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E se fosse na Venezuela? Membros do governo catalão são presos na Espanha

A Guarda Civil espanhola confiscou milhões de cédulas de votação e prendeu altos cargos do governo que defendem a independência da Catalunha. Sites criados pelas autoridades foram tirados do ar

Independentistas ocupam as ruas de Barcelona. Foto: Jordi Borras
Da Redação
20 de setembro de 2017, 20h27

A Guarda Civil espanhola deteve 14 pessoas hoje, entre elas vários altos cargos do governo regional da Catalunha, em uma operação para impedir a realização do referendo de independência do dia 1º de outubro, suspenso pelo Tribunal Constitucional.

De acordo com a agência EFE, entre os detidos se encontram o número dois da Secretaria de Economia, Josep Maria Jové, o secretário de Fazenda, Lluís Salvadó, além de responsáveis pelas pastas de Telecomunicações e Assuntos Sociais.

Carles Puigdemont, presidente da Generalitat, o governo catalão, acusa o governo espanhol de tirar poderes autonômicos e de aplicar um “estado de exceção”. “O governo da Catalunha foi objeto de uma agressão coordenada pelas forças policiais do governo espanhol com o objetivo de que os catalães não possam se expressar em liberdade e em paz no dia 1 de outubro e com a intenção de afastar o governo que saiu das urnas”, disse, em nota institucional.

O governo espanhol ultrapassou a linha vermelha que o separava dos regimes repressivos

Segundo Puigdemont, a operação feita pela polícia espanhola é ilegal, “totalitária” e “atenta contra o Estado de direito e a carta de direitos fundamentais da União Europeia”, algo “inaceitável na democracia”. “O governo espanhol ultrapassou a linha vermelha que o separava dos regimes repressivos e se converteu em uma vergonha democrática”, afirmou.

A ação da guarda civil envolveu a realização de buscas em 22 órgãos públicos catalães, entre eles as secretarias de Economia, Relações Exteriores e Trabalho e Assuntos Sociais, e em empresas. Cidadãos protestaram em frente aos órgãos públicos da Catalunha contra a ação da Guarda Civil.

 A Guarda Civil confiscou de 6 a 9 milhões de cédulas de votação para o referendo separatista em um armazém industrial próximo à cidade de Barcelona. O depósito pertence a um empresário chamado Pau Furriol Fornells, também preso hoje.
Nos dias anteriores, os agentes confiscaram milhares de cartas convocando mesários e material de propaganda para divulgar o referendo. Também foram tirados do ar, por ordem judicial, os sites criados pelas autoridades catalãs para informar sobre a consulta.
A ação envolveu a realização de buscas em 22 órgãos públicos catalães, entre eles as secretarias de Economia, Relações Exteriores e Trabalho e Assuntos Sociais, e em empresas

O referendo foi suspenso cautelarmente pelo Tribunal Constitucional pela falta de aprofundamento em relação à sua adequação ou não ao marco jurídico espanhol. A Catalunha tem uma população de 7,5 milhões de habitantes. Em uma tentativa de consulta similar, que aconteceu em novembro de 2014, sem valor legal, participaram quase 2,3 milhões de pessoas.

A realização do referendo foi aprovada pelo próprio Parlamento catalão. Imaginem se algo parecido ocorresse na Venezuela: o governo central mandasse prender autoridades e tirasse sites do ar. Qual seria a reação do jornal El Pais?

Com informações da Agência Brasil

 

 


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Andre Flores em 21/09/2017 - 14h41 comentou:

E se Sao Paulo fizesse um plebiscito independente, hoje, para saber se os paulistas querem se separar do resto do Brasil? O resultado das urnas e’ obvio, mas voce acha que o governo federal acataria tal decisão?

Responder

    Rogério Tomaz Jr. em 21/09/2017 - 23h52 comentou:

    Prezado, a Catalunha existe enquanto entidade autônoma desde o século XI, enquanto a Espanha só nasceu no final do século XV. Sem falar nos condados de Barcelona, Girona e outros, cujas origens remetem ao século VIII. São Paulo só existe desde 1821, mais de três séculos depois do nascimento do Brasil. Não desafie a lógica por não ter estudado História. A comparação não tem o menor sentido. Seria como o Texas fazer um plebiscito para se tornar independente dos EUA. Entendeu agora?

Andre Flores em 21/09/2017 - 14h46 comentou:

O artigo menciona o uso de outro idioma: Espanha, Italia, Alemanha….sao colchas de retalhos de vários dialetos que remetem à idade media. Na Italia existe a Lega Nord, de direita, que reivindica a independência do Piemonte etc. Vao ficar querendo….

Responder

    Andre flores em 22/09/2017 - 19h03 comentou:

    Sr. Rogerio,
    Voce nao deve ter prestado atenção, mas fiz menção a outros países como a Italia e a Alemanha: so na Italia há o Piemonte, Toscana, Lombardia, o Veneto, …. e assim por diante. O mesmo vale para a Alemanha, com a Turingia, Bavaria, Pomerania etc… Nenhum deles poderia fazer um plebiscito para se tornar independente, entendeu agora?

Rodrigo em 21/09/2017 - 21h36 comentou:

Isso é ditadura! Só os lambe saco vira-latas não entendem!

Responder

    Andre Flores em 22/09/2017 - 09h43 comentou:

    Há uma cláusula pétrea da Constituição Federal que diz que a República brasileira é “formada pela união indissolúvel” dos estados e municípios – o que torna inconstitucional qualquer intenção de criar um novo país. O que, na sua cabeça, é ditadura?

Andre flores em 22/09/2017 - 19h04 comentou:

Alias, a questao está mais vinculada às consiticuicoes dos paises do que questionar se a galinha ou o ovo vieram primeiro.

Responder

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