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Efeito Temer: em um ano, desmatamento na Mata Atlântica cresceu quase 60%

Em um ano, entre 2015 e 2016, o desmatamento na Mata Atlântica cresceu 57,7%: neste período, o bioma perdeu 29.075 hectares, o equivalente a mais de 29 mil campos de futebol. O número foi apresentado nesta segunda-feira, 29 de maio, pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). A diretora-executiva da SOS […]

(Desmatamento ilegal no Nordeste de Minas em 2016. Foto: Welington Pedro de Oliveira)
Cynara Menezes
29 de maio de 2017, 20h28
(Desmatamento ilegal no Nordeste de Minas em 2016. Foto: Welington Pedro de Oliveira)

(Desmatamento ilegal no Nordeste de Minas. Foto: Welington Pedro de Oliveira/Fotos Públicas)

Em um ano, entre 2015 e 2016, o desmatamento na Mata Atlântica cresceu 57,7%: neste período, o bioma perdeu 29.075 hectares, o equivalente a mais de 29 mil campos de futebol. O número foi apresentado nesta segunda-feira, 29 de maio, pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, disse que há 10 anos não era registrado no bioma um desmatamento dessas proporções. “O que mais impressionou foi o enorme aumento no desmatamento no último período. Tivemos um retrocesso muito grande, com índices comparáveis aos de 2005”, disse.  No período anterior (2014-2015), o desmate no bioma havia sido de 18.433 hectares.

Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, a situação é gravíssima e indica uma reversão na tendência de queda do desmatamento registrada nos últimos anos. E, para ele, não é por acaso que os quatro estados campeões de desmatamento são conhecidos por sua produção agropecuária.

“O setor produtivo voltou a avançar sobre nossas florestas, não só na Mata Atlântica, mas em todos os biomas, após as alterações realizadas no Código Florestal e o subsequente desmonte da legislação ambiental brasileira. Pode ser o início de uma nova fase de crescimento do desmatamento, o que não podemos aceitar”, lamentou.

Segundo Mantovani, a ofensiva continua com a tentativa de flexibilização do licenciamento ambiental e diversos ataques ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação. “No momento em que o caos está instalado em Brasília, numa crise política que tem no seu centro a maior empresa de carnes do mundo, a bancada do agronegócio e o núcleo central do governo federal avançam, de forma orquestrada e em tempo recorde, sobre o nosso sistema de proteção ambiental. A sociedade não pode ficar alheia às decisões tomadas por nossos governantes e legisladores. Precisamos nos mobilizar para frear o desmonte da nossa legislação.”

Em 2015-2016, a Bahia foi o Estado onde houve mais desmatamento, com 12.288 hectares desmatados, 207% a mais que no período anterior, quando foram destruídos 3.997 hectares de vegetação nativa. Os municípios baianos de Santa Cruz Cabrália e Belmonte lideram a lista dos maiores desmatadores com 3.058 hectares e 2.119 hectares, respectivamente. Se somados aos desmatamentos identificados em outras cidades do Sul da Bahia, como Porto Seguro e Ilhéus, cerca de 30% da destruição do bioma no período ocorreu nesta região. “Essa região é a mais rica do Brasil em biodiversidade e tem grande potencial para o turismo. Nós estamos destruindo um patrimônio que poderia gerar desenvolvimento, trabalho e renda para o Estado”, disse Marcia.

Minas Gerais aparece em segundo lugar no ranking, com 7.410 hectares desmatados. Os principais pontos de desflorestamento ocorreram nos municípios de Águas Vermelhas (753 hectares), São João do Paraíso (573 hectares) e Jequitinhonha (450 hectares). Segundo os dados da SOS Mata Atlântica e do Inpe, a região é reconhecida pelos processos de destruição de vegetação nativa para produção de carvão ou pela conversão da floresta por plantios de eucalipto. Minas liderou o desmatamento em sete das últimas nove edições do Atlas da Mata Atlântica.

No Paraná, o desmatamento do bioma passou de 1.988 hectares entre 2014 e 2015 para 3.545 hectares entre 2015-2016, o que representa aumento de 74%. Este foi o segundo ano seguido de crescimento do desmate no estado. Segundo o relatório, a destruição está concentrada na região das araucárias, espécie ameaçada de extinção, com apenas 3% de florestas remanescentes.

No Piauí, pelo quarto ano consecutivo os maiores desmatamentos ocorreram nos municípios de Manoel Emídio (1.281 hectares), Canto do Buriti (641 hectares) e Alvorada do Gurguéia (625 hectares), todos próximos ao Parque Nacional Serra das Confusões.

 

 

(Com informações da Agência Brasil e do SOS Mata Atlântica)

 


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