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Espanha decide intervir na Catalunha, acabar com autonomia e destituir governo

Estão previstas "supervisão" ao parlamento, censura às telecomunicações e até prisão de funcionários que desobedecerem. Ah, se fosse na Venezuela...

Cartoon de Blower no The Telegraph
Cynara Menezes
21 de outubro de 2017, 14h55

O governo de direita da Espanha anunciou hoje que irá aplicar o artigo 155 da Constituição e acabar com a autonomia da Catalunha. O presidente da Generalitat, o governo catalão, Carles Puigdemont, será destituído, assim como o Parlamento da comunidade. É mais ou menos como se o presidente da Venezuela decidisse derrubar o governador de algum Estado e seus representantes e assumisse o lugar dele. O que diria a mídia hegemônica se Nicolás Maduro fizesse isso?

O Senado ainda precisa aprovar a intervenção, mas os jornalões espanhois, El Pais à frente, já dão o assunto como encerrado e já encontram justificativas para dizer que a intervenção “é democrática”. Aprenderam direitinho com a direita sul-americana, que chamou os golpes no Paraguai e no Brasil de “constitucionais”.

Uma vez oficializada a intervenção, as medidas baixadas pelo governo autoritário de Mariano Rajoy serão as seguintes:

1. Destituição do presidente, do vice-presidente e do governo da Catalunha: em vez dos governantes eleitos pelo povo, assumirá uma junta nomeada pelo governo central espanhol, assim como aconteceu no Brasil durante o golpe militar.

2. Limitações ao Parlament, o Legislativo catalão: os deputados continuarão no cargo, mas não poderão tomar nenhuma decisão sem autorização do governo central da Espanha. Uma “autoridade” designada pelo governo espanhol “supervisionará” os trabalhos legislativos. O que significa que, na prática, o Parlament estará sob intervenção, como fizeram os militares nas ditaduras sul-americanas.

3. Ministérios assumem a administração da Catalunha: Os ministérios espanhóis serão os governadores de facto da comunidade autônoma. Os funcionários estarão obrigados a cumprir as ordens ou poderão sofrer sanções administrativas, demissão e até prisão.

4. Intervenção na polícia catalã: o governo central assume o comando dos Mossos, a polícia da Catalunha, que passa a receber ordens diretas do Executivo. A Polícia Nacional e a Guarda Civil serão enviadas para atuar “em conjunto”, ou seja, ai de quem desobedecer.

5. Telecomunicações da Catalunha passam a responder ao governo da Espanha: para impedir que a televisão pública TV3 continue informando sobre o desejo dos catalães de independência, o governo espanhol passa a comandar a programação (ou seja, a censurar) e o diretor da emissora deverá ser demitido.

6. Eleições: novas eleições serão convocadas em seis meses para “restituir a legalidade” na Catalunha. Quem convoca as eleições na ex-comunidade autônoma é Rajoy, o presidente da Espanha. E pensar que tudo começou porque a corte espanhola, apoiada pelo governo e pela mídia, se recusaram respeitar o Estatut, a Constituição catalã…

O povo da Catalunha já está nas ruas. O presidente Puigdemont se pronunciará à noite.

 

 


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(13) comentários Escrever comentário

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Jefferson em 21/10/2017 - 20h25 comentou:

Não seja hipócrita!
Se o governo da Espanha é de direita o governo da Catalunha também é. Aliás o senhor Pujol, Más e Puigdemont tem um sistema malufista de fazer politica na Catalunha e são um grupo de cleptocratas que assalta os cofres da Catalunha a muito tempo. O artigo 155 da constituição não foi criado para acabar com a autonomia e sim para impedir que uma comunidade desrespeite a lei.O governo da Catalunha desrespeita sistematicamente a constituição espanhola assim como nossa constituição é desrespeitada pelos golpistas. Se a Dilma foi fraca em não cortar a cabeça dos golpistas e impedir esse golpe o governo espanhol não foi tonto em achar democrático aquilo que está fora da lei. Eu não teria moral em criticar o golpe no Brasil e bater palma para o golpe da Generalitat da Catalunha. Golpe e golpe não tem diferença.
A TV3 da Catalunha não tem que ser porta voz dos independentistas como é uma televisão publica deveria ser plural e a serviço de todos os catalães. Tv publica é de todos e não de uma parte como você já deve saber. A esquerda diz que quer a independência por causa da língua e da cultura catalã…. cultura e língua que tem respaldo e apoio na constituição espanhola.
Os separatistas mentem sistematicamente:
Catalunha nunca foi um pais independente e era parte do Reino de Aragão;
O casamento de Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão foi o que formou a atual Espanha;
A unica parte da Espanha que foi invadida e anexada foi o Reino de Granada na atual Andaluzia;
No Reino da Espanha cada região tem autonomia para ensinar no sistema publico as línguas oficiais do Reino (castelhano, catalão, basco e galego. O articulista poderia se indagar porque a Republica Francesa não respeita os falantes de bretão, occitano, catalão e basco dentro do território francês. Se a Espanha é franquista a França é o que? Philippe Pétain? Regime de Vichy?
Parte da esquerda é tão hipócrita e cínica quanto os direitistas que tanto criticam.
Defender o separatismo utilizando argumentos econômicos faz com que a esquerda se iguale a direita na defesa do egoismo e da falta de solidariedade entre os povos.

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Miguel em 22/10/2017 - 09h15 comentou:

Medidas do governo Espanhol de uma violência absurda. Só vai aumentar a adesão dos favoráveis a Independência. Mídia ocidental não comenta as medidas ditatoriais do governo Espanhol. Interessante que esta mesma mídia vibrava com cada um dos movimentos separatistas da ex-Iugoslavia.

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Jaime Iglesias Serral em 22/10/2017 - 16h38 comentou:

Sua análise é superficial e tendenciosa. A Espanha é um dos países mais antigos da Europa, e a Catalunha, tal como ocorre em outras nações, tem sua língua própria, mas historicamente faz parte desse país. Após uma longa e sangrenta ditadura de direita, levada a efeito por Franco, que reprimiu por décadas a toda a Espanha, mandando calar e matar seus opositores, finalmente nos anos 70, com a morte desse facista, pode a Espanha começar a voltar à normalidade democrática, e em 1978 foi promulgada a nova Constituição, cujas normas foram também aprovadas pelos representantes legais da Catalunha. Há, pois, uma unidade territorial e uma unidade legal naquele país, com submissão de todos à Carta Maior. Porém, os independentistas, como assim são chamados, que não são a maioria naquela Comunidade Autônoma, começaram um processo ilegal de separatismo, que resultou na aprovação de duas leis consideradas ilegais pelo Tribunal Catalão e pelo próprio Tribunal Constituicional (o STF deles). A consulta popular foi proibida, por representar uma ameaça de separação unilateral, mas mesmo assim a Generalitat, o governo Catalão, prosseguiu com um plebiscito restrito à Catalunha e ilegítimo do ponto de vista das leis provinciais e federais. A Generalitat e demais partidos separatistas, para levar a cabo uma votação totalmente fraudada, porque inexistente qualquer garantia do devido controle legal, ameaçaram os opositores, fizeram chantagem política, enfim, provocaram uma das maiores quebras de convivência daquele país. Há 2 semanas 1 milhão de catalães foi às ruas dizer que não queriam se separar da Espanha, mas foram solenemente esquecidos. Os separatistas seguem em sua sanha de poder e dinheiro. A Comunidade Européia, em uníssono, reprovou as tentativas separatistas e mais de 1.000 empresas da Catalunha, demonstrando sua desaprovação, também transferiram suas sedes sociais e fiscais e pretendem, a segui, mudar suas sedes fabris/administrativas, etc. A Constituição da Espanha prevê, expressamente, as medidas tomadas pelo Governo espanhol em casos como esse (art. 155), e tudo tem sido feito dando-se prazos para a Genaralitat voltar à legalidade, mas os separatistas somente fazem avançar sua marcha de ódio e preconceito contra os espanhóis, o que eles também são. No Brasil, uma Presidenta democraticamente eleita foi retirada do poder sob a alegação de cometimento de crime. Uma farsa. Aqui, nosso STF calou-se diante de um dos mais vergonhosos ataques contra nossa democracia. Ali, porém, tanto os tribunais catalães como o constitucional rapidamente se pronunciaram sobre aquilo que foi classificado como “golpe de estado unilateral”, e, desse modo, não se pode dizer que esteja havendo desrespeito à democracia. Se aqui se tivesse agido como lá, Dilma Rousseff teria sido imediatamente reconduzida ao cargo e seus algozes teriam sido processados perante a STF em razão dos crimes que cometeram. Seria bom que o Brasil fosse um pouco, um pouco só, como a Espanha.

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paulo em 22/10/2017 - 19h49 comentou:

morena contamos com seu apoio ao o sul e o nosso pais,separacao ja.

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    Cynara Menezes em 23/10/2017 - 11h29 comentou:

    se fizerem um referendo, dou todo apoio. além do mais, será maravilhoso para o nordeste se livrar de bolsonaro

Sergio em 23/10/2017 - 13h18 comentou:

Sra Morena Socialista, será maravilhoso para o nordeste se livrar de bolsonaro e se abraçar com quem??? Com os Sarneys? Calheiros? Collors da vida??? A maior mazela do nordeste não são os políticos de fora, mas são os da própria região. Deixar que os políticos daqui governem o Nordeste??? Se liga! Quer piorar a nossa situação aqui?

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    Cynara Menezes em 23/10/2017 - 15h11 comentou:

    ué, lula. e ciro gomes. e quem mais quiser se naturalizar nordestino. deixa o sul e o sudeste com bolsonaro. será maravilhoso, eu apoio

Sergio em 23/10/2017 - 16h08 comentou:

O Kremlin considera o independentismo catalão como mais uma oportunidade para aprofundar as fraturas europeias e consolidar sua influência internacional. Simples o que está por trás disso tudo!

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Jaime Iglesias Serral em 25/10/2017 - 09h38 comentou:

É, parece que você saiu chamuscada com esse post. Dois pesos e duas medidas não vale. Você está parecendo esse pessoal da direita, que dirige o barco para as teses que lhes convêm. Assim não dá. Direito é direito, lei é lei, democracia é democracia. O que vale para o Brasil vale para a Espanha. Alias´,o que deveria valer, pois aqui a Constituição foi pisoteada e todo o sistema legal permitiu que o golpe se consolidasse. E, pra terminar, o fato de a Espanha criticar a Venezuela (o que eu não concordo), não dá direito a esta de devolver na mesma moeda. A Venezuela não é uma ditadura como a Espanha tampouco tem agido de forma repressora. Ali, aplica-se a Constituição com autorização do Senado. Só isso. Diga-me onde isso é ilegal. Não dá para ser de esquerda e falar bobagens como essa do post.

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    Cynara Menezes em 25/10/2017 - 17h34 comentou:

    só vejo bairrismo nas suas queixas. você é espanhol e está defendendo seu país. eu sou de esquerda e estou defendendo a autodeterminação dos povos. a catalunha não deseja ser espanhola. respeito

Jaime Iglesias Serral em 28/10/2017 - 11h28 comentou:

Nossa, você viu meu passaporte? Sério? É clarevidente? Tem a chave da minha casa? Só para você saber eu sou brasileiro. Meu Deus, quanta arrogância. Então eu penso de acordo com minha ascedência? Mais uma bola fora sua, só mais uma. Você é de esquerda e apóia uma decisão de direita, contra a lei, xenófoba, separatista, anti-democrática porque não ouviu o conjunto dos espanhóis. . Sinto muito que você pense tão pequeno, tão raso. Saiu da lista.

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    Cynara Menezes em 28/10/2017 - 11h32 comentou:

    como pessoa de esquerda, respeito a autodeterminação dos povos. os catalães têm o direito de se separar se assim o desejarem

Jaime Iglesias Serral em 28/10/2017 - 11h30 comentou:

E aproveite para ler os fatos antes de publicar posts sem informação alguma. Não leu nada do que as pessoas escreveram para tentar abrir sua compreensão. Duro hein. Blog que eu não pretendo mais entrar. Esquerda de direita é com pobre de direita.

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