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Cultura

Nuvem, a bicicleta made in Brasília

A história do "camelo" que marcou época e voltou a ser um hit, produzida por bicicleteiros da capital federal

Uma das novas versões da Nuvem. Foto: Sérgio Amaral
Cynara Menezes
02 de setembro de 2014, 17h48

Reza a lenda que quando Renato Russo falava que Eduardo e Mônica “se encontraram no parque da Cidade, a Mônica de moto, e o Eduardo, de camelo”, o “camelo” em questão era uma Nuvem. Camelo é gíria de Brasília para bicicleta, e a Nuvem é legítima invenção candanga. O design não é niemeyeriano, mas bike mais brasiliense não há.

Tudo indica que seu criador foi Zé do Pedal ou Zé Cadima, personagem folclórico da capital que virou até documentário, onde diz, orgulhoso: “A Nuvem foi minha criação que acabei deixando para a humanidade”. O modelo original foi montado a partir do quadro de uma velha Monareta, bicicleta que marcou a infância de quem cresceu na década de 1970. Com rodas aro 20 (uma bicicleta comum, de adulto, tem aro 26), coroa grande, guidão alto e freio contra-pedal, o camelo de Zé Cadima fez a fama derrotando muita bicicleta importada em rachas na capital.

(A boa e velha Monareta)

A boa e velha Monareta

Nos anos 1980, auge do rock Brasília e do Legião Urbana, a onda entre os meninos da Asa Sul era pegar a bike, também chamada de “camelinho”, e ir dar um rolé no parque. Há dois anos, com as novas ciclovias construídas, a capital vive um boom de ciclismo e a Nuvem voltou.

Surgiu um clube de fãs da bicicleta no Facebook e uma agência de turismo, a Experimente Brasília, promove city tours em uma frota de Nuvens amarelas. Durante a Copa, uma loja criou uma coleção delas com as cores e bandeiras de vários países. “A Nuvem virou cult”, diz Daniel Malva, da Commute Bike. “É uma coisa nostálgica, tem gente que chega aqui e diz: ‘não acredito, já tive essa bike’. Já chegamos a vender uma com selim e manoplas inglesas por 2 mil reais.” O preço médio varia de 650 a 800 reais.

O bicicleteiro Filé em sua oficina na cidade-satélite de Sobradinho. Foto: Sérgio Amaral

Por que Nuvem? Outra lenda: o nome veio do hábito dos pioneiros fãs da bicicleta de pedalar fumando uns cigarrinhos de aroma peculiar –daí a ausência de freio manual. “Quem andava nela tinha fama de maconheiro”, entrega Filemon Carvalho, o Filé, que produz a bicicleta de forma artesanal há 35 anos na cidade-satélite de Sobradinho. “A galera ia pedalando e a fumacinha seguia atrás…”

Assista ao documentário sobre Zé do Pedal, personagem brasiliense:

Reportagem originalmente publicada na edição 814 de CartaCapital


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(13) comentários Escrever comentário

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Rodrigo em 04/09/2014 - 22h10 comentou:

qual a relação com o socialismo?

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    morenasol em 04/09/2014 - 23h30 comentou:

    bicicleta tem tudo a ver com socialismo, porque é um veículo ecológico, bom para o corpo e para a mente. mas você deve ser novato aqui. aconselho a ir na seção "sobre o blog" onde está claro que política não é meu único assunto

    ricardo em 21/12/2014 - 00h52 comentou:

    Nenhuma relação com o socialismo. Aliás, o che andava de moto.

Adriano em 05/09/2014 - 14h16 comentou:

Notei que estão fazendo uma obra bastante longa pelo lado da L4 norte, tudo indica que será uma ciclovia, alguém confirma isso.

Responder

LUIZ RICARDO em 07/12/2014 - 23h04 comentou:

Amigos,

Gostaria de comprar a nuvenzinha e não sei bem onde compra-la de boa qualidade e garantia.
Tenho 85 quilos e tenho que comprar uma que aguente meu peso.

Um abraço e aguardo resposta.

Luiz Ricardo

PS.: Favor mandar mensagem para o e-mail.

Mais uma vez vez grato.

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Marcio estevao em 04/02/2018 - 21h29 comentou:

Tenho uma nuvem já tem 21 anos

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Lucas Aderaldo em 26/03/2018 - 17h04 comentou:

E aquela nuvenzinha tandem? Alguém já andou em uma?

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Frete em Biguaçu em 24/04/2019 - 23h58 comentou:

Poxa, mandaram ver.

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ANTONIO ARRUDA em 28/05/2020 - 21h42 comentou:

Quanta nostalgia poder ler por aqui sobre Ze Cadima e Filé…. Grato a Deus por ter vivido essa época de OURO em BSB, grato a ZE CADIMA pelos longos treinos de PERFORMACE e grato a vc FILÉ por várias vezes ter ajustado a LIGHT para poder competir ali na pista de bicicross da 410Sul junto a casa do ciclismo do Sr. AFONSO.

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Wilton em 22/07/2020 - 00h35 comentou:

Quem inventou esse modelo foi eu!!!entre 1983 e 84. Não tinha dinheiro pra comprar uma bicicleta e consegui um quadro que nem sabia qual era o modelo. A princípio achei ruim porque se parecia com um modelo feminino e soldei um tubo pra reforçar e se parecer com um quadro normal. Eu morava no setor Sul do GAMA DF. Algum tempo depois troquei por uma bicicleta grande.

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    Cynara Menezes em 23/07/2020 - 09h48 comentou:

    que legal!

Zé em 27/12/2020 - 18h42 comentou:

Mentira !! Fui eu que “inventei” a nuvem e vendi pro Zé cadima que era meuvizinho de porta no meu bloco K da 309 sul. Mas não chamávamos de nuvem …e sim nessa época fumávamos esse tal de cigarrinho aromático

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Nelson em 08/02/2021 - 08h41 comentou:

Aprendi a andar de bike em uma monareta olé 70 em Santos, em 1970 mesmo, era o ano da copa. Exatamente esse quadro ! Tirei os para lamas o bagageiro, protetor de corrente, deixei-a “pelada” e pintei de verde escuro metálico. Ficou linda, eu amava ela. Santos é bom lugar para andar de bicicleta. Mudei pra São Paulo e não lembro q fim deu minha monareta. Sempre quis ter outra igual, nos moldes q montei a minha, que é exatamente como essa Nuvem de vcs, só que com freios de cabo e sapata. Hoje tenho 62 anos, sou ciclista ( nunca deixei de ser ) e bom vê-la de novo com essas cores e aros atualizados. Boa idéia de vcs. Sucesso !

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