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Direitos Humanos

Marielle, vereadora do PSOL executada no Rio, denunciava violência policial

Quatro dias atrás, Marielle postou nas redes sociais sobre o assassinato de jovens e as ameaças feitas por policiais a moradores em Acari

A vereadora Marielle Franco. Foto: reprodução facebook
Cynara Menezes
14 de março de 2018, 23h30

Quatro dias atrás, a vereadora Marielle Franco, do PSOL, assassinada a tiros no centro do Rio hoje, denunciou nas redes sociais a violência policial na favela de Acari, zona Norte da cidade. “O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”, escreveu Marielle.

Ontem, a vereadora voltou a denunciar a violência policial ao comentar o caso de Matheus Melo, de 23 anos, morto ao ser alvejado por policiais militares em Manguinhos, Zona Norte. “Mais um que pode estar entrando para a conta de homicídios da polícia. Quantos jovens precisarão morrer para que essa guerra aos pobres acabe?”, perguntou Marielle, que era socióloga.

Em 2016, a CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens concluiu que há um genocídio de jovens negros no país: a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no país. Muitas das mortes acontecem pelas mãos de policiais nos famigerados “autos de resistência”, onde a polícia atira e depois justifica o assassinato dizendo que o jovem negro “resistiu à prisão”.

Marielle Franco também fazia críticas constantes à violência policial em seu perfil no twitter.

Ela tuitou sobre as mortes dos jovens em Acari. “O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte”, disse.

Nascida no Complexo da Maré, Marielle, a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016, com 46.502 votos, voltava de uma roda de conversa com mulheres negras na Lapa quando um carro emparelhou com o veículo onde ela estava. Os ocupantes abriram fogo contra a vereadora, que levou quatro tiros na cabeça, e fugiram. Segundo o jornal Extra, a polícia civil encontrou pelo menos oito cápsulas de balas no local.

As últimas imagens da vereadora foram publicadas em sua página, que transmitiu a roda de conversa, apenas algumas horas atrás.

“O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação”, diz a nota oficial do PSOL. “A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos! Marielle, presente!”

O PT também soltou nota oficial. “O brutal assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, é um crime que atinge diretamente a cidadania e a democracia. Marielle foi executada no momento em que vinha denunciando os abusos de autoridade e a violência contra moradores das favelas e bairros pobres da cidade, por parte de integrantes de um batalhão da Polícia Militar. O Partido dos Trabalhadores exige imediata e rigorosa apuração deste crime, que desafia abertamente a política de intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro. Nossa solidariedade aos familiares e amigos da companheira Marielle. Vamos prosseguir com sua luta contra a violência e os abusos contra os pobres”, diz o texto, assinado pela presidenta do partido, a senadora Gleisi Hoffmann.

 


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Sergio Souza em 15/03/2018 - 14h22 comentou:

Que os assassinos sejam capturados. Tenham um julgamento rígido e justo. E que sejam punidos na forma da lei exemplarmente.

Responder

Marcelo em 19/03/2018 - 07h43 comentou:

A vereadora Marielle, conquistou o seu cargo no Legislativo com votos da…classe média.

Responder

    Cynara Menezes em 19/03/2018 - 10h22 comentou:

    e daí?

Sergio Souza em 19/03/2018 - 17h16 comentou:

Denunciar a violência policial, é mais que válido e preciso. Porém, também é preciso denunciar a violência dos narcotraficantes! E isso não aparece no discurso do PSOL. A violência policial oprime a população mais pobre, pior ainda fazem os narcotraficantes. Jovens de 10 anos são sacados das famílias e utilizados para fazer o trabalho sujo dos traficantes. Violência é violência. Não dá para denunciar violência policial e ocultar a violência dos narcotraficantes. Os narcotraficantes possuem armas de guerra! Como vencê-los? Apelando para a consciência social? Eles não sabem o que é isso! Conhecem a lei das armas, para tomar pontos de venda de drogas, e vender mais drogas para ganharem mais dinheiro.

Outra coisa que precisa mudar no PSOL, é querer dar anistia a criminosos. Parar de querer convertê-los em revolucionários! Têm que ser presos e pagarem pelos crimes que cometem! Vai se assim também com os criminosos da vereadora falecida? Ou vão exigir punição?

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