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Leon Trótski em 1930: o perigo fascista

"Se o Partido Comunista é o partido da esperança revolucionária, o fascismo é, como movimento de massas, o partido da desesperança contra-revolucionária"

Leon Trotski em 1940 no México. Foto: Alexander Buchman
Da Redação
04 de outubro de 2017, 23h18

Reproduzimos trechos de um texto de Leon Trótski de setembro de 1930, O perigo fascista ronda a Alemanha. Como a história é cíclica, observem a atualidade do que ele diz, sobretudo nas frases destacadas em negrito pelo site. O artigo do revolucionário russo foi publicado dois anos antes da vitória de Adolf Hitler, e aborda a situação da Alemanha logo após a eleição parlamentar, quando os comunistas foram derrotados pelos nazistas e pelos sociais-democratas.

Trótski prevê que, como no mundo de hoje, o fascismo é um perigo real. Fala, inclusive, da necessidade da aliança da esquerda, representada então pelo Partido Comunista, com os sociais-democratas como a única saída possível para combater o fascismo. A história mostra que esta união nunca aconteceu.

***

Por Leon Trótski

A primeira qualidade de um autêntico partido revolucionário é a de ser capaz de olhar a realidade frente a frente.

Para que a crise social possa ser conduzida para a revolução proletária, é necessário que, ao lado de outras condições, se dê um decisivo movimento das classes pequeno burguesas em direção ao proletariado. Isto daria ao proletariado a chance de se colocar à frente da nação e liderá-la.

As últimas eleições revelam uma tendência na direção oposta. Sob o impacto da crise, a pequena burguesia tem se inclinado não pela revolução proletária e sim pela mais radical reação imperialista, levando consigo, nessa direção, um considerável setor do próprio proletariado.

O gigantesco crescimento do nazismo é resultado de dois fatores: uma profunda crise social, que desestabiliza o equilíbrio das massas pequeno burguesas, e a carência de um partido revolucionário que apareça diante das massas populares como uma reconhecida liderança revolucionária. Se o Partido Comunista é o partido da esperança revolucionária, o fascismo é, como movimento de massas, o partido da desesperança contra-revolucionária. Quando a esperança revolucionária abraça as massas proletárias por completo, isso empurra inevitavelmente no caminho da revolução consideráveis e crescentes setores da pequeno burguesia. Precisamente nesse plano, as eleições oferecem a imagem oposta: a desesperança contra-revolucionária abraça as massas pequeno burguesas com tanta força que empurra importantes setores do proletariado…

Nós teremos que chegar a acordos, inevitavelmente, com diversas organizações e facções sociais-democratas contra o fascismo

O fascismo na Alemanha tem-se convertido num perigo real, como uma aguda expressão da posição de desamparo em que se acha o regime burguês, do papel conservador da social-democracia nesse regime e da impotência acumulada pelo Partido Comunista para derrubá-lo. Quem negar isto é cego ou um fanfarrão.

É certo que a social-democracia preparou, com a sua política, o florescimento do fascismo, mas é certo também que o fascismo supõe uma ameaça mortal primeiramente para a própria social-democracia, cuja força está indissoluvelmente ligada às formas e métodos democrático-parlamentares e pacifistas de governo.

A crise social produzirá inevitavelmente uma profunda cisão no seio da social-democracia. A radicalização das massas afetará os sociais-democratas. Nós teremos que chegar a acordos, inevitavelmente, com diversas organizações e facções sociais-democratas contra o fascismo, colocando condições precisas aos seus líderes, diante dos olhos das massas… Devemos abandonar as declarações vazias sobre a frente unida e voltar à política de frente unida tal como ela foi formulada por Lenin e sempre aplicada pelos bolcheviques em 1917.

Texto original aqui.

 

 


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(7) comentários Escrever comentário

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Eduardo Fernandes em 05/10/2017 - 08h57 comentou:

Leon, sempre Leon!

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Sergio em 05/10/2017 - 10h38 comentou:

Uma pequena amostra. Pol Pot foi ditador no Camboja de 1963 a 1979. COMUNISTA, ele acreditava numa sociedade igualitário.

COMO ELE FEZ ISSO? Pot ordenou a destruição de qualquer traço de tecnologia do país e defendia uma sociedade 100% agrária.

O trabalho no campo era forçado e exaustivo, de 4h da manhã às 10h da noite Para comer, os camponeses recebiam uma porção de arroz a cada dois dias. O povo do Camboja perdeu acesso a educação e saúde. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram executadas por não seguir as regras do ditador. É essa coisa linda que o site defende?

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    Cynara Menezes em 05/10/2017 - 20h20 comentou:

    não. o site despreza pol pot

    Vinicius Cavalcante em 06/10/2017 - 02h08 comentou:

    A linha stalinista que Pol Pot seguiu é diametralmente oposta à vida e obra revolucionária de Trotsky. A perseguição que este sofreu, em toda a sua vida, contra a burocracia e de toda a contra-revolução que Stalin representou torna tal colocação como inadequada. Trotsky representa acima de tudo a busca pela construção do socialismo, o fim da propriedade privada e do Capital sem abri-se mão da Democracia Operária, por tal luta ele foi assassinado.

    ari em 07/10/2017 - 20h13 comentou:

    1. Da mesma forma que o Sérgio, a imensa maioria das pessoas, por desinformação ou má fé confundem estados ou lideranças que se dizem comunistas com aquelas que de fato o são. Stalin obviamente perdeu-se no caminho, embora tenha sido fundamental para a criação de uma URSS forte. Pol Pot e outros vão na mesma linha. Comunismo, em última análise, é na verdade uma sociedade sem classes. Uma utopia? Talvez
    2. Cesar Ivanildo, você, infelizmente, está cheio de razão. A religiões ocuparam o espaço que deveriam ser dos partidos progressistas. Hoje não tenho dúvidas em dizer que a mídia e as igrejas são dois dos maiores males de nosso país, atuando como verdadeiro “ópio do povo”, levando-o a eleger figuras indigestas como Magno Malta.
    Faço uma exceção a uma parcela minoritária da igreja católica e a algumas poucas denominações aqui e acolá

Cesar Ivanildo da Silva em 06/10/2017 - 13h08 comentou:

No Brasil neste momento o que as massas proletárias abraçam por completo como esperança é um tal de Jesus Cristo .

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Dagmar em 14/10/2017 - 00h56 comentou:

Seria muito bom que um maior número de pessoas estudassem Marx (socialista) e Adam Smith (capitalista) os dois com amplos conhecimentos em direito e economia eram tb. filósofos. O que fizeram com seus escritos está longe do que estudaram e sonharam para que o mundo fosse mais justo……..para todos ……..

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