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São 367 picaretas com anel de doutor

O Brasil e o mundo inteiro viram, transmitido ao vivo, o show de horrores que foi a aprovação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff pelo plenário da Câmara. Parlamentares votando em nome das próprias famílias, parlamentares falando em nome de Deus, parlamentares assumindo que o real interesse é o estatuto do desarmamento, parlamentares falando em […]

Cynara Menezes
17 de abril de 2016, 23h48
foracunhaimpeachment

(Parlamentares do PT e do PSOL estendem faixa contra Eduardo Cunha no início da votação)

O Brasil e o mundo inteiro viram, transmitido ao vivo, o show de horrores que foi a aprovação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff pelo plenário da Câmara. Parlamentares votando em nome das próprias famílias, parlamentares falando em nome de Deus, parlamentares assumindo que o real interesse é o estatuto do desarmamento, parlamentares falando em democracia enquanto passavam por cima da Constituição e aplicavam um golpe “constitucional” numa presidente democraticamente eleita. Teve até parlamentar saudando torturador da ditadura militar. A “razão jurídica” para o impeachment da presidenta Dilma foi absolutamente esquecida, desnudando que ela pouco importa, nunca importou. O julgamento foi político.

Os políticos corruptos ou acusados de corrupção que votaram em favor do impeachment se mostraram inteiros diante das câmeras da TV Câmara para quem quisesse ver: despreparados, sem estofo, inteiramente desconectados com o povo que os elegeu. Gente sem nenhum resquício de caráter, com cifrões no lugar dos olhos e zero preocupação com o futuro do país. Sob o signo da traição do vice-presidente da República, a cara da direita brasileira esteve exposta hoje durante seis horas ininterruptas e se mostrou provinciana, tacanha, intolerante, burra. Não sou eu quem digo, basta rever as imagens e conferir um a um os parlamentares que disseram “sim” ao impeachment. Só alguém ingênuo ou igualmente desonesto e mau caráter pode se reconhecer num político desses.

É um dia triste para o Brasil. Não sabemos o que será de nosso país daqui para a frente. Mas eu fico aliviada em saber que essa gente não me representa. Fico aliviada em saber que não só não votei nesses pilantras como não estive ao lado deles nesta votação. Quem esteve ao lado dos golpistas, não adianta se esquivar, é responsável pelo que ocorrer com o Brasil daqui para a frente. Eu vou cobrar, a esquerda vai cobrar. Agora é com vocês.

Quando Lula, em 1994, disse que havia “300 picaretas com anel de doutor” no Congresso Nacional, acharam que ele estava exagerando. Hoje vimos que ele errou na conta. São 367 picaretas na Câmara. E ainda falta contar os picaretas do Senado.

 


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