Socialista Morena
Direitos Humanos

O medo do hetero diante do gay

Com a maior divulgação da causa gay, o mundinho hetero entrou em polvorosa, como se os machos tivessem se transformado em uma espécie em extinção

Cynara Menezes
28 de setembro de 2013, 14h38

Toda essa polêmica em torno da inclusiva propaganda de O Boticário para o Dia dos Namorados com casais gays me fez lembrar desse texto que escrevi há anos para o site da CartaCapital sobre o pânico que alguns heterossexuais têm da homossexualidade, como se fosse algo contagioso. Leiam.

***

O medo do hetero diante do gay*

Outro dia, numa festa, um grupo de homens comentava numa rodinha que um amigo tinha virado gay. Separou da mulher e virou gay. Assim, como quem descobre de um dia para o outro que prefere uva a maçã. “Eu sempre achei que ele levava jeito”, disse um deles. Não foi o suficiente para acalmar os demais. Reparei na risada um tanto nervosa daqueles machos cinquentões, como se aquele acontecimento tivesse o poder de balançar suas certezas, de lhes plantar uma pulga atrás da orelha: será que eu também…? Não foi a primeira vez que presenciei conversas do gênero. Ao contrário, elas têm se tornado cada vez mais frequentes.

Tenho notado também que, nos últimos tempos, volta e meia aparece uma notícia bizarra envolvendo se tornar homossexual num piscar de olhos. Literalmente. Em novembro passado, veio à tona a história do jogador de rúgbi britânico que, ao acordar do coma após sofrer um AVC, se descobriu gay, pintou o cabelo, emagreceu, começou a malhar na academia e arranjou um namorado. “Sei que parece estranho, mas quando ganhei consciência, imediatamente me senti diferente. Não estava mais interessado em mulheres, eu era definitivamente gay. E nunca tinha sentido atração por homens antes”, jurou o rapaz.

Há duas semanas, uma transexual americana de 40 anos revelou que no passado se chamava Ted, era felizmente casado com uma mulher e tinha dois filhos, até que, em uma tarde ensolarada de primavera, foi picado por uma abelha. Seu organismo passou então a perder testosterona, o hormônio masculino. Ao passar as mãos sobre sua pele e senti-la macia, gostou da metamorfose e resolveu ir mais fundo: fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Ao contrário do jogador de rúgbi, porém, ela admitiu que, quando criança, brincava de se vestir de menina e tinha sentimentos ambíguos em relação à sua identidade.

Vejo dois sintomas aí: um é a relativa conveniência da situação. Deve ser bem mais cômodo atribuir a homossexualidade a um AVC ou a uma picadura (ops) de abelha do que admitir que sempre sentiu atração por pessoas do mesmo sexo. Algo como: “Ah, eu era superhetero e tinha três namoradas, até que um raio caiu na minha cabeça numa sexta-feira 13 e virei gay”. Ou: “Eu tinha uma família adorável com mulher e cinco filhos, mas um dia tomei por engano uma caixa de paracetamol e agora me sinto atraído por homens”. Num passe de mágica, contorna-se o conflito com a família e a sociedade: foi só um efeito colateral, gente.

Outro sintoma, mais subjetivo, é o completo pânico heterossexual que vejo por trás dessas notícias. “Quer dizer que eu também posso virar gay assim, sem mais nem menos?” Tenho observado que, com a maior divulgação da causa gay e a maior visibilidade dos próprios homossexuais, o mundinho hetero entrou em polvorosa. Como se os machos tivessem se transformado em uma espécie em extinção. Como se a homossexualidade fosse contagiosa e os que se salvarem da “praga” não fossem resistir ao meteoro que irá se chocar contra a Terra em 2014, matando todos os heterossexuais, assim como aconteceu com os dinossauros: bum! Ah, vocês não estavam sabendo disso? Brincadeirinha…

(Um terceiro sintoma poderia ser o desejo oculto de alguns de que o tal raio da homossexualidade caísse de uma vez por todas em sua cabeça. “Que alívio!” Mas esse eu deixo para os psicanalistas.)

Honestamente, rapazes? Não entendo do que vocês sentem tanto medo. Alguns dos homens mais bem resolvidos que eu conheci confessaram já ter sentido dúvidas em relação a sua sexualidade. Outros – menos numerosos, é verdade – até assumiram ter tido uma ou outra experienciazinha com o mesmo sexo, na infância e até depois dela. Relaxem, garotos. Tenho certeza que vai haver menos homofobia e mais tolerância no mundo no dia em que todo macho do planeta for capaz de admitir que pelo menos em algum momento da vida, por fugaz que fosse, passou pela sua cabeça que… Talvez… Quem sabe? E o que é que tem de mal nisso?

*Texto originalmente publicado no site de Carta Capital em 13/02/2012.

 

 


Apoie o site

Se você não tem uma conta no PayPal, não há necessidade de se inscrever para assinar, você pode usar apenas qualquer cartão de crédito ou débito

Ou você pode ser um patrocinador com uma única contribuição:

Para quem prefere fazer depósito em conta:

Cynara Moreira Menezes
Caixa Econômica Federal
Agência: 3310
Conta: 000591852026-7
PIX: [email protected]
(20) comentários Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Flavio de Lima em 28/09/2013 - 15h08 comentou:

Me lembra as velhas piadas dos velhos tios: não experimenta que deve ser muito bom! Nenhum viado "voltou", não existe ex-viado, mudou de lado não volta mais.
Ou: quem não fez troca-troca quando menino vai fazer quando crescer (quando eu respondia: quer dizer que vocês faziam troca-troca quando eram meninos?).
Ou: me anestesia bem na hora da colonoscopia que eu não quero descobrir se gosto, e passar raiva de todos os anos que perdi (essa é a melhor!).
Na minha vivência, se tivesse levado tanta cantada de mulher quanto as que levei de gays, minha vida sexual teria sido dez vezes mais intensa. Afinal, gay não é um homem que acha que é mulher, mas um homem que gosta de homem, e homem sempre parte pra cantada, e está, via de regra, disponível pra brincar de "jaracatiá". Tem que reconhecer que os caras (os gays) não passam vontade, pois não precisam esperar a (in)decisão da mulher, fazer toda aquela força pra agradar, mostra que é especial, diferente, desejável, enfim seduzir. Gostar de mulher é bom mas da bastante trampo, ser hetero é mais trabalhoso no sentido da chance de sucesso em satisfazer essa questão sexual. No fundo os gays são todos homens mesmo, que pensam mais ou menos como homens e encaram o sexo do jeito dos homens, sem tanta necessidade de um envolvimento afetivo mais profundo para transar com alguém. O que não quer dizer que não tenhamos também essa necessidade, gays ou não (as vezes, com algumas mulheres – ou parceiros).
Porra, quanta "pisação" em ovos ein…

Responder

    Ricardo G. Ramos em 29/09/2013 - 14h29 comentou:

    Isso é que é uma declaração assumida. O resto é tertúlia flácida para adormecer vacum.

    Flavio de Lima em 29/09/2013 - 23h26 comentou:

    Pode parecer declaração assumida, mas é na verdade uma tentativa de exorcizar o tal medo do hetero diante do gay. Tentativa vã, pelo jeito…

Luciano em 28/09/2013 - 15h54 comentou:

Amigos do prazer ou do compromisso?
Os homossexuais, ao lado das prostitutas, sempre foram um grupo marginal. Tratados como párias, doentes e pervertidos sua trajetória pela história hoje é bastante documentada e revela a situação de preconceito e inaceitação social a que sempre estiveram expostos.
Os homossexuais têm sua luta por reconhecimento e aceitação fortalecida, especialmente, a partir dos anos 1960; ainda que esta luta já venha de muito antes. O recente filme “Milk – a voz da igualdade” conta a história do primeiro ativista gay, Harvey Milk, a se eleger (1977) no serviço público americano. Aliás, eleito num ano e morto no outro.
Vanguarda na sociedade, uma vez que a bandeira dos direitos gays numa sociedade marcada pelo casamento heterossexual, pela moral familiar tradicional e pela religiosidade cristã, certamente não era vista com bons olhos. Aliás, homossexuais e mulheres têm, nestas últimas décadas, momento fundamental de transformação de suas realidades.
Dando um salto no tempo, quem são os homossexuais, o que querem e qual sua relação com a sociedade e da sociedade com eles, hoje? A sociedade brasileira, que viu muito pouco, por aqui, daquela agitação cultural toda produzida nos Estados Unidos e na Europa, ainda hoje não vê nem se relaciona bem com este grupo. Ainda que consideremos os espaços conquistados e a visibilidade alcançada pelos homossexuais, certamente eles ainda vivem fortemente o preconceito e a discriminação num país marcado pelo caráter interiorano e cultura machista.
Os emblemáticos imbróglios envolvendo o heterossexual Dourado, BBB10, e suas declarações a respeito dos homossexuais evidenciam a dificuldade da sociedade em lidar com o tema.
Casamento, mulheres, família, homens, filhos e homossexuais não sabem o que são, nem o que querem nem para onde vão. Vivendo ambiguamente na marginalidade e fora dela, posto que os homossexuais numa sociedade como a nossa convivem também com o fosso cultural produzido pela marginalidade social e econômica (um homossexual pobre lida com uma ordem de problemas e preconceitos diversos dos seus homônimos acima na pirâmide social), o fato é que a agenda dos homossexuais pode ser muitas vezes tão conservadora quanto era a de muitos heterossexuais 50 anos atrás.
Sendo um grupo historicamente marginal, portanto, mais afeito a demandas legais e culturais fronteiriças, o fato hoje é que os homossexuais paradoxalmente querem ser incluídos e não apenas aceitos. Enquanto a família tradicional pai-mãe-filhos se dissolve em meio às mudanças da sociedade líquida global, a principal bandeira do movimento gay, se é que ainda é possível falar em movimento, é a da possibilidade legal deles, os homossexuais, constituírem uma família com todos os pingos e is possíveis. Enquanto a família perde sua importância social, o casamento heterossexual vive, talvez, a pior de suas crises, as mulheres cheias de perguntas, ainda mal respondidas, sobre suas conquistas ou conquistas agora discutidas se realmente foram conquistas, ou, ainda, atormentadas com questões de maternidade em uma sociedade que não gera mais filhos, mas consumidores; enquanto homens se calam e agacham numa crise subjetiva que pasteurizou sua identidade pública num mar de gentes e grupos; os homossexuais vêm a público reivindicar seu direito a ter uma família.
Quando todos os modelos são questionados (ressalve-se que no Brasil a coisa está acontecendo com 50 anos de atraso), todos os modos de convivência são transtornados, os papéis sociais rasgados, aquele grupo, que sempre caminhou nas franjas da sociedade e esteve ao lado das bandeiras as mais heterodoxas de cada época, assume hoje que quer ser tradicional e ortodoxo. Pergunte-se se os preconceitos e homofobias que, vira e mexe ressurgem com forças renovadas, não nascem hoje desse desajuste entre um homem e mulher heterossexuais em crise e um homossexual reivindicando os papéis largados por aqueles dois que não sabem que papel ter. Em uma palavra, os homossexuais paradoxalmente estão propondo a revitalização da família.
A homofobia, questão fundamental e atrelada aquela, pode ser, em alguma medida, o olhar desencontrado de posições e papéis que estão ou querem se inverter. Para o homossexual, muitas vezes, qualquer fala ou sinal improvável desperta o alerta de preconceito, quando muitas vezes, na verdade, é apenas um heterossexual pisando um chão movediço, líquido e cheio de incertezas sobre ele mesmo. Em outros termos, as identidades, sejam elas hetero ou homo, estão todas desmanchadas, alquebradas, espatifadas e dificilmente serão revitalizadas tais quais eram. Homofobia há certamente, e o direito está aí para confirmá-lo. Antropologicamente, no entanto, a questão é outra. Luciano Alvarenga

Responder

Felipe em 28/09/2013 - 15h57 comentou:

Engraçado, eu encontrei ele no mesmo tempo em que lia uma publicação extremamente homofóbica de uma página de direita do Facebook: https://www.facebook.com/MeuProfessorDeHistoriaMe…. Chega a ser risível as tentativas do idiota em querer "inocentizar" o próprio texto com frases como: "Longe de mim destratar alguém por causa do tipo de atração sexual que essa pessoa sente ser por alguém do mesmo gênero." e depois utilizar termos como boiola, veado, entre outros. A idiotice dela chega a ponto dele mesmo admitir consumir a marca simplesmente por ela possuir boicote homossexual. Qualquer comentário crítico é apagado. Ta na hora desse "pavor" ser combatido!

Responder

marcus lopes em 29/09/2013 - 10h36 comentou:

Continuo discordando dessa linha.
Quem é gay pode por acaso manifestar heterofobia?Se sim,aceito que possível à um heterosexual afirmar que tem medo de gays,apesar que penso que quem é heterosexual não tem motivo para homofobia.Acho que essa conversa já virou obsessão para muitos gays,que deveriam viver suas vidas e dar sua contribuição para que esse assunto(por demais debatido)seja superado,afinal onde é que não há gays?Os gays fazem parte da sociedade e ponto.Chega de ficar perdendo tempo com uma conversa que só gera polêmica e vamos tratar de educar a nossa nação,para que usemos o tempo e espaço democráticos para construir um ambiente favorável à paz,sem rótulos(branco,preto,gay,burguês,maconheiro) e onde os preguiçosos que vivem a drenar os recursos do povo(vide os super salários do senado)buscando cargos de comissão,estes sim deveriam ser atacados e discriminados como "doentes sociais".Taí um bom alvo!

Responder

    J. Alberto em 02/10/2013 - 20h02 comentou:

    Matou a pau! Não é difícil achar um homem homossexual, quando indagado sobre a possibilidade de se relacionar sexualmente com uma mulher, respondendo impropérios como: "Deus me livre!", "Que horror!", "Que nojo". Sei lá eu se isso é heterofobia, mas a grande verdade é que, da mesma maneira que heterossexuais eventualmente sentem algum "desarranjo" na barriga ao pensar na possibilidade de "mudar de time", a recíproca é verdadeira com os homossexuais. É engraçado constatar isso, até porque muitos homossexuais se utilizam da figura da mulher como referência em vários aspectos. A grande verdade é que não são apenas os heterossexuais, como afirma a matéria, que precisam olhar pro próprio umbigo.

ALCIDES VALENÇA em 30/09/2013 - 13h18 comentou:

O QUE SEI É QUE. HOMOFOBIA É, NA VERDADE INVEJA QUE OS MACHÕES SENTEM DOS QUE ASSUMEM COM FELICIDADE A SUA OPÇÃO SEXUAL, O QUE DEMONSTRA, AINDA, CORAGEM PESSOAL PARA ENFRENTAR A TURBA PRECONCEITUOSA.

Responder

    Rodrigo Dias em 30/09/2017 - 13h31 comentou:

    Não é opção! Você acha que uns 20 milhões de brasileiros e brasileiras “escolheriam” sofrer tanto preconceito?

Bacellar em 30/09/2013 - 15h29 comentou:

Envergonhado admito que já fui homofóbico. Recebi na família e na escola uma criação extremamente homofóbica e demorei até o meio da adolescencia pra perceber a burrice que é discriminar alguem por sua preferencia (nao gosto muito da expressão "opção sexual" não creio que optemos racionalmente, é algo mais primal e inato) sexual, percebi graças aos gays que conheci na vida o quão idiota era minha homofobia.

Responder

Lucas Soares em 30/09/2013 - 20h54 comentou:

Vivenciei homofobia no meu lar, vindo até das minhas irmãs e meus pais. Mas, depois de eu me "declarar", como parte de um processo longo e demorado, diga-se de passagem, as coisas mudaram. E é muito bonito hoje assistir aos quatro (às duas irmãs e aos meus pais) se engajarem na luta por direitos iguais, por menos piadas e também por que as coisas sejam tratas e vistas com a normalidade que isso pede.

Sempre achei de uma pachorra incrível a forma com que a maior parte dos heteros, principalmente homens, trata os homossexuais. Esse medo parece um desejo oculto de experimentação, bem como salienta parte do texto. Já conheci vários caras que, ao saber que eu era gay, simplesmente pararam de andar comigo. Outros, declarados heteros, não mudaram uma vírgula do relacionamento comigo.

E tenho amigos heteros que já quiseram saber mais. rs Mas, ainda é a menor parte. Bem menor.

O mundo seria outro se as pessoas se amassem mais, não importando qual a forma.

Responder

    Paulo em 06/10/2013 - 18h19 comentou:

    Se o homossexualismo se generalizar no futuro, a espécie humana vai desaparecer isso sim.

    Abel em 07/10/2013 - 01h57 comentou:

    Se desaparecer, é porque mereceu. Já fez muita m*, aliás.

    Paulo em 16/10/2013 - 22h45 comentou:

    Sabia que tinha misantropia por trás do movimento gay, aliás por trás de todo movimento esquerdista, 100 milhões de mortos em apenas um século já mostra isso.

    Luiz Henrique em 02/12/2013 - 13h38 comentou:

    Como aconteceu com os Romanos, certo ? Hahahaha.

Abel em 07/10/2013 - 01h57 comentou:

Isso é insegurança. O cara não está lá muito certo da própria masculinidade e sai apontando o dedo para os outros. E acaba sobrando até mesmo para pessoas que não são gays, mas que por qualquer razão, são assim percebidas – como aquele caso de pai e filho que se abraçaram num shopping em São Paulo e foram espancados por valentões homofóbicos.

Responder

Natália em 03/11/2013 - 18h21 comentou:

Blog fantástico!!! estou bastante viciada !! mas enfim, os temas abordados aqui, além de polêmicos, retrata mt a vida como eu vjo.. nunca entendi porque os homens, se sentem diminuidos por estar relacionado a algo da homossexualidade, como se fosse contagiar… De qualquer modo, acho bastante legal tratar desse tema e seria ótimo que muitos machistas homofóbicos por aí, após a leitura, abram a mente.. porque acredito que só assim poderemos construir um mundo em que as pessoas se sintam deliciaadas de viver, em perfeita harmonia com todos

Responder

Flávio Reis em 21/11/2014 - 19h41 comentou:

Isso não é um simples texto. É um achado. Uma verdadeira pérola, pedra preciosa nesse mar de merda da internet.
Eu, crendo ser um hétero bem resolvido, tenho me incomodado muito com o incômodo dos amigos em relação ao homossexualismo. Pra começar, essa vergonhosa expressão "orgulho hétero" é por exemplo um tiro no pé. Desde que me entendo como gente, jamais senti o peso de ser hétero, jamais me senti pressionado, marginalizado, vitimado pela sociedade -ainda que as mulheres insistam burramente na ideia de que está faltando homem no mercado.
Depois, já na adolescência, observando o meu comportamento e dos outros meninos, era óbvia a conclusão de que a sexualidade é nata, bem como sua tendência hétero ou homo. E se assim se nasce, todo respeito é merecido a ambos. Não há cura por não ser doença. Não há corrigenda moral por não ser sem-vergonhice.
Infelizmente, muitos dos nossos amigos homossexuais mesmo não fazem questão de esclarecerem que assim nasceram. Preferem culpar o primo ou a traição da ex… Balela que alimenta o preconceito e faz os cabeças-de-bagre-de-plantão sentirem-se vulneráveis e alcançáveis pela impossível troca de diretriz sexual.
Mas seu texto é um primor. Pena só ter descoberto agora.
Parabéns!
Beijo grande no coração.

Responder

Noemi em 22/07/2018 - 16h53 comentou:

Se cada um cuidasse mais da própria vida, não sobraria tempo nem interesse para cuidar da sexualidade alheia. Preconceito para que? Cada um que viva do jeito que quiser desde que não ultrapasse o limite dos outros e isso vale para qualquer outra coisa, não só para a orientação sexual. Lutemos contra a intolerância, seja ela racial,religiosa, sexual ou sei lá o que, lembrando que se algo nos incomoda muito, é a nós mesmos que devemos analisar. Um abraço a todos!

Responder

Carlos silva em 21/01/2019 - 15h43 comentou:

Descobri que sou gay quando eu tinha sete anos me apaixonei por outro menino hoje sou um gay feliz com meu amor acho que aqueles que esconde que é gay casa com mulheres não são uma pessoa feliz vevi sempre mal humorado depressivo bravo revoltado com o mundo ser gay é ser livre e feliz contigo mesmo …….

Responder

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Direitos Humanos

O Brasil fica mais triste e mais sombrio sem Jean Wyllys


Decisão do deputado de desistir do mandato e sair do país é compreensível mas desalentadora: sinal que o Brasil chegou ao fundo do poço

Cultura

Exposição censurada pelo MBL e fundamentalistas é reaberta no Rio


Curador considera que reabertura da exposição para a sociedade brasileira é uma “vitória da democracia” e do combate ao fundamentalismo