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Mídia

O “jornalismo” misógino e chapa branca da revista IstoÉ ataca novamente

Desde que Lula chegou ao poder, o jornalismo brasileiro entrou em uma espiral de decadência: mal feito, machista, reacionário, provinciano e capaz de rifar sua linha editorial em troca de anúncios

Dilma e Gleisi, pintadas como "bruxas" pela IstoÉ
Cynara Menezes
13 de agosto de 2017, 23h41

Antes de mais nada, é preciso lembrar que a IstoÉ já foi a favor do PT, quando o partido estava no governo e engordava os caixas da revista com dinheiro público em forma de propaganda. Em agosto de 2010, em plena pré-campanha da então desconhecida Dilma Rousseff, a semanal da editora Três chegou ao cúmulo de ressuscitar um slogan ufanista da ditadura na capa para ajudar Lula a eleger sua sucessora.

Um dos maiores erros do PT no poder foi distribuir à farta anúncios publicitários governamentais para tentar cooptar a mídia, em vez de reduzir de forma drástica o absurdo financiamento público de empresas privadas de comunicação. Empresas que se arvoram em praticar “jornalismo independente” e se esmeram na defesa ardorosa de políticas neoliberais de “estado mínimo”, enquanto, incompetentes, só sobrevivem graças à generosidade governamental com o dinheiro do povo, caso único no mundo.

Se, jornalisticamente falando, o chapabranquismo da IstoÉ já causava vergonha alheia na era PT, com Temer a bajulação chegou aos píncaros

Mas, se, jornalisticamente falando, o chapabranquismo da IstoÉ já causava vergonha alheia na era PT, com Temer a bajulação chegou aos píncaros. Foi só o presidente ilegítimo sentar na cadeira que a revista já se comportava como porta-voz oficial: “Dois anos para reconstruir o Brasil”, dizia a capa de maio de 2016, pouco depois de Dilma ser afastada do cargo. Desde então, tudo que Temer fez foi o contrário.

Em dezembro, com Temer já definitivamente no cargo, a IstoÉ se superou novamente, elegendo-o “brasileiro do ano” ao lado do candidato derrotado Aécio Neves, do PSDB, e do paladino da Justiça Sergio Moro. Para comprovar que o negócio da revista é bajular, ela já havia feito o mesmo com José Dirceu em 2004 e com a própria Dilma em 2011. O mais hilário é que o lema da IstoÉ em todos estes anos continua o mesmo, “independente”, quando seria mais sincero usar a epígrafe “hay gobierno, soy a favor”.

Em 2014, a roda da fortuna da IstoÉ já havia girado e a revista aderiu sem o menor pudor à campanha de Aécio Neves. O tucano, que seria flagrado este ano pedindo grana ao dono da JBS, aparecia na capa como a “mudança segura” para o país.

A bola (ops) da vez para o puxa-saquismo da IstoÉ é o prefeito de São Paulo, João Doria, que, sem ter feito absolutamente nada surpreendente em termos administrativos além de aumentar a velocidade e o número de atropelamentos fatais na capital paulista, ganhou o status de principal oponente do presidente Lula.

Mas os micos sucessivos do pseudojornalismo da IstoÉ parecem estar longe do fim. Nos últimos tempos, depois que se transformou, por razões obscuras, em inimiga do PT, a revista conseguiu superar, em termos de ridículo, a psicopatia antipetista da própria Veja. O jornalismo chinfrim fica ainda mais evidente quando se percebe que, quando se trata de cumprir a missão recebida de atacar os adversários, a mão dos editores pesa mais quando se trata de mulheres.

A bola (ops) da vez para o puxa-saquismo da IstoÉ é Doria, que, sem ter feito absolutamente nada surpreendente além de aumentar a velocidade e os atropelos fatais na capital paulista, ganhou o status de principal oponente de Lula

A misoginia da IstoÉ com Dilma Rousseff, candidata à reeleição em 2014, já entrou para os anais do jornalismo e foi condenada pela Justiça: em julho do ano passado, a presidenta ganhou direito de resposta contra a revista por tê-la chamado de “histérica” em uma capa durante a campanha eleitoral.

Mas Dilma não foi a única mulher candidata a ser atacada pela publicação da editora Três em 2014. Também na capa, Marina Silva foi pintada como uma pessoa “com ideias confusas”, “despreparada”, “fundamentalista religiosa” e com um passado de “intolerância”. Naquela época, a IstoÉ se dedicava a fazer um providencial jogo duplo, agradando a ambos os partidos, PT e PSDB, para enfraquecer Marina. Jornalismo? Para quê?

O mais novo alvo do mau jornalismo misógino da IstoÉ é a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. Neste fim de semana, Gleisi aparece na capa da publicação com uma expressão feia, zangada e usando uma boina de guerrilheira, sendo que sempre esteve situada nas alas mais soft do partido, até para insatisfação da militância. Tanto é assim que, quando estava na Casa Civil, Gleisi era criticada pela esquerda como “inimiga” dos povos indígenas e defensora dos ruralistas. Foi, inclusive, elogiada por um blogueiro reacionário da Veja exatamente por isto.

Nas páginas da IstoÉ, porém, a senadora paranaense aparece como uma “radical bolivariana”, além de “corrupta”. Uma verdadeira “bruxa”, repetindo a mesma estratégia utilizada com Dilma. Em seu facebook, a própria Gleisi respondeu às acusações da reportagem, segundo ela “mal escrita” e cheia de erros banais, como por exemplo tê-la colocado como candidata ao Senado em 2014 quando foi derrotada ao governo do Paraná. Ela também ironizou a capa dizendo que adorou a boina.

Desde que Lula chegou ao poder, em 2002, a imprensa entrou propositalmente em uma espiral de decadência, com a intenção de nivelar o debate político por baixo e formar leitores tão estúpidos que sejam capazes de acreditar no que ela diz. A mentira contra Lula, o PT e a esquerda em geral passou a ser uma constante nos jornais e nas emissoras de TV. O antipetismo transformou o jornalismo brasileiro num pastiche: mal feito, machista, reacionário, provinciano, capaz de rifar sua linha editorial em troca de anúncios.

(E depois nós, a mídia alternativa, é que éramos “sujos”.)

 

 


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(14) comentários Escrever comentário

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Angela em 14/08/2017 - 09h12 comentou:

Parabéns pela lucidez. Grande abraço. Sou de Niteroi-RJ

Responder

Carlos Evanmar Moreira em 14/08/2017 - 17h08 comentou:

Como dizia o inesquecível jornalista Lustosa da Costa, na minha casa não entra sujeiras, podridão, Lixo como IstoÉ, veja, Estadão e outras imundices do gênero.

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Rosa duarte em 15/08/2017 - 05h14 comentou:

porque no tempo do pt voces nao evantaram essa lebre? gostavam, nao é? agora parece estar rolando uma invejinha do corajoso temer que esta tentando tirar o país da vala profunda do petismo falso traidor do povāo.

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    Cynara Menezes em 15/08/2017 - 11h48 comentou:

    “corajoso temer”. mas não, não tem bandido de estimação

Luiz Alves - Bahia em 15/08/2017 - 06h30 comentou:

Parabéns, Cynara. Essa matéria dá um chute bem no calcanhar da mídia bandida.

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ramon em 15/08/2017 - 13h32 comentou:

INCOMPETENCIA E CORRUPÇÃO NÃO TÊM SEXO, OU VC É CORRUPTO OU NÃO É, OU VC É INCOMPETENTE OU NÃO É, SEJA HOMEM, MULHER, HOMOSSEXUAL, PRETO, BRANCO, POBRE, RICO, “PROGRESSISTA”(ARGH), “DIREITISTA”(ARGH), FRANKSTEMER, MULHERSAPIENS, MINEIRINHO, SANTO, AMANTE, LINDINHO, OU OUTROS QUE ATENDAM PELO SINGELOS PSEUDÔNIMOS CONSTANTES NA PROPALADA PLANILHA DE UMA CERTA EMPREITEIRA MUITO BEM CONSOLIDADA COMO UMA DAS MAIORES EMPRESAS DA ÁREA DA CONSTRUÇÃO CIVIL, PRINCIPALMENTE NOS GOVERNOS DA ESQUERDA CAVIAR. CHEGA DE MIMIMI!!!!!

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Joao em 15/08/2017 - 13h39 comentou:

Por que a alternativa é não publicar meu comentário?

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    Cynara Menezes em 15/08/2017 - 14h29 comentou:

    porque você não pode vir numa página de esquerda ofender as pessoas, básico.

carlos jorge martins em 16/08/2017 - 22h40 comentou:

Um ”Jornalismo” de Gueto, Predador, Misógino Chapa Negra. A Istoé é Uma Latrina da Grande Mídia.

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rickbonn em 17/08/2017 - 08h26 comentou:

O JUDICIÁRIO CORROMPIDO PELO CRIME ORGANIZADO CORRUPTOR

Ricardo Edmundo Cecconello, em 17/agosto/2017.

Não, não, e não! Nunca poderão dizer, mais tarde, no futuro, que ninguém veio do povo néscio reclamar do circo judiciário brasileiro no século XXI.

Eis-me aqui, povo ignorante, fascista canalha, covarde corrompido, e FDP!

Eis-me aqui tirando, da cartola dos magos togados corruptos, o maior exemplo da saga do crime organizado nos meios jurídicos brasileiros, nos anos 2000.

Onde já se viu, nas bancas de quaisquer das faculdades de Direito, algum “bacharel” não ávido para estar ingresso na Ordem dos Advogados do Brasil? Os estudantes geniais em Direito, aqueles que se sobressaem nas bancas examinadoras, com brilhantes provas sabatinais, são aprovados na OAB antes mesmo de diplomados “bacharéis”.

Não todos, como há de se provar aqui. Nem todos os estudantes em Direito estarão aptos para a “prova” de conhecimentos da OAB.

Existe nos anais do Direito Brasileiro, um rapaz franzino, de fala mole e efeminada, vindo dos fins do judas perdeu as botas, caipira de pai e mãe, não muito assíduo entre as melhores notas em provas da faculdade de Direito, pior ainda em redações de pobre língua escrita portuguesa, paupérrimo em conhecimentos jurídicos, e reprovado em constantes investidas nas provas da OAB, que, pasmem todos, de repente, com apenas 23 anos de idade, e menos de dois anos diplomado “bacharel”, passou em difícil prova para “juiz federal”, em verdadeiro circo da direitalha coronelista paranaenses.

Ninguém questionou, ninguém questiona, ninguém questionará o estranho “concurseiro” aprovado sem qualquer experiência em Direito, deixando para trás seus colegas mais geniais, seus expoentes na faculdade, seus bons exemplos de cidadãos honestos, aptos a se tornarem juízes com caráter, juízo são, e abnegada dedicação ao seguir as Leis e a Constituição Brasileira.

Logo notei eu, a politização regional do novo carrasco jurídico, igual ou mais desleal que os “batman” de supremas capas pretas federais, que escondem, sob a toga negra, sua covardia absoluta e cumplicidade com o que se viu e o que se vê, nos anos 2.014 a 2018, ante o poder avassalador do crime organizado em todos os setores públicos e privados da vida brasileira, principalmente no circo congresso nacional.

Não tenho provas, mas minhas eventuais convicções demonstram, fora de dúvidas, que até hoje o juizéco caipira não seria aprovado, sem ajuda dos cupinchas tucanalhas, no exame da OAB, junto com os recentes egressos das faculdades de direito circense brasileiras.

Claro, outrossim, que ele jamais topará meu desafio. Igual o seu adepto “colega” procurador de justiça, que desafiou todas as leis da igreja batista para ser aprovado como “procurador”, inclusive burlou as leis brasileiras para ser “aprovado” procurador, mesmo fora das normais normas legais para tal ingresso.

Factum consumatum est, bostum fétidum consuméa.

Pobre do meu latim, se tornou comparsa fraudulento do judiciário conspurcado, mais falso do que nota de três dólares, emitido pelo tesouro imperial, norte americano, com a foto esfinge de Mishell Temer, o embromador das leis, em destaque.

http://www.contraponto.blog.br/artigos/862/mbl-cargos-comissionados

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CURITIBA. em 24/09/2020 - 10h08 comentou:

Como ficou a politica brasileira desde 1946?

Responder

Eduardo em 14/11/2020 - 12h17 comentou:

Ola! Cheguei aqui por acaso, enquanto procurava no Google qual é o posicionamento politico da revista IstoÉ.
Não sou de esquerda, nem direita, ignorante por opção.
Hj 3 anos após essa publicação, vejo a revista criticando duramente o governo Bolsonaro do qual também não gosto. E após sua matéria acusando a revista de ser contra o PT, juntando isso a minha falta de conhecimento cheguei a conclusão que a revista, assim como a “grande midia Paulista”, me pareceram imparciais, não seguindo uma linha para esquerda ou direita. E apesar dos exemplos citados na matéria com capas antigas, eu em minha imparcialidade, não encontrei essas referencias .
Mas vou acompanhar suas materias e tentar me encontrar nesse posicionamento.
Obrigado por compartilhar sua posição e parabens pelo trabalho.
Boa sorte

Responder

TCortes em 11/12/2020 - 15h46 comentou:

Por que você não chama de misândrico o jornalismo que ataca o atual presidente?

Responder

    Cynara Menezes em 15/12/2020 - 11h19 comentou:

    hahahahahahahaha

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