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Éder Mauro admite ter divulgado vídeo adulterado sobre Jean Wyllys

Acionado na Comissão de Ética por divulgar vídeo adulterado com fala de Jean Wyllys, deputado diz que não checou a veracidade do material antes de fazer a divulgação, embora seja delegado de polícia

O deputado Delegado Éder Mauro. Foto: Lúcio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados
Da Redação
09 de agosto de 2017, 23h29

Embora seja delegado de polícia, o deputado Éder Mauro (PSD-PA) admitiu nesta quarta-feira, 9 de agosto, ao Conselho de Ética da Câmara, que veiculou um vídeo adulterado, com falas editadas do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), porque não checou a veracidade do material. O vídeo adulterado teve mais de 10 mil compartilhamentos nas redes sociais do parlamentar policial. Nele, Jean aparece dizendo que “pessoas negras e pobres são mais perigosas que as pessoas brancas”.

Na verdade, a fala do deputado do PSOL foi propositalmente cortada para parecer que disse isso. A íntegra de sua declaração era: “Tem um imaginário impregnado, sobretudo nos agentes das forças de segurança, de que uma pessoa negra e pobre é potencialmente perigosa. É mais perigosa do que uma pessoa branca de classe média. Esse é um imaginário que está impregnado na gente”. O vídeo fraudulento, divulgado pelo deputado delegado sem qualquer checagem para saber se era verídico, foi compartilhado por dezenas de sites de direita que publicam informações mentirosas, as chamadas fake news.

O delegado admitiu ao Conselho de Ética que autorizou a publicação do vídeo em sua página no Facebook mesmo sem conferir a veracidade do material, mas negou que a adulteração tenha sido obra sua. “O principal aqui é que esse vídeo não foi produzido por nós; chegou a nós pelas redes sociais e nós publicamos em nossa página sem saber que houve alteração no começo do vídeo”, disse Mauro, ao apresentar sua defesa.

O vídeo manipulado traz recortes de um pronunciamento feito por Jean Wyllys durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou, em 2015, a violência contra jovens negros e pobres no Brasil. Na época, Jean reclamou da adulteração. “Isso foi um ato criminoso. Foi uma fraude cometida sobre uma fala que eu fiz numa reunião antiga”, reclamou Jean, mas Mauro negou então que a fala tenha sofrido edição. “Não tenho receio de ser acionado pela Justiça e pela Comissão de Ética desta Casa”, disse, reafirmando que a frase de Jean era verdadeira. “Todos devemos responder por aquilo que falamos.”

Diante da Comissão de Ética, porém, o delegado afinou. Indagado pelo relator, deputado Ronaldo Martins (PRB-CE) se, mesmo estando presente na reunião da CPI, em nenhum momento percebeu que o vídeo não condizia com o que Wyllys falou, Éder Mauro respondeu: “Não percebi. Se tivesse percebido que a primeira parte do vídeo foi editada, teria retirado essa parte e só teria deixado a parte em que tratamos das drogas.”

Ouvido como testemunha, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) disse que não tem como afirmar se Mauro é ou não o autor da adulteração, mas sustentou que a edição é criminosa e atinge diretamente a imagem de Wyllys como defensor dos direitos humanos.

Também ouvido como testemunha, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) ressaltou que a franqueza é sempre um valor, sugerindo que Mauro admita não só a publicação, mas a edição do vídeo. “Sendo inequívoco que houve edição ou adulteração, fazendo com que quem assistiu tivesse um entendimento absolutamente diverso do que o deputado afirmou, seria melhor que isso fosse reconhecido, admitido”, disse.

O parecer do relator deverá ser divulgado nos próximos dias.

(Com informações da Agência Câmara)

 

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Lucia em 10/08/2017 - 10h46 comentou:

Esse dep Éder Mauro tem que ser penalizado SIM
Desqualifica um outro deputado que ja é bastante perseguido.
Isso é anti ético
É uma atitude que não pode existir num cargo público
Espero que o Conselho de Ética não se compactue com essa falsa inocência

Responder

Marcos Paulo em 11/08/2017 - 14h02 comentou:

Tem que ser julgado e pagar pelo que fez, este deputado é mais um que votou contra a investigação a Temer, porém vamos separar as coisas, este Jean é outro da mesma laia ou pior.

Responder

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