”

Eduardo em 04/07/2018 - 17h19 comentou:

Mesmo sendo crítico da linha editorial/política do site, não posso me furtar de parabenizá-la pelo excelente texto.
E, igualmente, não posso deixar de registrar a minha vergonha frente a existência dessa prática criminosa do estupro, presente em nossa nação desde 1500.
Somente o fim da impunidade e o trabalho de educação em casa com nossos pequenos é que podemos imaginar o fim desse crime.
Parabéns, Cynara.

Responder

Alan em 30/09/2018 - 14h51 comentou:

Infelizmente a Cynara cometeu um equívoco ao colocar a cultura do estupro como parte do DNA porque se isso fosse verdade, acabar com ela seria lutar contra o impossível, mas vou entender como uma metáfora. Texto maravilhoso, acabei aqui por acaso, tava lendo exatamente o livro de Gilberto Freyre e fui ďa uma pesquisada na questão de estupro.

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Fabyanna Lima de Vasconcelos em 23/10/2018 - 21h48 comentou:

Gostaria de tirar uma dúvida que me veio desde o início do artigo, porém com o comentário do Alan ficou mais pertinente, pode-se afirmar que a cultura do estupro faz parte do nosso DNA? OU deve-se ser interpretado como metáfora?

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Sandro Badaró em 07/05/2019 - 01h17 comentou:

Adorei a descrição do estupro das índias e negras. Fiquei excitado ao extremo. Uma pena que a lei não nos garanta que elas ainda sejam nossa propriedade, pois essa é a melhor função dessas subhumanas, satisfazer sexualmente nós, homens brancos

Responder

    Cynara Menezes em 07/05/2019 - 17h29 comentou:

    acredito que você não vai se importar de ver seu email e sobrenome estampado nas redes sociais, não é mesmo?

Carlos fonseca em 07/05/2019 - 17h53 comentou:

Espero que isso seja uma infeliz postagem. Que não seja seu pensamento. Se for cuidado com a lei do retorno. Pense na sua mãe ela é mulher e você ofendeu ela com certeza.

Responder

Ivan Gyorf Jr. em 14/06/2019 - 13h27 comentou:

Artigo extremamente superficial que carece de fontes. Já começou ignorando que a cultura e sexualidade indígena e negra era diferente da portuguesa. Os atos sexuais eram “não-consentidos” do ponto de vista de quem?!? Quando da chegada dos europeus, as mulheres e homens daqui andavam nus e tinham uma vida sexual desregrada, com base em que se diz que elas foram estupradas e não consentiram? Puro achismo?

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    Cynara Menezes em 14/06/2019 - 16h11 comentou:

    forçar uma pessoa a ter sexo = estupro. sem discussão

Cristina em 15/06/2019 - 17h12 comentou:

Parabéns pelo seu texto bem assim a educação vem de casa com os pequenos para se tornarem pessoas gigantes de humildade e amor a si e ou próximo. 👏👏👏🙏🙏🙏😙😙😙mulheres não são propriedades São autoridades pois São elas que geraram a vida!!

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Sheila Peixoto em 16/06/2019 - 12h24 comentou:

O texto é super interessante, porém detestei a fala de que o estupro está no nosso DNA (No mínimo essa frase deveria estar entre aspas pq NÃO temos nenhum marcador biológico influenciado por caracter sexual que nos conduza ao estupro, logo, estupro nao está no DNA).
Pode ser q vc quis fzer uma analogia ao fato de termos nascido do estupro e com isso estamos marcados pelo mesmo. Mas isso não tem nada a ver com DNA, entende?! Principalmente pq, ao dizer isso, vc da a ideia de que o estupro é biologicamente natural ou que não tem solução ( já q está no DNA somos condicionados a isso). E Sabemos que estupro é cultural, inclusive, isso foi mto bem ilustrado nesse texto. Infelizmente, associar estupro a DNA só reforça a naturalização do estupro e se é natural “a culpa não é do homem, pq eles são assim mesmo…”.
No mais, o texto é mto bom mesmo 🙂
Só essa frase q tem problemas conceituais sérios, inclusive no âmbito biológico.

Responder

Leonardo Paiva em 18/06/2019 - 19h27 comentou:

Excelente texto! Muito profundo e historicamente rico. Infelizmente esta cultura do estupro é uma marca histórica vergonhosa de nós homens. Isso tem que acabar!

Responder

Milla Canhas em 27/08/2019 - 04h30 comentou:

Parabéns ,bem claro o texto!Poderia torná-lo mais público!

Responder

    Cynara Menezes em 27/08/2019 - 13h49 comentou:

    é um texto antigo, mas as pessoas gostam e voltam a colocá-lo em circulação

Rafael Oliveira em 04/09/2019 - 08h56 comentou:

Gostei muito dessa matéria. Existe uma cultura do estupro e da violência contra
mulher no Brasil que vem sendo passada ao longo dos séculos.
O único ponto que discordo é dizer que está no DNA. Sinto que tira a responsabilidade de que o estupro e a violência são uma escolha consciente de quem o comete.

Responder

Rafael Oliveira em 04/09/2019 - 08h58 comentou:

Continuando…
E não uma resposta biológica que está gravada em nossos gens.

Responder

SIDNEY STUART em 29/09/2019 - 12h10 comentou:

Seria ótimo ter o perfil desse Sandro Badaró exposto nas redes!

Responder

Anne em 08/11/2019 - 11h47 comentou:

Dizer que a cultura do estupro está em nosso DNA é somente uma metáfora. Facílimo de entender.

Responder

Anne em 08/11/2019 - 11h49 comentou:

Não entendo como não conseguem interpretar uma metáfora …

Responder

Liliana Silva em 23/11/2019 - 06h30 comentou:

Artigo esclarecedor, as vezes nos esquecemos dessa DIVIDA impagável com as raças indígenas e negra, e o mais triste ainda, com as crianças e mulheres avultadas pela imundice desses “homes” e destruídas pela crueldade das “senhoras”. Agora, senhor Anderson, seu comentário dispensa palavras…

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Liliana Silva em 23/11/2019 - 06h38 comentou:

E o troféu de cretinice do milênio vai para…

Responder

Liliana Silva em 23/11/2019 - 06h41 comentou:

Parabéns e obrigada! Por ser a voz das meninas e mulheres que não foram ouvidas.

Responder

Suellen em 24/11/2019 - 23h28 comentou:

Estrupo foi incluído como crime Hediondo no governo Itamar Franco, 1990.
Sendo melhorado mais adiante no governo Lula. Não queiram inventar coisas…🙄🙄

Responder

Zeni em 03/02/2020 - 21h17 comentou:

E eu sou neta de uma negra que trabalhava em casa de Senhores brancos e foi violentada por seu patrão, meu avô loiro de olhos verdes e minha avó negra, ela por ñ poder criar meu pai deu a outra família, tenho no meu DNA sangue de branco com negro, meu pai nasceu um negrão bonitão, minha querida avó já é falecida, mas meu avô ñ sei se ainda existe, se ainda tivesse escravos eu ia ser sinhazinha pois nasci branca com sague de negro.

Responder

Dom Japi em 24/02/2020 - 12h29 comentou:

Parabéns pelo texto e pela metáfora DNA, mas realmente deve-se pôr entre aspas para não isentar degenerados de sua culpa alegando ser natural (biológico) no homem um ato tão desprezível. Quanto a excitação de alguns sugiro lembrar que meninos, também, eram violentados (vítimas desses sádicos sebosos), e assim, os excitadinhos possam chegar ao ápice de seu prazer doentio imaginando-se no lugar dos meninos. 😉

Responder

Andrea Almeida Campos em 11/04/2020 - 13h46 comentou:

Importante o depoimento dos “excitados”, apenas corrobora a nossa tese e afirma as nossas hipóteses sobre a Cultura do Estupro no Brasil e a sua persistência.

Para uma cultura, também, negacionista, nada melhor do que réus confessos.

Responder

Selma Santos em 06/05/2020 - 10h48 comentou:

Parabéns pelo artigo, muito bom. Faço minhas as palavras da Andreia Almeida. É muito importante manifestações desse tipo para que fique nítido que essa cultura está longe de se dizimar. O trabalho para essa erradicação ainda tem muitos degraus para a subir,mas nada impossível para uma sociedade que se tranforma através da educação.

Responder

Sonia Barros em 24/06/2020 - 10h24 comentou:

Concordo com o dep em relação a inexistência de uma cultura de estupro. O estupro não é uma arte, é uma pratica abominável praticada por mentes doentias e que precisa ser fortemente punida.
OBS: Já que desativaram os comentários do vídeo, venho aqui externalizar minha indignação quanto ao desrespeito mostrado no vídeo por aquelas que exigem respeito. É uma autoridade e, independente de concordarmos ou não, precisamos respeita-lo.

Responder

    Cynara Menezes em 24/06/2020 - 15h07 comentou:

    engraçado ver a mesma gente que foi capaz de mandar a presidenta da república “tomar no cu” para o mundo inteiro assistir pedir “respeito à autoridade” quando se trata de defender imbecis de extrema direita

Fabricio Corrêa em 26/07/2020 - 21h44 comentou:

Fico impressionado pela futilidade de certos comentários que preferem entrar nas comezinhas de se é DNA ou não (esquecendo fortuitamente que isto é uma metáfora) ou usando do expediente de devermos respeito a uma autoridade de expressão de ódio ou extrema-direita (novamente esquecendo que não se posicionaram sobre a presidenta ter sido ofendida para o mundo inteiro ouvir sobre tomar lá, ou sobre adesivos que tinham caricaturas da presidenta enfiando bomba de gasolina na vagina) mas não discutir que somos o dito país “da democracia não racista”, que defende escondido sobre pseudônimos racismo e estupro racial…

Responder

LUCio em 08/05/2021 - 19h32 comentou:

Acho absurdo como algumas falas são colocadas. “A fala de Feliciano deixou clara que não é uma arte”. Ouvi a fala no dia em que foi usada pelo congressista, sendo que em momento algum o estupro é considerado em suas falas como algo simples, bonito, desejável, ou qualquer outra situação que ofereça consentimento no ato, ou o considere bonito, desejável… De resto, pelo que entendi ao ler, o texto revela algo que ao longo da história da humanidade foi prática tão comum quanto indesejada, seja entre brancos, entre negros, índios, ou em grupos distintos. Acima de tudo, o estupro se dá como agressão de homens contra mulheres. Quando os soviéticos adentraram Berlim, estupraram por dias seguidos as mulheres alemãs, dos 8 aos 80! Cortaram-lhes os cabelos, mataram as grávidas, e obrigaram idosos, adolescentes e mutilados a verem as cenas de estupro que se seguiram por dias, em muitos casos levando a jovem a gravidez indesejada, doenças diversas para as quais não tinham como tratar, e os homens nada podiam fazer para que eles mesmos não morressem e nem as jovens. E detalhe: isso foi feito por brancos, contra brancas; todos de olhos azuis. Os comunistas russos podiam, já que apresentam grande capacidade de perdoar, entender, amar, ajudar; não cometer um ato tão odioso, mesmo contra mulheres dos inimigos. O ato, não raro, foi cometido por pessoas de mesmo país, como Gregos de Esparta, contra gregos de Atenas, por exemplo. As ações não foram cometidas por brancos contra negros, mas, sobretudo por vencedores contra vencidos.

Responder

Karen Muniz Feriguetti em 17/05/2021 - 13h44 comentou:

Texto maravilhoso, Cynara. Inteligente e cheio de articulações. Muito necessário, sempre! Parabéns! Beijos, querida!

Responder

Pedro Motta de Barros em 25/07/2021 - 00h07 comentou:

Solicito e agradeço que me envie seu boletim de notícias com regularidade para meu e-mail supra.

Responder

Juninhobill em 23/09/2021 - 22h13 comentou:

Estupro no nosso DNA herança histórica da miscigenação

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ANDREA DA ROCHA VIANA em 09/06/2022 - 06h01 comentou:

É triste observar como há pessoas que não conseguem interpretar um texto e entender uma metáfora. Enfim, o que me espanta é alguém pensar que essa educação contra o estupro virá de casa! Oi!?? O que dizem as estatísticas? Estupro e violência sexual contra criança acontece dentro de casa e com familiares e conhecidos. É preciso tentar acabar com a cultura do estupro através da educação, na escola!!!

Responder

Ilton Santana em 28/03/2024 - 15h38 comentou:

Belíssimo artigo. Eu, sendo um pastor evangélico, tenho grande responsabilidade em contribuir para mudar essa realidade.

https://teologiaeoutrascoisas.wordpress.com/

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