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Feminismo

Frida Kahlo vira Barbie, mas a Mattel esconde que ela era comunista

Fabricante de bonecas incluiu a artista mexicana como "modelo a seguir" para criancinhas, mas fez questão de omitir seu ativismo político

Foto: divulgação
Cynara Menezes
06 de março de 2018, 18h40

A boneca Barbie, sucesso entre as crianças há 58 anos e odiada pelas feministas por ser fútil e ter um corpo bulímico, inatingível, vem mudando nos últimos anos. Agora tem Barbie para todos os gostos: negra, oriental, muçulmana, morena, com cabelos cacheados, crespos… Até uma Barbie baixinha e gordinha (ou melhor, “curvilínea”) já inventaram. O que o mercado não faz em busca de novos consumidores?

A novidade agora são as Barbies “inspiradoras”, modelos para as meninas do século 21. Aproveitando o gancho do Dia Internacional da Mulher, a Mattel acaba de lançar a campanha #MoreRoleModels, com bonecas criadas à imagem e semelhança de mulheres que fizeram história, ontem e hoje. Tem a campeã de snowboard norte-americana de origem coreana Chloe Kim, tem a diretora de Mulher Maravilha, Patty Jenkins, a boxeadora britânica Nicola Adams Obe, a aviadora Amelia Earhart, a chef francesa Hélène Darroze e a matemática afro-americana Katherine Johnson, que trabalhou na NASA durante os primeiros anos da “corrida espacial”.

Não deixa de ser bacana que Frida, uma mulher admirável sob todos os aspectos, vire modelo para criancinhas no lugar de loiras aguadas, sem personalidade. O lado ruim é ver um ícone comunista mais uma vez sendo explorado pelo capitalismo para ganhar dinheiro

E tem… Frida Kahlo. A artista mexicana está vestida com seu traje tradicional de Oaxaca, o arranjo de flores no cabelo e o xale no ombro. As sobrancelhas cerradas também estão lá. Só não há sinal do buço característico da pintora. A Mattel também fez questão de omitir o histórico político de Frida, que não só foi comunista a vida toda como morreu admirando o líder soviético Josef Stalin, quando muita gente boa na esquerda já o tinha abandonado.

“Artista, ativista e ícone feminista, Frida Kahlo continua a ser um símbolo de força, originalidade e paixão. Ultrapassando obstáculos para seguir seu sonho de ser pintora, Frida perseverou e ganhou reconhecimento por seu estilo único. Com sua paleta vibrante e uma mistura de realismo e fantasia, ela abordou importantes temas como identidade, classe e raça, fazendo sua voz ser ouvida. Sua extraordinária vida e arte continua a influenciar e inspirar outros a seguir seus sonhos e pintar suas próprias realidades”, diz o texto de divulgação, em inglês. Nem uma palavrinha sobre o ativismo político que norteou a vida da pintora.

Não deixa de ser bacana que Frida Kahlo, uma mulher admirável sob todos os aspectos, vire modelo para criancinhas no lugar de loiras aguadas, sem personalidade. O lado ruim é ver um ícone comunista mais uma vez sendo explorado pelo capitalismo para ganhar dinheiro. Frida odiaria.

 

 


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(9) comentários Escrever comentário

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Luiz em 06/03/2018 - 19h52 comentou:

Einstein era socialista também, mas nunca divulgaram isso. Ele preferia estudar física a ter uma vida burguês dentro da fábrica.

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Sirlei Ramalho em 07/03/2018 - 08h41 comentou:

Imagine se essa colocação: “loiras aguadas, sem personalidade” fosse feita com negras.

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    Cynara Menezes em 07/03/2018 - 10h17 comentou:

    obviamente a colocação se refere a BONECAS LOIRAS, não a GENTE

Sergio Souza em 07/03/2018 - 11h16 comentou:

O capitalismo sempre ganha! Inclusive quando “socialistas” alcançam o poder, se esbaldam no capital. Desgraçadamente!

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Lucas Maestre em 08/03/2018 - 01h41 comentou:

Será que teremos o Kem Guevara!? Barbudo de boina tapeada? hahahahaha

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jesuitasousa em 10/03/2018 - 06h17 comentou:

A família contesta a Mattel do desvirtuamento da artista, com traços que não são dela.

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Soninha Dezute em 10/03/2018 - 13h56 comentou:

A Barbi em CADEIRA DE RODAS foi a boneca que bateu recordes de vendas, entretanto ela não existe mais. Sabem por quê? A casa da Barbi não é acessível e não foi feita para comportar uma cadeira de rodas!

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Lara em 10/06/2022 - 13h56 comentou:

Nenhuma palavra também sobre sua deficiência. Por que esse apagamento? Mulheres com deficiência existem e querem ser representadas.

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