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“Bandidos de estimação”: quem será o próximo condenado que Bolsonaro indultará?

Seus filhos? O amigo Queiroz? O vizinho que matou Marielle?

Os bons companheiros. Foto: reprodução/instagram
Cynara Menezes
22 de abril de 2022, 10h53

O precedente aberto por Jair Bolsonaro ao indultar seu amigo Daniel Silveira, condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pela máxima Corte do país por atacar a democracia e ameaçar ministros, é mais que perigoso. Na prática, Bolsonaro, tal qual um Luís XIV do século 21, se atribui poderes imperiais: “o Estado sou eu”. A partir dessa premissa, no futuro poderá libertar qualquer condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que desejar.

Quem será o próximo beneficiado pelo perdão bolsonarista? Os próprios filhos do presidente, investigados por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, fake news, tráfico de influência e rachadinhas? O seu amigo Fabrício Queiroz, acusado de ser o mentor do esquema de apropriação do salário de funcionários dos gabinetes da família? Quem sabe o vizinho de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco? Amigos do presidente podem tudo, é esse o recado que o indulto transmite ao Brasil.

A leniência de Bolsonaro com o crime, para dizer o mínimo, não é de hoje. Só caiu na balela de que ele e sua gente não têm “bandido de estimação” quem quis cair. Mas, sem dúvida, indultar um criminoso condenado pelo Supremo cruza uma fronteira assustadora

Curioso é ver esta turma que dizia não ter “bandido de estimação” apelando a uma flagrante inconstitucionalidade para tirar um criminoso da cadeia, sob a desculpa mentirosa de que defendem a “liberdade de expressão”. Os mesmos “defensores da liberdade de expressão” que queriam prender o cartunista Aroeira por uma charge; os mesmos “defensores da liberdade de expressão” que colocaram o Ministério da Justiça atrás de um sociólogo por conta de um outdoor onde se comparava Bolsonaro a um “pequi roído”. A “liberdade de expressão” só vale para os bandidos de estimação do presidente.

Aliás, a leniência de Bolsonaro com o crime, para dizer o mínimo, não é de hoje. Só caiu na balela de que ele e sua gente não têm “bandido de estimação” quem quis cair. Bolsonaro disse que apoia a tortura de seres humanos, crime inafiançável e imprescritível; a família Bolsonaro acumula indícios de ligações com a milícia e homenageou milicianos; Bolsonaro já defendeu a sonegação de impostos; Bolsonaro torra milhões em dinheiro público para fazer campanha fora de hora; o MEC de Bolsonaro é investigado por oferecer propina em troca de verbas.

Me vem à memória o deputado Marcio Moreira Alves, cujo discurso na Câmara foi utilizado pelos militares em 1968 como desculpa para o AI-5. Silveira é como um Marcito às avessas: se o Supremo reverter o indulto, pode ser o mote para o “novo AI-5” que Eduardo Bolsonaro nunca escondeu ser a intenção desta turma

Mas, sem dúvida, indultar um criminoso condenado pelo Supremo com uma canetada cruza uma fronteira assustadora. Me vem à memória o caso do então deputado federal Marcio Moreira Alves, cujo discurso na Câmara foi utilizado pelos militares em 1968 como desculpa para endurecer o regime através do AI-5. Daniel Silveira é como um Marcito às avessas: se o Supremo reverter o indulto dado pelo presidente, isso pode se tornar o mote para o “novo AI-5” que Eduardo Bolsonaro nunca escondeu ser a intenção desta turma.

A maior preocupação de todos os reais defensores da democracia agora é com o que vai acontecer em outubro. Um presidente que não acata uma decisão da mais alta Corte do país aceitará a derrota nas urnas? Isso se houver mesmo eleição… O déspota que ocupa o Planalto mostrou mais uma vez que não há limites para sua sede de poder.

 

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Paulo Roberto Martins em 22/04/2022 - 18h09 comentou:

Este foi o primeiro sinal palpável – e não simplesmente ameaças, como o psicopata sempre fez – de que ele não vai entregar o poder. A esquerda que se prepare. Se tivermos culhões devemos nos preparar para tirar este bandido do poder a bala. Não sobrará outro caminho. Quem viver,verá!

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Bernardo Santos Melo em 22/04/2022 - 18h47 comentou:

Mussolini & Hitler permanecem norteando o superego de Genô .
Aguardemos as orientações Estado-Unidense.
Não há surpresas , “BANDIDO BOM É BANDIDO SOLTO “ , desde que pertença ao meu clã miliciano .
Admito ou melhor iludo-me que reações enérgicas ocorrerão , talvez Biden aperte algum parafuso no processo suicida de Genô .
Uma carta na manga adequadamente escondida poderá ser utilizada como emparedamento final , O POVO HUMILHADO UNIDO e NAS RUAS , … antes tarde do que nunca . Enquanto Marielle estiver PRESENTE , GENÓ não dormirá .

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