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Cultura

Por que nos EUA não tem batucada?

Por que a música dos negros norte-americanos é tão diferente da música brasileira, de Cuba, do Caribe?

Uncle Tom's Cabin Contrasted..., Robert Criswell, 1852
Cynara Menezes
15 de novembro de 2015, 11h16

Não é curioso que os Estados Unidos não usem tambores em sua música como todos os outros países que tiveram mão-de-obra escrava vinda da África? Eu sempre fiquei me perguntando isso. Por que a música dos negros norte-americanos é tão diferente da música brasileira, de Cuba, do Caribe? Onde foram parar os tambores? Cadê a batucada?

Pense em todos os grandes ídolos da música afro-americana: Charlie “Bird” Parker tocava sax. Louis Armstrong tocava trompete. Nina Simone tocava piano, assim como Stevie Wonder e Ray Charles. Miles Davis tocava trompete. E Wynton Marsalis, idem. Robert Johnson tocava guitarra. Chuck Berry, idem. Leadbelly tocava um violão de 12 cordas.

Os negros chegaram aos EUA vindos, em sua maioria, de regiões que hoje se conhecem como Senegal, Gâmbia, Nigéria, Camarões, Namíbia, Congo, Angola e Costa do Marfim. Os negros brasileiros vieram de Moçambique, do Benin, da Nigéria, e também de Angola, Congo e da Costa do Marfim. Com todas as diferenças existentes entre estas nações africanas, todas elas faziam uso de tambores com fins musicais e de comunicação. Por que então nós temos o samba e os gringos não? Por que não tem atabaque, agogô e cuíca na música afro-americana e sim saxofone, clarinete, trompete, instrumentos “de brancos” que os negros, aliás, aprenderam a tocar com maestria? Simplesmente porque os tambores foram proibidos na terra do tio Sam durante mais de 100 anos.

No dia 9 de setembro de 1739, um domingo, em uma localidade próxima a Charleston, na Carolina do Sul, um grupo de escravos iniciou uma marcha gritando por liberdade, liderados por um angolano chamado Jemmy (ou Cato). Ninguém sabe o que detonou a rebelião, conhecida como a “Insurreição de Stono” (por causa do rio Stono) e que é considerada a primeira revolta de escravos nos EUA. Conta-se que eles entraram numa loja de armas e munição, se armaram e mataram os dois brancos empregados do lugar. Também mataram um senhor de escravos e seus filhos e queimaram sua casa. Cerca de 25 brancos foram assassinados no total. Os rebeldes acabaram mortos em um tiroteio com os brancos ou foram recapturados e executados nos meses seguintes.

A reação dos senhores foi severa. O governo da Carolina do Sul baixou o “Ato Negro” (Negro Act) em 1740, trazendo uma série de proibições: os escravos foram proibidos de plantar seus próprios alimentos, de aprender a ler e escrever, de se reunir em grupos, de usar boas roupas, de matar qualquer pessoa “mais branca” que eles e especialmente de incitar a rebelião. Como os brancos suspeitavam que os tambores eram utilizados como uma forma de comunicação pelos negros, foram sumariamente vetados. “Fica proibido bater tambores, soprar cornetas ou qualquer instrumento que cause barulho”, diz o texto.

A proibição se espalhou pelo país e só foi abolida após a guerra civil, mais de um século depois, em 1866. Antes disso, o único lugar onde os negros podiam se reunir com certa liberdade eram as igrejas; daí o surgimento dos spirituals, a música gospel, com letras inspiradas pela Bíblia, que eles cantavam muitas vezes à capela (sem instrumentos) ou marcando o ritmo com palmas. As mãos batendo no corpo e os pés batendo no chão foram os substitutos que os escravos encontraram para os tambores, resultando em formas de dança e música conhecidas como “pattin’ juba”, “hambone” e “tap dance” (sapateado), ainda hoje utilizados por artistas negros (e também brancos) dos EUA.

“Os tambores ‘falantes’ africanos interagiam com os dançarinos utilizando diferentes ritmos, assim como comunicando mensagens através dos tons e batidas. Os tocadores de tambor podiam fazer seus instrumentos ‘falarem’ sons específicos, de forma que a percussão constituía um texto sonoro. A musicalidade de várias palavras africanas era tão precisa que elas podiam ser escritas como notas musicais. Os escravos levaram estes ritmos e o uso destas técnicas para a América”, diz o coreógrafo norte-americano Mark Knowles, autor do livro Tap Roots: the Early History of Tap Dance.

Os brancos sabiam que as rebeliões de escravos eram organizadas durante encontros que envolviam dança e que a cadência dos tambores podia ser um convite à insurreição, com o uso dos tambores falantes. “Proibidos os tambores, o corpo humano, o mais primitivo de todos os instrumentos, se tornou a principal forma de ritmo e de comunicação entre os escravos. Usando o corpo como percussão, em uma tentativa de imitar os sofisticados ritmos e cadências dos tambores, com o elaborado uso de batidas dos saltos e do bico do sapato, surgiu o que chamamos de ‘tap dance’. Mesmo hoje em dia, quando dois sapateadores mantêm uma conversação com seus pés, é como se estivessem telegrafando mensagens, como faziam originalmente os tambores africanos”, afirma Knowles.

Alguns estudiosos atribuem ao banimento dos tambores o fato de a música dos EUA em geral não ser tão rica em compassos como a sul-americana ou a caribenha. “Há uma coisa peculiar que quase toda a música norte-americana tem em comum: uma extensa ênfase em um mesmo ritmo, muito diferente da encontrada em qualquer outro lugar no mundo. É assim: Boom – Bap – Boom – Bap, com um bumbo na primeira e terceira batidas, ou em todas as quatro, uma caixa precisamente na segunda e quarta, e quase nada entre elas. Este ritmo é chamado de ‘duple’ (compasso binário) em teoria musical, e você pode encontrar variações dele em todos os estilos da música americana popular moderna: Blues, Motown, Soul, Funk, Rock, Disco, Hip Hop, House, Pop, e muito mais”, diz o DJ Zhao neste interessante artigo.

“O predomínio generalizado deste monorritmo simplificado, rígido e mecânico, minimizando elementos polirrítmicos na música para o papel de embelezamento, às vezes ao ponto de não-existência, é muito diferente do foco em polirritmos complexos que existe em várias formas da moderna música sul-americana e caribenha: o Son Cubano e a Rumba, a Bossa Nova brasileira, o Gwo Ka e Compas haitiano, o Calipso de Trindade e Tobago… Nenhum deles depende tão extensivamente do duple.”

Em sua autobiografia, To be or Not… to Bop, o trompetista Dizzy Gillespie atribui esta menor complexidade rítmica da música afro-americana em relação à música afro latino-americana à proibição dos tambores. “Os ingleses, ao contrário dos espanhóis, tiraram nossos tambores”, lamenta Gillespie (leia mais aqui). Em meados da década de 1940, muitos congueros (tocadores de conga, espécie de atabaque) migraram para os Estados Unidos e exerceram influência na música local, criando o jazz afro-cubano. Gillespie colocou a conga do cubano Chano Pozo em sua música e a parceria resultou em Manteca (1947), canção pioneira por introduzir percussão cubana no jazz.

Nos rincões do Mississippi, driblou-se a proibição dos tambores com bandas de flautas e tarol (caixa), instrumentos que eram aceitos e inclusive tocados no Exército durante a guerra civil. Em 1942, o folclorista Alan Lomax gravou pela primeira vez gente como Othar Turner e Ed e Lonnie Young, cuja sonoridade esbanja ancestralidade, soa a África e foi comparada à música haitiana. É o mais próximo de uma batucada que encontrei na música negra dos EUA. Não parece meio maracatu?

Enquanto nos Estados protestantes os tambores eram banidos, na católica Louisiana eles foram permitidos até o século 19 e eram utilizados sobretudo nas cerimônias de vodu, religião afro-americana levada para os EUA pelos escravos do Benin, antigo Daomé – de onde vieram também a maioria dos negros da Bahia. Assim como em Salvador, havia muito sincretismo em New Orleans até começar a perseguição ao vodu e por conseguinte aos tambores.

A partir de 1850 o uso de tambores passou a ser restringido até mesmo na Congo Square, uma praça da cidade onde tradicionalmente os negros se reuniam para tocar tambores, dançar e entrar em transe espiritual ao som de música. Nos anos 1970 a praça foi reabilitada e até hoje rola um batuque de primeira por lá.

Apesar desta “percussofobia”, como alguns chamam, a música negra dos EUA é maravilhosa, sem sombra de dúvidas. Mas como seria ela se os tambores não tivessem sido proibidos? Mais parecida com a brasileira? Nunca saberemos.

 

 


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marcio "osbourne" silva de almeida em 08/11/2017 - 13h30 comentou:

O Jazz sempre uniu o sagrado ao profano, com o rock não foi diferente. Primeiro, foi o teatro que fez a mesma coisa!!
Esse negocio de que rocker não escuta musica negra é mentira, os negros ensinaram aos brancos que a cultura sempre foi multirracial. A Africa foi berço pras demais civilizações modernas. O oriente,ocidente;isto é incontestavel!!

Responder

Diego Prado em 25/02/2018 - 09h44 comentou:

Sou músico percussionista. Adorei o artigo, muito informativo com ótimas referências.

Responder

Lucas Fernandes em 27/02/2018 - 10h34 comentou:

Não sou socialista e também não concordo com esse engajamento político promovido por partidarismo econômico.
Sou um devorador de música e crítico dela.
Gostei muito mesmo do seu artigo!
Excelente! Bem escrito e com referências muito interessantes. Acho que é a primeira vez que leio algo relacionado com este tema.
Com certeza divulgarei!

Responder

Carlos Eduardo Gonçalves em 19/03/2018 - 22h52 comentou:

Antes de tudo gostaria de parabenizar todos aqueles que estão diretamente envolvidos com a história negra em particular aqueles que foram responsáveis por esse artigo. Essa matéria esclareceu pra mim muitas dúvidas acerca da evolução da música negra norte americana em contraste com o desenvolvimento dela aqui no Brasil enfim. São informações que faltavam pra mim e acredito que todos os africanos e afrodescendentes, independente da cultura ou país que estejam inseridos precisam conhecer e resgatar a História do seu povo e transmitir para seus filhos e netos. Agora respondendo a pergunta lá em cima de como seria a música negra norte americana se não fossem tirado dos africanos os tambores! Bom apoiado na mesma Fé que o Pastor Martin Luther King Jr. acredito que Deus permitiu que esses instrumentos fossem tirados para que lá fosse tudo diferente, melhor e mais sofisticado, até porque os EUA ia se tornar um País de primeiro Mundo como vemos hoje. Portanto eles tinham que acompanhar essa evolução e na minha humilde opinião eles surpreenderam e deixaram seus opressores envergonhados com a sabedoria e inteligencia que Deus deu pra eles, porque era necessário tudo isso pra que eles pudessem desenvolver outras formas de comunicação e percussão através da música e desenvolver ainda melhor a própria cultura com os instrumentos dos brancos, e ao meu ver eles souberam usar muito bem o talento que Deus deu a cada um deles que foram responsáveis por criar vários rítimos como Blues, Jazz, o Rock e todas suas vertentes que aqui no Brasil não seria possível. Lembrando um ditado que diz: “Há mau que vem pra bem” e foi bom que os tambores foram tirados mesmo ou vocês não concordam? (risos)

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    Cynara Menezes em 19/03/2018 - 23h32 comentou:

    por não ter tambores a música dos EUA é “melhor”, “mais sofisticada” do que a feita por negros de outros países? isso não seria um preconceito?

Luciano em 06/04/2018 - 19h11 comentou:

Acho que os negros devem tocar o que eles quiserem, se gostam de tambores que toquem tambores, más se gostam de guitarras elétricas, violinos e outros instrumentos musicais e ritmos fora do universo afro, desejo que vão em frente e sejam muito felizes. Uma cultura não deve destruir outra cultura, más sim coexistir pacificamente, quem vos fala é um negro ex praticante de artes marciais, amante das tradições guerreiras do oriente e guitarrista amador nas horas vagas.

Responder

Edson Ferreira da Silva em 03/06/2018 - 21h51 comentou:

Na música Gospel se vê muito pandeiro.

Responder

Patricia Santana em 30/06/2018 - 13h25 comentou:

Texto bom mas sem referência bibliográfica. E isso é importante, pricipalmente em se tratando de um assunto pouco discutido. Todas essas informações brotaram de onde?
Termo escravo poderia ser substituído por escravizado.

Responder

    Cynara Menezes em 02/07/2018 - 18h13 comentou:

    todas as referências bibliográficas estão no texto, basta passar o mouse em cima dos links clicáveis

Luiz em 30/06/2018 - 14h45 comentou:

por não ter tambores a música dos EUA é “melhor”, “mais sofisticada” do que a feita por negros de outros países? isso não seria um preconceito?

Respondendo Cynara: A música não é melhor, é sofisticada como outras formas de música autóctones. Observe que toda a polirritmia está presente em praticamente todos os pianistas de jazz e blues; os ataques surpreendentes de instrumentistas de sopro, como John Coltrane; ou a forma de tocar bateria de Max Roach, que influenciou dezenas de músicos de jazz em seus instrumentos próprios (piano, saxophone etc). Esses músicos afro-norte-americanos expressam essa musicalidade africana de uma outra forma. Forma original e complexa porque somou-se ao vocabulário musical do Ocidente.

Responder

Katia C em 01/07/2018 - 10h09 comentou:

Humm…uns comentários no caminho do preconceito …
Quando a pessoa decide que tem um país melhor, um povo melhor, um povo eleito etc etc fica difícil!

Mesmo que o artigo tivesse mostrado mais explicitamente que , para a extrema opressão , os negros desenvolveram uma forma original de resistência, às vezes usando o próprio corpo, outras se assenhoreando magistralmente dos instrumentos do branco à sua disposição para ressignificá-los, indo do jazz ao gospel, do sagrado ao profano, mesmo assim, acho que ainda iriam bater na tecla.

Eu chorei ouvindo essa “bateria de pífano ” é esse maracatu! Já conhecia um pouco das razões da música negra americana ser diferente, mas esse artigo está maravilhoso por, ao mesmo tempo que faz o levantamento histórico “legal “, vai também aprofundando na explicação musical. E uma não é separada da outra por razões óbvias!
Vou divulgar essa pérola

Responder

    Cynara Menezes em 02/07/2018 - 18h12 comentou:

    obrigada!

Sandro em 05/07/2018 - 00h13 comentou:

Realmente é uma pena que houve essa proibição dos tambores. Ao meu ver, com a grande habilidade que eles desenvolveram usando instrumentos como violão e metais, provavelmente com o acompanhamento dos tambores teríamos, ainda no inicio do século passado, algo parecido com o que algumas bandas de metal fazem. Usar longos solos com batidas harmonizando tudo.

Talvez teriam antecipado a existência do rock metal.

Responder

Jonas R em 08/07/2018 - 00h10 comentou:

Não foram somente os tambores que foram tirados,mas também o direito de se alfabetizar e usar roupas de qualidade. Foi uma manobra que tirou toda a dignidade de um povo, em resumo. Os negros ainda sofrem pra se recuperar disso até hoje. Lá e em qualquer canto do mundo.

Responder

Mariza Guimarães Dias em 14/10/2018 - 00h55 comentou:

A música, como a comida, o gestual, a indumentária e outros mais são componentes que compõem a cultura de um povo. A música negra americana se inicia quando os negros saem do sul e migram para as cidades mais ao norte onde inicia um avanço sócio econômico, dando origem as suas industrias. A religião também foi importante pois para tocar piano, o negro tinha que conhecer música. Penso ser esses fatores aliados a outros, onde incluo o clima tenha propiciado a música negra americana a utilização de instrumentos de sopro,corda e teclado. A pequena observação é para que ao falarmos do assunto música negra, introduzida pelos escravos, tanto nos Estados Unidos da America como no Brasil levarmos em conta todo um complexo de temas que dão origem a cultura de um povo.

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LP em 13/08/2019 - 23h28 comentou:

Sou socialista e acredito que não existe neutralidade. A repressão oas tambores foi um ato racista visando manter a explroação dos negros escarvizados. O fundamento para a repressão aos tambores é econômico: manter a explroação mesmo que seja através da total repressão cultural.

Responder

Junú em 24/10/2019 - 17h56 comentou:

Materia incrível! Lembra muito as bandas cabaçais do Cariri (bandas de Pífanos).
História é tudo! Agradecido

Responder

Jorge Luiz Gracindo Abreu em 27/10/2019 - 15h34 comentou:

Como sempre, mais um trabalho de primeira da Cynara! Nota dez para a pesquisa e para a citação da autobiografia do Gillespie. Ele definiu muito bem. Parabéns!

Responder

ze das couves em 27/10/2019 - 16h54 comentou:

Negros de sorte os americanos, com a proibição dos instrumentos de percussao, eles desenvolveram um gosto muito mais apurado pela musica e produziram musicas muito melhores do que teriam feito se pudessem usar seus tambores , a exemplo do brasil e outros , convennhamos essa batucada é um pe no saco, onde nao proibiu deu essa merda que deu no brasil…

Responder

Pitú em 27/10/2019 - 23h20 comentou:

Muito interessante esse ponto de vista!
Agora, falando dos pontos em comum, dia desses eu vi um doc sobre o Robert Johnson e sua fama de ter feito pacto com o diabo na encruzilhada, etc, e tudo leva a crer que esse “diabo” nada mais era do que uma maneira preconceituosa da sociedade branca cristã americana tentar estigmatizar as religiões de matriz africana.
O jeito como eles descrevem os ritos, os símbolos, vestuário e tudo mais (inclusive com uns trechos de vídeo), parece muito o candomblé.

Responder

Adolfo em 29/10/2019 - 00h39 comentou:

Seria perfeito se o brasileiro respeitasse, ouvisse e tentasse aprender o jazz tanto quanto os americanos fazem com a música brasileira aqui nos EUA

Responder

Filipe em 04/11/2019 - 13h32 comentou:

No Brasil os tambores também foram proibidos e por muito mais tempo que nos EUA. Por aqui os escravizados também não podiam aprender a ler, professar sua religião, cultura etc. O samba e a capoeira, como todxs sabem, ficou proibida até a década de 30 e a origem do samba “fundo de quintal” vem daí. O fato de os tambores terem sido proibidos é uma mera suposição para a inexistência da batucada nos EUA. Aliás, o ritmo percussivo da bateria que dá origem ao rock n roll é negra 😉

Responder

Prado em 15/05/2020 - 12h21 comentou:

Meu Deus!!!
Que matéria linda!
Parabéns!
Pena que meu celular não ajuda pra poder assistir aos vídeos.
Amei!

Responder

Alex Vasconcelos em 21/06/2020 - 08h57 comentou:

Não sei se acredito nessa teoria de que os ritmos norte americanos foram simplificados por conta da proibição do uso dos tambores. Acho que em cada país com influência afro a musica evoluiu de forma diferente buscando suas soluções. No Peru os tambores também foram proibidos e eles começaram a batucar em caixas de madeiras que originou o Cajon, sendo os ritmos utilizados por ele com relevante complexidade

Responder

James Cláudio Simão em 09/11/2020 - 18h36 comentou:

Excelente Texto.
Prá mim Foi Um Tesouro Preciso.

Responder

Paulo Feitosa em 26/02/2021 - 07h41 comentou:

Concordo plenamente com Patricia Santana. Texto sem nenhuma referência. Dessa forma, fica difícil acreditar no escrito.

Responder

    Cynara Menezes em 26/02/2021 - 17h41 comentou:

    todas as referências podem ser acionadas ao passar o mouse sobre o texto

Anderson Almeida da Silva em 17/06/2021 - 21h46 comentou:

Agradeço todos os dias pelos fazendeiros e demais responsáveis americanos terem proibido os instrumentos de percursão aos escravos, graças a essa decisão infeliz, que o Blues que eu tanto amo acabou sendo desenvolvido, embora foi acrescentando esses instrumentos a partir dos anos 40 no estilo. Acredito que se não tivesse ocorrido esse fato, haveria um estilo de música de origem afro muito similar ao que temos no Brasil e na América Central. Parabéns a redatora pela excelente matéria, muita riqueza de detalhes e contextos históricos verídicos.

Responder

Wagner de Brito Macedo em 08/11/2021 - 01h35 comentou:

O texto está muito bem escrito e com referências excelentes.
Não acho música de lugar ou povo nenhum melhor ou mais sofisticada que de outros povos, apenas diferentes. O que falar da sofisticação de músicas de origens hindus ou árabes… Tão sofisticadas quanto a indigena sul americana. Acho que a música norte americana seria pouco diferente do que é hoje, mas seria diferente. Os negros sul americanos também sofreram proibições de suas identidades culturais (no Brasil isso durou até pouco tempo) e seguiram caminhos diferentes. Somos mais miscigenados, ganhamos com influências mais diversificadas, tanto na música como na cultura.

Responder

Nadya em 14/07/2022 - 21h05 comentou:

Sempre me perguntei o pq os escravos da América do Norte faziam música tão diferente dos escravos da América do Sul.
Amei ler o texto.

Responder

Maria Bernadete Silveira Luz em 22/10/2022 - 11h16 comentou:

Estou assistindo o documentário O último navio negreiro na Netflix. Minha curiosidade me trouxe aqui. Obrigada querida, adorei sua pesquisa.

Responder

    Cynara Menezes em 24/10/2022 - 11h34 comentou:

    estou curiosa com esse documentário!

Raphael em 11/12/2022 - 16h37 comentou:

Vendo o filme Emancipação com o Will Smith me veio essa dúvida mas não só a música mas a religião, a capoeira e as comidas típicas.

Excelente texto!!

Responder

Wernerpicapau em 22/04/2023 - 11h54 comentou:

Curioso que o único lugar onde o toque dos tambores foi proibido, incomoda muito mais a Branquitude que os lugares onde o toque dos tambores foi permitido.

Responder

Wernerpicapau em 22/04/2023 - 12h00 comentou:

Os negros também eram proibidos aqui no BR e lá nos EUA de comprarem terras. Isso diz muito sobre a formação das favelas majoritariamente negras nesses lugares.

Responder

Wernerpicapau em 22/04/2023 - 12h53 comentou:

Existe um vídeo de um baterista americano de Jazz que mostra que quando retiram-se os instrumentos de sopro, cordas, e piano, o toque dos tambores da bateria é muito semelhante aos ritmos negros do hemisfério sul.

Responder

vladimir em 27/08/2023 - 14h14 comentou:

Excelente texto. Gostaria de citar na minha pesquisa em literatura brasileira, porém não vejo referências bibliográficas.

Responder

    Cynara Menezes em 29/08/2023 - 10h45 comentou:

    as referências estão todas clicáveis no decorrer do texto

Gesiel em 06/11/2023 - 12h36 comentou:

Concordo com: Cynara Menezes em 19/03/2018 – 23h32 comentou: O fato de os EUA serem 1 mundo(supostamente); ou terem desenvolvido outros recursos musicais, não tornam isso ou aquilo melhor. Adoro o blues, mas também amo o chorinho. Acho que essas duas musicalidade são a base de tudo.

Responder

Grilo D em 05/02/2024 - 11h30 comentou:

PQP, que matéria show!
Sou músico e, como todo roqueiro que se preze, me curvo à genialidade dos negros em colocar tanto sentimento em ritmos e harmonias que são verdadeiras aulas! Afinal, Rock é filho do Blues, então devemos metade da nossa genética aos negros.
Essa matéria vai ser de cabeceira agora. Parabéns!

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