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Chanceler de Bolsonaro, para quem nazismo é de esquerda, é desmentido por… Hitler

Trechos da autobiografia do líder nazista, Minha Luta, demonstram o ódio que ele sentia do marxismo, que associava ao judaísmo

Manifestação pró-nazi em Chicago em 1931. Foto: BUNDESARCHIV, BILD
Cynara Menezes
01 de abril de 2019, 16h54

Há algum tempo publicamos aqui um documentário mostrando como os capitalistas financiaram o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini. Mas a extrema-direita, viciada em fake news, insiste em jogar no colo da esquerda as barbaridades do nazismo. Como se o líder da União Soviética, Josef Stalin, em que pese seus defeitos, não tivesse botado os nazistas para correr em 1943.

Agora é o chanceler (sic) de Bolsonaro, o bolsominion diplomata Ernesto Araújo, quem utiliza suas redes para difundir a mentira de que o nazismo era de esquerda.

Poderíamos fazer várias perguntas bem básicas para o ministro responder: se o nazismo era de esquerda, por que os capitalistas o financiaram? Se o nazismo era de esquerda, por que os comunistas o derrotaram? Se o nazismo era de esquerda, por que, um dia depois de assumir o poder, em 1933, Hitler baniu o Partido Comunista Alemão? Se o nazismo era de esquerda, por que os neonazis em todo o mundo são de extrema-direita, como ele e Bolsonaro?

Mas preferimos dar a palavra ao próprio Adolf Hitler. Em seu livro Mein Kampf (Minha Luta), o líder nazista confessou como se apropriou da cor vermelha e do nome “Partido dos Trabalhadores Alemães” para confundir os “vermelhos”. Hitler também conta como desde cedo estabeleceu como seus inimigos centrais tanto os judeus quanto os marxistas. O líder nazista associava diretamente o marxismo ao judaísmo –o próprio Marx era judeu, assim como Trotsky.

Se o nazismo era de esquerda, por que, um dia depois de assumir o poder, Hitler baniu o Partido Comunista Alemão? Se o nazismo era de esquerda, por que os neonazis em todo o mundo são de extrema-direita, como Bolsonaro e seu chanceler?

“Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e judaísmo”, escreveu o Führer. “O problema futuro da nação alemã devia ser o aniquilamento do marxismo.” Ué, como uma pessoa que odeia o marxismo pode ser de esquerda? Só faz sentido na cabeça de quem quer enganar as pessoas, como Hitler, ou de gente com pouca leitura, alvo fácil para os enganadores de extrema-direita.

Aliás, nada mais nazista do que se utilizar de fake news na disputa política. É puro Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Não foi exatamente isso que os bolsonaristas fizeram na eleição, com seus kits gays e mamadeiras de piroca? As críticas de Hitler à imprensa também parecem ter saído diretamente da pena dos bolsonaristas ou de seu ídolo Donald Trump.

Confira você mesmo alguns trechos em que Adolf Hitler ataca o marxismo em sua autobiografia.

A cor vermelha de nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a Esquerda, de revoltá-la e induzi-la a frequentar nossas assembleias; isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa gente.” (pág. 245)

“Como não tinham logrado perturbar a calma das companhias, mediante gritarias e aclamações ofensivas, os representantes do verdadeiro socialismo, da igualdade e da fraternidade, começavam a jogar pedras. Com isso foi esgotada a nossa paciência, e, em conseqüência, distribuímos pancadas à esquerda e à direita, durante dez minutos. Um quarto de hora mais tarde, não havia mais um vermelho nas ruas.” (pág. 279)

“Nos anos de 1913 e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos, que, em parte, hoje estão filiados ao movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da nação alemã devia ser o aniquilamento do marxismo.” (pág. 86)

“Nesse tempo, abriram-se-me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e judaísmo.” (pág. 14)

Só o conhecimento dos judeus ofereceu-me a chave para a compreensão dos propósitos íntimos e, por isso, reais da social-democracia. Quem conhece este povo vê cair-se-lhe dos olhos o véu que impedia descobrir as concepções falsas sobre a finalidade e o sentido deste partido e, do nevoeiro do palavreado de sua propaganda, de dentes arreganhados, vê aparecer a caricatura do marxismo.” (pág. 30)

“Se o judeu, com o auxilio do seu credo marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como há milhões de anos, errará pelo éter.”  (pág. 38)

Nada mais nazista do que se utilizar de fake news na disputa política. É puro Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler: Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Não foi exatamente isso que os bolsonaristas fizeram na eleição, com seus kits gays e mamadeiras de piroca?

“No meu íntimo eu estava descontente com a política externa da Alemanha, o que revelava ao pequeno circulo que meus conhecidos, bem como com a maneira extremamente leviana, como me parecia, de tratar-se o problema mais importante que havia na Alemanha daquela época –o marxismo. Realmente, eu não podia compreender como se vacilava cegamente ante um perigo cujos efeitos –tendo-se em vista a intenção do marxismo– tinham de ser um dia terríveis.” (pág. 86)

“Em um tempo em que os melhores elementos da nação morriam no front, os que ficaram em casa, entregues aos seus trabalhos, deviam ter livrado a nação dessa piolharia comunista. Ao invés disso, sua Majestade o Kaiser estendia a mão a esses conhecidos criminosos, dando, assim, oportunidade a esses pérfidos assassinos da nação de voltarem a si e de recuperarem o tempo perdido. A víbora podia, pois, recomeçar o seu trabalho, com mais cautela do que antes, porém de maneira mais perigosa. Enquanto os honestos sonhavam com a paz, os criminosos traidores organizavam a revolução.” (pág. 93)

A cor vermelha de nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a Esquerda, de revoltá-la e induzi-la a frequentar nossas assembleias; isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa gente

“Vencendo a minha relutância, tentei ler essa espécie de imprensa marxista, mas a repulsa por ela crescia cada vez mais. Esforcei-me por conhecer mais de perto os autores dessa maroteira e verifiquei que, a começar pelos editores, todos eram judeus.” (pág. 36)

“Sob esse disfarce de idéias puramente sociais, escondem-se intenções francamente diabólicas. Elas são externadas ao público com uma clareza demasiado petulante. A tal doutrina representa uma mistura de razão e de loucura, mas de tal forma que só a loucura e nunca o lado razoável consegue se converter em realidade. Pelo desprezo categórico da personalidade, por conseguinte da nação e da raça, destrói ela as bases elementares de toda a civilização humana, que depende justamente desses fatores. Eis a verdadeira essência da teoria marxista, se é que se pode dar a esse aborto de um cérebro, criminoso a denominação de ‘doutrina’. Com a ruína da personalidade e da raça, desaparece o maior reduto de resistência contra o reino dos medíocres, de que o judeu é o mais típico representante.” (pág. 169)

“Mais do que qualquer outro grupo, os marxistas, ludibriadores da nação, deveriam odiar um movimento cujo escopo declarado era conquistar as massas que até então tinham estado a serviço dos partidos marxistas dos judeus internacionais. Só o titulo ‘Partido dos Trabalhadores Alemães’ já era capaz de irritá-los.” (pág. 186)

 

 

 


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(9) comentários Escrever comentário

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Homero Mattos Jr. em 01/04/2019 - 18h15 comentou:

parabéns por esta matéria, Cynara.

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Thales em 02/04/2019 - 06h44 comentou:

Você revelou a farsa dos aventureiros do momento. Perfeita essa sua matéria. Parabéns, caríssima Morena Socialista e Soteropolitana.

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Pedro Gabriel Portugal Junior em 02/04/2019 - 09h10 comentou:

Artigo esclarecedor. Parabéns Cynara.

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Homero Mattos Jr. em 02/04/2019 - 11h15 comentou:

[ ” ‘Nazismo é de direita’, define Museu do Holocausto visitado por Bolsonaro em Israel.
o museu explica que havia um clima de frustração que, ‘junto a intransigente resistência e alertas sobre a crescente ameaça do Comunismo, criou solo fértil para o crescimento de grupos radicais de direita na Alemanha, gerando entidades como o Partido Nazista’. ” ]

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Homero Mattos Jr. em 02/04/2019 - 11h16 comentou:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47784368

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FABIO FREITAS JACQUES em 02/04/2019 - 20h40 comentou:

Pergunto: por que Stalin mandou assassinar Trotsky? Seria Trotsky de direita? Ou quem sabe Stalin era de direita. E a primavera de Praga? Quem é contra um comunista é obrigatoriamente de direita? É o pacto Molotov-Ribbentrop? Parceria entre extrema esquerda e extrema direita?

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    Cynara Menezes em 03/04/2019 - 10h59 comentou:

    eu, hein? quer dizer então que stalin destruiu os nazistas porque era de direita? e matou trotsky porque era de esquerda? que raciocínio tosco. digno de bolsominion. stalin era um psicopata, tanto quanto hitler. um se dizia de esquerda e o outro de extrema-direita. aqui não passamos pano para assassinos

Pedro em 04/04/2019 - 19h22 comentou:

Genial dona Cynara!

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Pedro em 04/04/2019 - 20h19 comentou:

Me desculpe, Cynara, contrariar uma sua afirmação num artigo fundamental para se entender a confusão que estão ensaiando sobre o nazismo.
É o seguinte: uma coisa é certa: os tais crimes de Stalin foram inventados pelo Departamento de Estado, cheio de nazistas protegidos pela democracia americana, com a colaboração da pequena burguesia do mundo inteiro. Foram, de fato, vitoriosos em ocultar os crimes do capitalismo. Até Hitler virou um louco, psicopata, e não braço armado do capitalismo para destruir a União Soviética. Existem muitos fatos que precisam ser conhecidos do público. Por exemplo, que os militares franceses puseram um tapete vermelho para que Hitler passeasse vitorioso por Paris. Esse crime contra a humanidade, quem é que já ouviu falar dele?
Vou, Cynara, para concluir esse espinhoso assunto, indicar a leitura de um pesquisador, professor universitário americano, de uma obra cujo título, em francês, é Khrouchtchev a menti. Original inglês, esta obra já foi traduzida em Alemão, Russo e Italiano. Seu prefácio é de Domenico Losurdo, autoridade nessa questão. Editora Delga. Seu autor, Grover Furr. Existe dele uma entrevista dada a uma publicação brasileira. Leitura necessária.

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