Socialista Morena
Politik

Cunha já vai tarde. Agora Dilma precisa escolher agradar a algum lado da sociedade

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o maior inimigo do Estado laico e de um futuro progressista e tolerante para o Brasil, anunciou seu “rompimento” com o governo Dilma Rousseff. Já vai tarde. Muitos dos que votaram todos estes anos no PT como alternativa à esquerda nunca entenderam como o partido precisou se aproximar de […]

A Presidenta Dilma Rousseff e o ministro da Defesa, Jaques Wagner, participam da cerimônia comemorativa do Dia do Exército, no Setor Militar Urbano (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Cynara Menezes
17 de julho de 2015, 17h03

(Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o maior inimigo do Estado laico e de um futuro progressista e tolerante para o Brasil, anunciou seu “rompimento” com o governo Dilma Rousseff. Já vai tarde. Muitos dos que votaram todos estes anos no PT como alternativa à esquerda nunca entenderam como o partido precisou se aproximar de gente como ele, de extrema-direita, para governar o País. Cunha sempre foi inimigo de Dilma. Precisou, no entanto, que fosse denunciado por um delator do esquema de corrupção na Petrobras, acusado de pedir propina de 5 milhões de dólares, para que se dignasse a cair fora e procurar se unir a seus semelhantes, bem longe de nós.

O que nós, eleitores de Dilma, esperamos agora é que a saída dessa figura nefasta da base do governo, de forma declarada, sirva no mínimo para finalmente dar alguma cara a seu segundo mandato. Desde o segundo turno da campanha presidencial, os setores mais progressistas da sociedade que a apoiaram contra Aécio Neves e que apostaram em uma guinada à esquerda estão se sentindo frustrados. Nos sentimos frustrados com a escolha de representantes do latifúndio e dos bancos para o ministério e, em seguida, nos decepcionamos com a escolha de uma política econômica ortodoxa e de arrocho, com ameaças aos direitos dos trabalhadores.

Tenho ouvido queixas vindas de setores caros ao progressismo. A presidenta anunciou o slogan “Brasil Pátria Educadora” para o seu segundo mandato e, no entanto, cortou 9,5 bilhões da Educação, atingindo vários programas. Também já se fala de cortes no apoio à pós-graduação. Ninguém de esquerda pode aprovar uma coisa dessas. Na Cultura, eu soube que Dilma nunca chamou o ministro titular da pasta para participar de uma reunião sequer no Palácio do Planalto, o que, em minha opinião, denuncia uma lamentável visão utilitarista do setor por parte do PT: só serve na hora da eleição. O mesmo acontece com os cidadãos LGBTs, com os sem-terra e com as comunidades tradicionais.

Mais do que isto, me surpreende e assusta que o governo da presidenta Dilma dê sinais de não se importar em agradar a nenhum lado da sociedade. A direita a odeia e sempre a odiará, não tem conserto. Nos últimos tempos, com o auxílio poderoso de um massacre midiático incessante, também a classe média se voltou contra ela. Fico me perguntando: a quem exatamente Dilma está agradando neste momento? À esquerda é que não é. E quem sobrou? O “povo”? Será que o povo está se sentindo representado pelo governo? Tenho cá minhas dúvidas. Que “povo” é este, afinal?

Não vejo saída para Dilma recuperar parte de sua popularidade a não ser através da utilização de prerrogativas do presidencialismo, como a edição de Medidas Provisórias capazes de atrair a simpatia de alguma parcela da população. Se o Congresso Nacional rejeitá-las, o ônus é dos parlamentares, não do governo. É hora de usar a criatividade e encontrar brechas. É impossível agradar a todos. O governo precisa, pelo menos, tentar agradar a alguém.

Meu maior temor em relação a este governo sempre foi o de que repetisse o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso: medíocre, estagnado, desnecessário. Na época, os humoristas do Casseta e Planeta chegaram a apelidar o presidente FHC de Fazendo Hora no Cargo. Seria desastroso se Dilma seguisse por este caminho. O Brasil não merece isso. 2018 está longe demais e permanência no poder só se justifica se houver avanços. Espero que o rompimento definitivo de Eduardo Cunha com o governo signifique exatamente isso: um avanço. Mais coragem, por favor, senhores.

 

 


Apoie o site

Se você não tem uma conta no PayPal, não há necessidade de se inscrever para assinar, você pode usar apenas qualquer cartão de crédito ou débito

Ou você pode ser um patrocinador com uma única contribuição:

Para quem prefere fazer depósito em conta:

Cynara Moreira Menezes
Caixa Econômica Federal
Agência: 3310
Conta: 000591852026-7
PIX: [email protected]
Nenhum comentário Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Politik

A consciência tranquila de Dilma. Pode-se dizer o mesmo de seus algozes?


Com o discurso coerente e a postura mais uma vez altiva, serena e digna diante dos algozes, a presidenta Dilma Rousseff assegura o lugar no panteão das vítimas históricas da injustiça. Concretizado o golpe, Dilma…

Politik

Ao abraçar o caixa 2, o PT aniquilou o sonho de ganhar eleição apenas…


Cada vez que lemos que o PT precisou recorrer a caixa 2 para se eleger, um panda morre no mundo ideal do esquerdista