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Igreja catalã adere a referendo e chama governo espanhol de antidemocrático

Apoio ao referendo de 1º de outubro já é maioria nas paróquias catalãs, que rechaçam a ação do Estado espanhol, prendendo membros do governo catalão, fechando sites e invadindo redações

Campanário de igreja na Catalunha com faixa em favor da independência
Da Redação
26 de setembro de 2017, 15h37

A maior parte dos sacerdotes e bispos da igreja católica na Catalunha aderiu ao movimento pela realização de um referendo em 1º de outubro sobre a independência da região em relação à Espanha. Entidades católicas também acusaram de “antidemocrática” a reação do Estado espanhol ao referendo, fechando sites, prendendo membros do governo catalão, vistoriando redações de jornal, censurando envios pelo correio, entre outras retaliações.

Até fitas adesivas com a bandeira da Catalunha estão sendo confiscadas.

“Consideramos legítima e necessária a realização deste referendo”, diz uma carta assinada por, até agora, mais de 400 sacerdotes católicos, divulgada na última quinta-feira, 21 de setembro. “Em sintonia com nossos bispos, que reiteradamente afirmaram o caráter nacional da Catalunha”, “convém que sejam escutadas as legítimas aspirações do povo catalão”, conclui o texto.

Mais de 400 sacerdotes assinaram um documento pró-referendo e enviaram uma carta ao papa Francisco explicando pedindo que interceda em favor da realização da consulta

Também foi divulgado um documento em que 14 entidades católicas dão seu apoio às instituições catalãs e afirmam seu “rechaço às últimas atuações do Estado espanhol contra a democracia e o Estado de direito”. A mídia comercial espanhola, que está em campanha contra os independentistas, já reconheceu que a igreja catalã aderiu ao referendo. “A igreja catalã se junta com a Generalitat”, diz a matéria do El Pais, que, ao contrário do que faz em relação à Venezuela, não manifestou qualquer reparo à ação censuradora e repressora do governo espanhol.

Pelo contrário, o El Pais entrou na onda do conspiracionismo: está acusando a Rússia de “ingerência” no processo e de “inventar” notícias para favorecer os independentistas.

Segundo o diário La Vanguardia, o governo de Mariano Rajoy, do PP (direita), apresentou uma queixa junto ao Vaticano contra a carta enviada pelos sacerdotes, alegando que agride o Código de Direito Canônico e os acordos entre a Espanha e Santa Sé em 1979, na transição do franquismo para a democracia. Em resposta, os mesmos religiosos enviaram uma carta ao papa Francisco explicando as razões de sua adesão ao referendo e pedindo que interceda em favor da realização da consulta.

 

 


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Sergio Vauduro em 26/09/2017 - 22h29 comentou:

É um anseio antigo, e que ganha força.
Mas não sei qual seria a vantagem da Catalunha se separar da Espanha.

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    Allan Patrick em 27/09/2017 - 15h06 comentou:

    Uma vantagem seria a garantia do respeito à sua cultura. O ministro da educação do primeiro gabinete de Mariano Rajoy tentou desmanchar a política de ensino em catalão das escolas públicas dessa região. Na Catalunha, nas últimas décadas, o apoio à independência não passava de 25% da população. Isso começou a mudar depois dos ataques da direita durante os mandatos de Rajoy à política cultural catalã.

Policarpo em 27/09/2017 - 22h08 comentou:

Morena, por favoooooor, me desculpe mas não nos faria bem mais pluralismo?
Pluralismo não significa nem “equidistância”, nem “neutralidade”. Criticar os independentistas ou anti independentistas, não é equidistância ou neutralidade, é uma postura crítica, bastante razoável e defensável, em qualquer caso e neste em específico é inclusive sinal de prudência.
Nós no Brasil nos últimos anos temos sido vítimas de campanhas histéricas, dessas que pintam e apontam o dedo para o “inimigo” a ser eliminado, sempre o “inimigo” seja ele espanyol o catalan, francês ou alemão, “liberal” ou “comuna”. Sabemos a que tudo isso serve e em que tudo isso acaba.
O nacionalismo e o fanatismo religioso na Europa sempre foi e, temo que ainda seja, algo terrível. Emile Zola, anteviu na beira do abismo do século XIX a desgraça que viria no século XX. Os artigos de Zola sobre o caso Dreyfus deveriam ser leitura obrigatória a todos nós. Colocar uma ideia política estúpida em movimento é fácil, difícil depois é pará-la ou evitar seus efeitos perversos.

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Policarpo em 10/10/2017 - 23h20 comentou:

Pronto a CUP conseguiu fazer com que Rajoy, Santamaria e a indescritível Maria Dolores de Cospedal (da “indenização em diferido” da demissão do tesoureiro do PP, que virou piada nacional, incluída sim a Catalunha, e atualmente ministra da defesa, vou repetir, ministra da defesa) pareçam pessoas sérias, ponderadas, democratas e defensores da lei.
Pronto os “PSOLES catalãos” já tem a sua versão do nosso “não são só 20 centavos”!!!
Parabéns, a bandeira Republicana em Espanha agradece o serviço que a generosíssima esquerda anti capitalista republicana catalã prestou aos Bourbons e a Nova Direita Franquista repaginada no PP e no Ciudadanos de Rivera e Arrimadas.Mas nada disso importa Rufian da ERC vai continuar imbatível no twitter e as chicas da CUP lideradas pela “bruxa” Anna Gabriel vai continuar arrasando com seu look fashion.
Isso foi pior muito pior que o cavalo de pau de Syriza. E terá efeitos muito mais deletérios na Europa e no mundo.
E nós aqui lutando contra um golpe de estado, pela sobrevivência, nossa, de nossas famílias e por um ideal generoso e socialista.
Como dizia minha avó, pá burro só falta as penas. TNMDC!!!!

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