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Doria não cita Bolsonaro e ataca Dilma e Lula ao anunciar inscrição nas prévias

Pelo visto, o tucano, mesmo rompido com o ex-presidente, pretende continuar a flertar com a extrema direita em busca de votos

O então candidato "BolsoDoria" em 2018. Foto: reprodução
Da Redação
20 de setembro de 2021, 15h51

Na carta em que anuncia sua inscrição para disputar as prévias que vão escolher o candidato do PSDB à presidência, o governador de São Paulo, João Doria Jr., não cita Jair Bolsonaro, mas critica nominalmente os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Doria, que foi aliado de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, fala em “retrocesso institucional, democrático, econômico, ambiental, social, político e moral” no país e de ataques à instituições, mas em nenhum momento fala o nome do atual presidente.

Já em relação aos presidentes petistas, o tucano diz que “os anos que se seguiram com os governos de Lula e Dilma representaram a captura do Estado pelo maior esquema de corrupção do qual se tem notícia na história do País”. O governador, que durante a campanha chegou a utilizar o codinome “BolsoDoria” para, de forma oportunista, amealhar votos dos eleitores de extrema direita, tem negado seu apoio pregresso a Bolsonaro, contrariando fatos e fotos.

“Eu não sou bolsonarista. Eu não criei o ‘BolsoDoria’. O movimento nasceu no interior (de São Paulo), espontaneamente. Mas eu incorporei”, disse, em outubro de 2019. “E, naquela circunstância, na qual enfrentávamos todos os partidos de esquerda juntos, todos faziam campanha contra mim… Qual era o meu caminho senão estar ao lado daqueles que advogavam com Jair Bolsonaro?”

Já Bolsonaro cobrou o ex-aliado pelo uso de seu nome na eleição, rejeitado após os dois começarem a se distanciar devido às posturas diferentes em relação à pandemia. “(Doria) é um lunático. Está fazendo política em cima deste caso. É um governador que nega ter usado o meu nome para se eleger governador, então eu lamento essa posição política dele, está se aproveitando deste momento para querer crescer politicamente”, criticou o presidente em março de 2020.

Na carta de inscrição nas prévias, o tucano também lembrou seu pai, João Agripino Doria, político nacionalista cassado pela ditadura militar, de quem aparentemente havia esquecido em 2018 ao apoiar um candidato defensor da tortura de seres humanos

O governador paulista também lembrou seu pai, João Agripino Doria, político nacionalista cassado pela ditadura militar, de quem aparentemente havia esquecido em 2018 ao apoiar um candidato defensor da tortura de seres humanos. “Sou filho da democracia. Meu saudoso pai, João Doria, foi deputado federal, lutou contra a ditadura e foi exilado por 10 anos. Eu mesmo fiquei no exílio por 2 anos com meus pais. Só quem sofreu com a ditadura militar sabe o que foi esta violência no Brasil”, escreveu.

Pelo visto, Doria, mesmo rompido com Bolsonaro, pretende continuar a flertar com a extrema direita em busca de votos, e por isso não citou o presidente na carta. Pela mesma razão continua a atacar o PT, explorando o ódio à esquerda que catapultou Bolsonaro (e ele próprio) ao poder. A estratégia vai funcionar? Só o tempo dirá.

Leia a seguir a íntegra da carta de inscrição de João Doria nas prévias do PSDB.

***

É com orgulho, humildade e senso de dever público que registro minha candidatura nas prévias do PSDB à disputa presidencial de 2022. Sou filho da democracia. Meu saudoso pai, João Doria, foi deputado federal, lutou contra a ditadura e foi exilado por 10 anos. Eu mesmo fiquei no exílio por 2 anos com meus pais. Só quem sofreu com a ditadura militar sabe o que foi esta violência no Brasil.

Sou filho das prévias. Construí minha candidatura nos braços da militância do PSDB até vencer a disputa pela prefeitura de São Paulo no primeiro turno em 2016. Igualmente, disputamos e vencemos as prévias para o Governo de São Paulo em 2018. Por isso, rendo minha homenagem ao PSDB, no qual sou filiado há 20 anos. As prévias do PSDB nos impulsionaram a duas vitórias eleitorais. Pela democracia e pelo voto, rendo minha homenagem às prévias.

Os tempos são de retrocesso. Retrocesso institucional, democrático, econômico, ambiental, social, político e moral. Nossas instituições têm sido atacadas, mas dão provas de independência e coragem ao defenderem o que temos de mais sagrado: respeito à Constituição, ao Estado Democrático de Direito, com eleições livres, diretas e com voto eletrônico.

Desde a redemocratização, o PSDB foi o partido que colocou o país na rota do desenvolvimento. Nos orgulhamos dos oito anos de governo FHC, da consolidação do Plano Real, da Lei de Responsabilidade Fiscal, da Lei dos Genéricos, da criação e avanços dos programas sociais que deram origem ao Bolsa Família. E principalmente nos orgulhamos da defesa incessante da democracia.

Infelizmente, os anos que se seguiram com os governos de Lula e Dilma representaram a captura do Estado pelo maior esquema de corrupção do qual se tem notícia na história do País. Fazer políticas públicas para os mais pobres não dá direito, a quem quer que seja, de roubar o dinheiro público. Os fins não justificam os meios.

Na nossa primeira experiência, na prefeitura de São Paulo, ao lado de Bruno Covas, seguimos a boa prática do equilíbrio dos gastos públicos, transparência e inovação na gestão da maior cidade do país.

No governo do Estado de São Paulo, enfrentamos nosso mais difícil teste na administração pública, com a grave pandemia de Covid-19. Guiados pela ciência, buscamos a vacina. Nosso Estado vacinou a primeira brasileira, a enfermeira negra Mônica Calazans, em 17 de janeiro de 2021. E será o primeiro Estado a imunizar toda a população. Fizemos as reformas da Previdência e a Administrativa, além de amplo programa de privatizações. Extinguimos estatais e reduzimos a máquina pública. As decisões renderam frutos. São Paulo vem se recuperando rapidamente da pandemia. A economia cresceu 30% acima da média nacional e gera 1/3 de todos os novos empregos do país. Resultado de planejamento, gestão e trabalho que queremos levar a todo o Brasil. Ações eficientes e transparentes. Não perdemos tempo criticando problemas. Investimos tempo na solução dos problemas.

Criamos o mais amplo programa de proteção aos mais pobres de São Paulo. Fizemos um projeto liberal de governo. Mas com responsabilidade social. Criamos o Bolsa do Povo, o Vale Gás, o Alimento Solidário, o Corujão da Saúde e implantamos 1.878 escolas de Tempo Integral, com ensino digital, 8 horas de aulas/dia, 5 refeições, computadores, tablets, wi-fi e ensino de inglês para 1 milhão de alunos. E vamos fazer ainda mais. Isto é respeito pelo futuro das novas gerações.

Nosso projeto de país baseia-se na pacificação nacional e em pilares sólidos: proteção aos mais vulneráveis, geração de empregos e distribuição de renda; educação em tempo integral e ensino técnico de qualidade; crescimento sustentável com equilíbrio das contas públicas; reformas que favoreçam o ambiente de negócios e a atração de investimentos; preservação do meio ambiente e integração com o agronegócio. E compromisso inarredável com a democracia e liberdade de expressão. Vamos fortalecer o pacto federativo, com autonomia para estados e municípios. E, acima de tudo, investir no equilíbrio e harmonia entre os Poderes, como valor inatacável ao Estado Democrático de Direito. Trabalharemos por um Brasil mais digno e justo, que recupere seu prestígio internacional e atue na vanguarda do processo civilizatório. Vamos resgatar o orgulho de sermos brasileiros e dos nossos valores.

Acredito no PSDB, o partido do Plano Real e da Vacina, e acredito no Brasil. No PSDB da vitória. Unidos venceremos a corrupção e a incompetência. Venceremos as trevas e o negacionismo. Vamos juntos unir o Brasil e os brasileiros.

João Doria Jr.

 

 


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