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Preso agora, Rodrigo Loures esteve embaixo dos narizes da Lava-Jato antes do afastamento de Dilma

Desde que a Lava-Jato se desdobrou na Operação Patmos, conduzida pela Procuradoria-Geral da República e pelo Supremo, que algo me intriga: como é que o núcleo de Curitiba nunca se tocou das atividades do ex-deputado federal Rodrigo da Rocha Loures, bem ali em suas barbas, no Paraná? Pois uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, com […]

(Foto: JBatista / Agencia Camara)
Cynara Menezes
05 de junho de 2017, 20h03
(Foto: JBatista / Agencia Camara)

(Temer e Rodrigo Loures. Foto: J.Batista / Agência Câmara)

Desde que a Lava-Jato se desdobrou na Operação Patmos, conduzida pela Procuradoria-Geral da República e pelo Supremo, que algo me intriga: como é que o núcleo de Curitiba nunca se tocou das atividades do ex-deputado federal Rodrigo da Rocha Loures, bem ali em suas barbas, no Paraná? Pois uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, com pouquíssimo destaque, em 25 de maio de 2016, mostra que Loures esteve mais perto da Lava-Jato do que a gente imaginava. E numa data muito significativa: a véspera da votação no Senado que decidiu pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff do cargo, em 12 de maio do ano passado.

Segundo a Folha, o ex-deputado do PMDB paranaense, preso a pedido da PGR neste sábado, 2 de junho, esteve pessoalmente na Polícia Federal em Curitiba na véspera da decisão pelo afastamento como “emissário de Michel Temer”, então vice-presidente. Loures se encontrou com os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, e Roberson Pozzobon, antes de Dilma deixar o cargo, para um “acordo de procedimentos”.

O objetivo da visita, conforme foi relatado ao jornal, era não colocar as investigações em risco -o que não deixa de ser curioso, quando os áudios que têm vindo à tona indicam que havia, pelo contrário, a intenção, pelo grupo que cercava o vice então e que cerca o presidente hoje, de “estancar a sangria” da operação.

Rodrigo Loures, filmado pegando uma mala de dinheiro com o diretor da JBS, Ricardo Saud, era apontado como “um dos assessores mais próximos de Temer” pela Folha (em reportagens de jornais do Paraná na época, ele aparece como “braço direito” do presidente). Após o flagra, Temer declarou ter apenas “relações institucionais” com o ex-pupilo. Se ele resolver delatar, é possível que o status de suas relações junto ao presidente deva cair ainda mais.

“Rocha Loures é pessoa da estrita confiança de Vossa Excelência?” é justamente uma das 84 perguntas feitas pela PF a Temer, de acordo com o Estadão. Agora não sabemos, mas em 2014, Rodriguinho, como é conhecido, era “uma belíssima figura da vida pública brasileira” para o candidato a vice-presidente da República.

A conversa entre Loures e os procuradores da Lava-Jato durou duas horas e nela teria ficado acertada, de acordo com a reportagem, a manutenção no cargo do superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Franco, responsável pela operação. Loures teria ouvido dos investigadores que a permanência de Franco seria “um sinal importante” e prometeu consultar Temer. “Eu disse para os procuradores que se o conforto era dar essa garantia, iria levar o pedido ao presidente”, relatou o ex-deputado à Folha.

Na mesma noite, o assessor levou o pleito a Temer, que aceitou o pedido. Procurada pelo jornal, a força-tarefa da Lava-Jato confirmou a conversa dos procuradores com Loures, mas disse apenas que o assessor de Temer manifestou apoio à operação. Quem diria que aquele interlocutor simpático seria flagrado pegando 500 mil reais em dinheiro vivo? Eu não diria, e pelo visto os investigadores da Lava-Jato também não.

O caso envolvendo Rodrigo Loures e Temer (além de Aécio Neves) só veio à tona após o empresário Joesley Batista, da JBS, denunciá-los diretamente à Procuradoria-Geral da República. Se não fosse este desdobramento, o núcleo de Curitiba chegaria algum dia a Loures? E o que foi tratado exatamente na reunião antes do impeachment de Dilma com Dallagnol e Pozzebon?

Provavelmente nunca saberemos.

 

 

 


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