Golpista apoiado pela mídia brasileira não explica fortuna

Saudado por parte da imprensa brasileira como um processo “constitucional”, o golpe que houve no Paraguai em junho deste ano e que apeou do poder um presidente eleito pelo povo, Fernando Lugo, mostra aos poucos o dano que trouxe ao país. Nos últimos meses, em que pese o apoio do maior jornal paraguaio, ABC Color, aos golpistas, várias denúncias vêm sendo divulgadas comprovando a “honestidade” do vice Federico Franco, que roubou a presidência de Lugo com o apoio dos setores mais conservadores do país vizinho e, infelizmente, do nosso.

Primeiro foi a parentada pendurada no governo. Franco, que criticava o suposto “nepotismo” de Lugo, empregou, em pouco mais de 30 dias no cargo, nada menos que 27 parentes no governo. Para justificar, disse então ter “orgulho” de sua família. No domingo 14, o jornal Última Hora soltou uma nova bomba: em quatro anos, o ex-vice transformado em presidente teve sua fortuna acrescida em 645 mil dólares, um aumento de 748%. Ninguém no país sabe como.

Os senadores franquistas saíram correndo em auxílio de seu líder, culpando os assessores pelo “erro” na declaração jurada de bens que fez o presidente, omitindo a fortuna. Em coletiva à imprensa, o próprio Franco admitiu haver “falseado dados” no documento apresentado à Controladoria. Até o candidato de seu partido à presidência exigiu explicações. O único senador pró-Lugo se manifestou em favor do juízo político do golpista, como foi feito com o presidente derrubado.

Algum dos “democratas” colunistas de certa mídia brasileira irá se posicionar a favor do juízo político de Franco ou a Constituição paraguaia só serviu para Lugo?  Minha opinião: a melhor coisa que aconteceu na história do sofrido Paraguai chama-se Fernando Lugo.