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Frota perde ação para ministra de Dilma e apela à baixaria contra juiz

Inconformado porque Eleonora Menicucci foi absolvida, ex-ator e atual guru "intelectual" da direita saiu do fórum acusando o juiz de "julgar com a bunda"

Eleonora Menicucci comemora na saída do Fórum João Mendes. Foto: Roberto Parizotti/CUT
Da Redação
24 de outubro de 2017, 17h45

A ex-ministra das Mulheres do governo Dilma, Eleonora Menicucci, foi absolvida hoje, em segunda instância, do processo por danos morais que está sendo movido contra ela pelo ex-ator e atual guru “intelectual” da direita Alexandre Frota. Em maio do ano passado, Eleonora havia criticado o ministro da Educação, Mendonça Filho, por ter sido capaz de receber o ex-ator no gabinete para ouvir seus “conselhos” sobre a educação no país.

“Receber esse senhor, que não só já assumiu ter estuprado, mas também faz apologia do estupro, me passa uma credencial péssima de quem está dirigindo a educação”, disse a ex-ministra, se referindo a uma entrevista em que Frota, diante de milhões de telespectadores, conta ter estuprado uma mãe-de-santo desacordada.

“Fiquei olhando aquele bundão e falei ‘vou comer, vou pegar’. Cheguei pra ela assim: ‘deixa eu te falar uma parada, não acredito nessas paradas que você faz, mas queria te dar um pega. E aí, tem jogo?’ Ela não falou nada e eu pensei ‘vou pegar’. Aí virei, botei a mãe-de-santo de quatro, levantei a saia, agarrei ela pela nuca, botei o boneco pra fora e comecei a sapecar a mãe-de-santo”. Segundo o ex-ator, a mãe-de-santo teria inclusive “desmaiado” por conta da pressão na nuca.

Fui julgado por um juiz ativista, ativista do movimento gay, o juiz  não julgou com a cabeça, julgou com a bunda

Após a polêmica causada pela fala, Frota afirmou que tudo não passou de “brincadeira”, “piada”. No entanto, o ex-ator não gostou da referência que Menicucci fez à entrevista e a processou. Em maio deste ano, a juíza Juliana Nobre Correia, da 2ª Vara do Juizado Especial Cível de Vergueiro, na cidade de São Paulo, chegou a condenar a socióloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) a pagar 10 mil reais de indenização apenas por dizer que Frota falou o que falou. Hoje, a sentença foi revista.

Houve confusão na entrada do Fórum, com manifestantes favoráveis à ministra sendo insultados por um pequeno grupo que apoiava Frota (sim, havia até mulheres no grupo). Na saída, o alvo do novo guru da direita foi o juiz Luis Eduardo Scarabelli. “Fui julgado por um juiz ativista, ativista do movimento gay, o juiz  não julgou com a cabeça, julgou com a bunda e deu a causa para a Eleonora, por enquanto. Entendeu?” Os advogados dele disseram que vão recorrer.

No twitter, Alexandre Frota voltou a atacar o juiz.

Já a ex-ministra das Mulheres saiu de alma lavada e sensação de que a Justiça foi feita. “Esta vitória é de todas as mulheres. Ela não me pertence, mas a todas as brasileiras. Ela representa a condenação do estupro e a absolvição total das mulheres. É uma luta pela democracia, em favor da justiça social, dos direitos humanos das mulheres”, disse. “Tenho a honra de ser uma mulher que já viveu dois golpes neste país e que hoje enfrenta esta luta, em nome de um compromisso com as mulheres brasileiras. Essas que me ensinaram a lutar.”

Esta vitória é de todas as mulheres. Ela não me pertence, mas a todas as brasileiras. Ela representa a condenação do estupro

Eleonora Menicucci disse que saiu fortalecida com a vitória sobre o ex-ator. “Me sinto ainda mais comprometida com a luta pela democracia, pelo retorno do Estado de direito no nosso país, contra o golpe que tirou a primeira mulher presidenta, eleita e reeleita, e contra este clima de ódio que os golpistas instalaram em nosso país. Viva as mulheres brasileiras.”

Secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães lamentou a violência dos manifestantes favoráveis a Frota diante do Forum. “Existem movimentos de direita que são patrocinados. Gente que esteve hoje no fórum, que defende estuprador, que defende intervenção militar no Brasil”, criticou.

A filósofa e teóloga feminista brasileira Ivone Gebara comentou o absurdo da situação. “Eleonora denuncia um crime e é acusada porque o denuncia. E o criminoso tenta sair impune. Isso é um testemunho de que a legalidade não funciona no país e que o regime do terror, da banalidade, é que está vencendo, sobretudo na política e nos meios de comunicação.”

Com informações do site da CUT

 

 


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Fabão em 24/10/2017 - 21h12 comentou:

Mônica Iozzi pagou a Gilmar Mendes vinte mil por perguntar o que esperar de um ministro. Pela proporcionalidade o intelectual da direita Frota deve pagar ao juiz que ofendeu uns duzentos mil.

Responder

    Amanda em 25/10/2017 - 18h47 comentou:

    Aaaa seria “ótemo”!
    Ia ter q se cagar d tanto fazer filmes pornos !😂😂😂

Raman Kadal em 25/10/2017 - 09h08 comentou:

Caro Juiz não deixe essa situação barato é uma ofensa ao judiciário tão mal versado nesse país. O senhor fez justiça as mulheres de honra e luta esse rapaz é imbecil que ultrapassa todos os limites do racismo , homofobia, e estupidez humana. Tratou as religiões de matrizes africanas como um lixo, ofende uma idosa , agride um magistrado e fica impune ?

Responder

    Amanda em 25/10/2017 - 18h52 comentou:

    Concordo pleeenamente !
    Esse ser pensa q tudo pode, que esta certo! Tá mais q na hr de darem um chega p lá nele!

Felipe Roberto Martins em 29/10/2017 - 11h10 comentou:

Feliz! Justiça sendo feita.

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