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Para rebater denúncia contra si, Moro diz que relato de “acusado” não tem crédito

A absoluta confiança do juiz nas delações premiadas, que serviram inclusive para condenar Lula, sofreu sérios abalos no último final de semana, quando seu padrinho de casamento foi acusado de pedir propina

Foto: Lula Marques/AGPT
Da Redação
28 de agosto de 2017, 14h57

Desde que foi deflagrada, em 2014, a operação Lava-Jato tem se baseado fundamentalmente na figura da delação premiada: criminosos se livram das garras da lei ou têm sua pena reduzida se dedurarem outros. A investigação propriamente dita é precária –tanto é que a força-tarefa em Curitiba jamais se aproximou do empresário Joesley Batista, do presidente ilegítimo Michel Temer e do candidato derrotado à presidência Aécio Neves. Precisou o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, abrir uma nova linha de investigação para que estes personagens viessem à tona.

Mas a absoluta confiança do juiz Sérgio Moro no expediente das delações premiadas, que serviram inclusive para condenar o ex-presidente Lula, sofreu sérios abalos no último final de semana. O jornal Folha de S.Paulo noticiou no domingo, 27 de agosto, que Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht, acusa o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Jr., amigo de Moro e seu padrinho de casamento (além de ter sido sócio da mulher do juiz, Rosângela), de “intermediar negociação paralela com a força-tarefa da operação Lava-Jato”. Zucolotto teria pedido um terço de honorários em pagamentos “por fora” para ajudar a reduzir a pena e a multa estipuladas no acordo de delação premiada.

O juiz responsável pela Lava-Jato afirmou que a acusação contra seu amigo é “absolutamente falsa”, lamentou a “falta de provas” e o crédito dado pela jornalista ao relato de um criminoso

A delação, porém, foi considerada imprestável por Moro em nota oficial.  O juiz responsável pela Lava-Jato afirmou que a acusação contra seu amigo é “absolutamente falsa”, lamentou a “falta de provas” e o crédito dado pela jornalista ao relato de um criminoso. “Rodrigo Tacla Duran não apresentou à jornalista responsável pela matéria qualquer prova de suas inverídicas afirmações e o seu relato não encontra apoio em nenhuma outra fonte”, reclamou Moro. “Lamenta-se o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido”.

Na matéria, a Folha ainda relata que, ao ser procurado pelo jornal, o próprio juiz paranaense entrou em contato com Zucolotto e enviou as explicações do advogado ao jornal.

Advogado renomado em Brasília e que atende a políticos famosos, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, comentou o caso em mensagem no WhatsApp e ironizou Moro. “O juiz diz que não se deve dar valor à palavra de um ‘acusado’. Opa, isto é rigorosamente o que ele faz ao longo de toda a operação!”, afirmou. “Devemos continuar dando a eles a presunção de inocência, mesmo sabendo que eles agiriam de outra forma. Como diz o poeta, ‘a vida dá, nega e tira’. Um dia, os arbitrários provarão do seu próprio veneno.”

“Embora exista a hipótese de esses fatos serem falsos, o que nos resta perguntar é: como eles seriam usados pela República do Paraná? O tal Deuslagnol não usaria a imprensa e a rede social para expor estes fortes ‘indícios’ que se entrelaçam na visão punitiva?”, perguntou o advogado.

Para Kakay, se os critérios de Moro na Lava-Jato fossem aplicados ao caso, o “fato de o juiz ter entrado em contato diretamente com o advogado Zucolotto, seu padrinho de casamento, para enviar uma resposta à Folha, ou seja, para combinar uma resposta à jornalista, seria interpretado como obstrução de Justiça, com prisão preventiva decretada, com certeza”. Na nota, Kakay ainda defende a abertura de investigação sobre as denúncias feitas pelo ex-advogado da Odebrecht contra o amigo e padrinho de Moro.

 

 


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