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Cultura

Zizek, você acha legal socar neonazis?

Perguntaram ao filósofo esloveno o que acha da ideia de apelar à violência para enfrentar os neonazis em ascensão no planeta. Vejam o que ele respondeu

Foto: divulgação
Da Redação
26 de setembro de 2017, 00h00

Em janeiro, rodou o mundo a imagem controversa de um mascarado socando o supremacista branco Richard Spencer na posse de Donald Trump. A violência da cena também provocou em muita gente a dúvida sobre se temos o direito de socar alguém na rua, ainda que a pessoa seja um neonazi.

O site Quartz resolveu perguntar ao filósofo esloveno Slavoj Zizek o que acha da ideia de apelar à violência para enfrentar os neonazis em ascensão no planeta (este fim-de-semana os nazistas inclusive voltaram ao Parlamento alemão, pela primeira vez desde a Segunda Guerra). Vejam o que Zizek respondeu. É bem útil para nós neste momento em que, bem, alguns membros do governo Temer e da direita nos provocam instintos primitivos.

Quartz – É OK socar um nazi?

Zizek – Não! Se alguma violência é necessária, eu sou mais gandhiano, adepto da violência passiva. Se um cara fala como aquele idiota (Richard Spencer), você deve simplesmente ignorá-lo. Se ele bater em você, vire a cara. Nem o considere uma pessoa. Este é o tipo de violência que eu usaria, não a violência física. Porque as pessoas dizem que a violência simbólica pode ser inclusive pior, mas não subestime a violência física. Alguma coisa acontece quando você passa para a violência física. Não estou dizendo que você deve confraternizar com todo mundo, abraçá-los, e sim ser brutal de um jeito diferente. Quando você encontrar um cara como aquele que foi socado, aja de um jeito que até bater nele, esbofeteá-lo, seria reconhecê-lo. Você deveria tratar ele ou ela como uma não-pessoa, literalmente. São estes extremistas de direita que estão agindo com violência física. Eles representam a decadência da moralidade e da decência. E eu uso aqui o exato termo utilizado por Hegel, Sittlichkeit. Não é uma simples moralidade, é um conjunto de regras não escritas que fazem a nossa vida social suportável. E eu acho que os progressistas deveriam se tornar a voz da decência, da polidez, das boas maneiras. Se tem que agir assim (com violência), a esquerda já perdeu.

 

 


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(23) comentários Escrever comentário

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Vinicius Cavalcante em 26/09/2017 - 02h59 comentou:

Zizek que me desculpe, porém acho que a posição sua é completamente fantasiosa. Não responder a um fascista abre espaço para que ele dispute os idiotas úteis, ou seja, pessoas de classe média simpatizantes a ideias e discursos de ódio, e que naturalmente já possui uma aversão internalizada às pautas democráticas (feminismo, causa negra, luta LGBT, etc).
Se a ação antifascista organizada tivesse sido bem sucedida, pré segunda guerra, teríamos evitado a morte de milhões de judeus, negros, LGBTs e outros grupos. Bater ou, mais efetivo que uma mera agressão, matar um nazi é impedir a morte de milhares de outras vítimas do mesmo. Uma ação preventiva, legítima e justa.
Um, dois, três, quatro, cinco, mil. Lugar de fascista é na ponta do fuzil!

Responder

    Mauricio em 28/09/2017 - 14h02 comentou:

    Lamento informar mas o senhor é também um fascista.

John em 26/09/2017 - 09h31 comentou:

Vai me desculpar mas eu discordo veementemente dessa opinião, a alemanha teria se tornado muito antes nazista não fosse o combate direto dos esquerdistas e foi só quando parou que eles puderam fazer tudo o que queriam, eles precisam sentir medo, eles precisam pensar duas, três vezes antes de atacar os outros se eles perceberem que á vida deles também esta em risco se eles agredirem alguém eles vão ficar com medo, gandhi, martin luther king não ganharam á luta sozinho teve os panteras negras, teve muitos que usaram ação direta junto ao movimento pacifista para que algo fosse mudado, um exemplo de como essa estratégia é ineficiente é observar á greve, as manifestações não é isso que vira o jogo o que vira o jogo é ação direta ela é tão fundamental quanto ação pacifica sozinho ambas as estratégias são ruins mas juntas elas são determinantes.

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    Luciana em 26/09/2017 - 20h13 comentou:

    Boa!

Caio em 26/09/2017 - 09h32 comentou:

Uma pergunta deve ser feita ao distinto filósofo: será que o pacifismo de Gandhi teria sido o suficiente para vencer Hitler?

Responder

Andre Flores em 26/09/2017 - 12h15 comentou:

Sou contra a apologia à violência, ponto final.

Responder

Carla em 26/09/2017 - 12h51 comentou:

Será que foi mesmo o pacifismo do Gandhi a conquistar a independência da Índia?
Será que na Europa a Resistência armada contra o nazifascismo errou? Acho que não.
Se as Instituições não responderem com firmeza ao nazifascismo que avança perigosamente, os cidadãos tem o direito de se defender com os meios a disposição. Não podemos arriscar a obscuridade, de novo.

Responder

Patrícia em 26/09/2017 - 16h30 comentou:

Venha, Ludmila, venha logo!!

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Ana em 26/09/2017 - 19h00 comentou:

Concordo com o filósofo, até porque ignorar uma pessoa é uma forma de violência bastante eficaz, o outro simplesmente deixa de ter qualquer importância ,vira um nada!
Aceitar a provocação deles é também dá importância,dá visualização e é isso que eles querem.

Responder

Luiz Fernando em 26/09/2017 - 19h16 comentou:

Só não concordo com “Se ele bater em você, vire a cara.” Essa situação é uma questão de legítima defesa, mas concordo em não provocar os fascistas, pois estaria se igualando aos fascinoras.

Responder

Luciana em 26/09/2017 - 20h10 comentou:

Muito bonito o que ele diz, mas discordo dele. É só ver se alguma vez na história conseguiu-se derrotar nazi-fascistas apenas ignorando-os. Fosse assim os judeus teriam eles mesmos derrotado o nazismo. Nazi-fascista combatem-se sim com força estratégica: um tiro de fuzil na fronte do mensageiro do mal e o problema desaparece. Erva daninha a gente arranca e põeveneno pra ela não prosperar.

Responder

    John em 27/09/2017 - 14h56 comentou:

    É assim que se fala companheira, com nazista não tem conversa.

    Paulo Martins em 27/09/2017 - 17h22 comentou:

    É isso mesmo! Morte aos fascistas! Este discursinho de filósofos de esquerda me lembram sempre aquele fiasco do Sartre desfilando em Paris a favor de Israel,em 1967,enquanto os sionistas invadiam e massacravam palestinos.Intelectuais tapados,sempre menosprezando o valor da verdadeira luta contra o mal!E pior,assumindo um posicionamento que libera a direita para nos massacrar.

Eduardo em 26/09/2017 - 20h53 comentou:

Não precisamos concordar com tudo que o filósofo diz. Nazistas no poder eliminam quem pensa diferente. Eliminam.

Responder

Alessandro Lustosa em 26/09/2017 - 21h14 comentou:

Ele só falou que é contra a violência gratuita nas ruas contra os neonazis, acho que está implícito defender seus ideais contrários, ir as ruas se manifestar, mas não sair pra porrada se colocando no nível deles. Existem outras armas.

Responder

Rodrigo Souza em 27/09/2017 - 03h27 comentou:

Eu concordo com ele. Pensem o seguinte: se um reaça agride um esquerdista e posta a agressão para os seus, vira heroi imediato. Se ele é agredido por um esquerdista, vira mártir agredido por um comunista.

Afinal, devemos lembrar que para todos os efeitos históricos, a exemplo do nazismo, o comunismo falhou e foi tão genocida quanto. Acontece que o nazismo foi extinto como poder estatal ao fim da segunda guerra mundial.

Sim, parece estranho, mas foi extinto uma vez que nenhum país do mundo é atualmente controlado por nazistas. Ao passo que o comunismo está aí com um garoto-propaganda que ninguém aqui deve curtir muito: Kim Jong-Un. Isso sem falar em Cuba e China.

Destes, apenas a China deu alguma dignidade ao comunismo. Isso depois de falhar misaravelmente antes dos anos 1980. Ainda assim, todos eles são bastante autoritários com seus cidadãos. Não vejo nenhuma diferença entre Raul Castro e Emílio Medici, por exemplo. Ambos impuseram à força e sangue suas ideias.

A questão é que as ideias esquerdistas estão ainda na berlinda, tendo um marketing reverso absurdo com PT e sua derrocada e estes países. Não é a hora de sairmos trocando socos com direitistas, reaças e neonazi.

É hora de mostrar que somos diferentes e que nosso liberalismo é a parte boa do mundo.

Obviamente, não quero likes de ninguém com este comentário, mas ou a esquerda acorda para limpar sua barra suja de sangue e corrupção, tanto quanto a direita, ou estamos fadados a virarmos um regime maldito.

Responder

    Rodrigo Dias em 28/09/2017 - 13h44 comentou:

    A ditadura militar foi uma imposição dos EUA para que eles controlassem e comprassem tudo aqui dentro. Exatamente como o golpe de agora. Em Cuba foi um projeto interno, justamente para readquirir direitos sobre a própria terra, independente das dificuldades que causa peitar o império. Se você não vê diferença entre os dois, está fazendo um grande favor ao tio Sam.

    Maria do Carmo Barboza Lima de Faria Correa em 21/10/2017 - 13h22 comentou:

    Parabéns pela tua colocação, Rodrigo Souza. Estão todos comprometidos com o erro, combatem-se uns aos outros da pior forma possível. De cabeça quente não se resolve nada. Porque a palavra dita, o soco ou o tiro desferido, não volta atrás. Urge que todos despertem e vejam quando insana é esta batalha de querer detonar uns aos outros só para provar quem está certo.

Rodrigo Dias em 27/09/2017 - 09h51 comentou:

Está querendo imitar Jesus, com essa de “dar a outra face”, mas veja no que deu: estamos perdoando os corruptos até hoje… e por medo de ir pro inferno (“perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”). Esse Zizek é um fuleiro, isso sim! Mais um posmoderno disfarçado de esquerda enganando a geral.

Responder

Roque junior em 27/09/2017 - 21h35 comentou:

Infelizmente acho que no atual contexto mundial não devemos deixar o mal criar raízes; sabemos o que eles são e o que querem, nos eliminar. então devemos fazer com que sintam medo não porém horror de nos ver. botemos terror nesses fascistas antes q façam com nos .

Responder

CarlosH em 27/09/2017 - 23h31 comentou:

“Se ele bater em você, vire a cara. ” Que b*sta! Depois quando falo que a esquerda é Naruto não me entendem. Só citei um pequeno trecho, mas nada se salva. Com uma esquerda dessas dá para entender porque a extrema direita avança no mundo.,

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Gabrielle em 21/11/2017 - 22h44 comentou:

Hahah! Achei que o extremismo era exclusivo da direita conservadora.
Engraçado!os mesmos colegas esquerdistas que falam mal de Jair Bolsonaro e sua política relacionada a intolerância e a pena de morte agora defendem o fuzil para nazistas.
Sem hipocrisia,colegas de esquerda!
Não somos nós que defendemos o desarmamento e o pacifismo?

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Ronau em 08/12/2017 - 12h55 comentou:

a historia se escreve com sangue.

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