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Deixa o homem coçar: Bolsonaro usa “golpe” para ninguém perceber que não trabalha

O que Bolsonaro mais faz é tirar selfies e andar de moto; se não vivesse ameaçando a democracia, ninguém lembraria que é o presidente

Bolsonaro observa a "sucateata" em plena terça-feira. Foto: Marcos Corrêa/PR
Cynara Menezes
17 de agosto de 2021, 21h05

No mês passado, em uma das suas falas no “cercadinho”, nome bem adequado ao propósito de alimentar o gado, Jair Bolsonaro justificou que estava ali porque sua agenda “estava meio folgada”. O presidente do Brasil passou 50 minutos espalhando as habituais fake news e jogando conversa fora com seus apoiadores mais fanáticos enquanto o resto do país lamentava a fome, os quase 15 milhões de desempregados, o botijão de gás a 130 reais e as centenas de milhares de mortos pela Covid-19.

No mês passado, a revista Carta Capital fez um levantamento a partir da agenda oficial do presidente e descobriu que, em junho, quando o Brasil ultrapassou os 500 mil mortos por Covid-19, Bolsonaro dedicou só 83 horas e 25 minutos ao trabalho, menos de três horas de trabalho por dia, descontadas as horas de deslocamento, calculadas em cerca de 31 horas e 8 minutos no mês. Durante 8 dias, o presidente não teve nenhum compromisso na agenda oficial. Entre os dias 3 e 6 de junho, Bolsonaro contabilizou zero horas trabalhadas –enquanto o trabalhador comum enfrenta uma jornada de 220 horas mensais em média.

Falando em golpe diuturnamente, Bolsonaro distrai a imprensa e os brasileiros da realidade de que seu governo não tem nem uma só realização. É medíocre, insignificante. Não fosse pelas ameaças de golpe, quem saberia que Bolsonaro é presidente?

Desde os tempos do Exército, de onde saiu corrido, sem nenhuma honra, que Jair Bolsonaro não tem exatamente um currículo de serviços prestados à Nação. No Congresso Nacional, a fama de preguiçoso, de que não gosta de pegar no batente, o precede: em 27 anos como deputado federal, nunca presidiu ou foi relator de nenhuma comissão; e teve apenas dois projetos aprovados neste meio tempo, uma proposta que estende o benefício de isenção do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para produtos de informática e outro que autoriza o uso da chamada fosfoetanolamina sintética, a “pílula do câncer”, cujo registro foi negado pela Anvisa.

Ora, qual foi a grande obra de Bolsonaro desde que assumiu a presidência, dois anos e meio atrás? Fora o fim do horário de verão, não consigo lembrar de nenhuma. A gestão da pandemia foi um desastre que resultou no morticínio de quase 600 mil até agora; o descalabro ambiental, então, nem se fala. O presidente eleito com a promessa de “nova política” inaugurou obras do governo de Dilma Rousseff ou que já estavam 94% prontas; mudou o nome de programas que foram criados pelos petistas, como o Minha Casa Minha Vida (para “Casa Verde e Amarela”) e Bolsa Família (para “Auxílio Brasil”) –e mais nada. Auxílio emergencial? Lei Aldir Blanc? Projetos da oposição.

Quando não está tirando selfies ou andando de motocicleta, Bolsonaro se dedica noite e dia não ao trabalho duro de líder máximo de uma nação com 211 milhões de habitantes, mas a ameaçar o Brasil e os brasileiros com um golpe de Estado, uma nova ditadura militar como a que tanto preza. Ele e seus milicos de estimação não se cansam de repetir que uma intervenção pode ocorrer a qualquer momento e sob qualquer justificativa. Seu principal conselheiro, o general de pijamas Augusto Heleno, deixou isso claro em entrevista à rádio Jovem Pan, espécie de assessoria de imprensa do bolsonarismo.

Desde o Exército, de onde saiu corrido, que Bolsonaro não tem exatamente um currículo de serviços prestados à Nação. No Congresso, a fama de que não gosta de pegar no batente o precede: em 27 anos como deputado, nunca presidiu ou foi relator de nenhuma comissão; e teve apenas dois projetos aprovados

Com os dentes arreganhados, a besta-fera verde oliva ataca ministros do Supremo e coloca a sucata militar para desfilar na Esplanada com o intuito de amedrontar o povo e intimidar a oposição. A justificativa atual é o voto “impresso e auditável”, uma fake news que ele tem usado como chantagem para nos manter reféns dos seus delírios autoritários. Se não funcionar, inventará outras.

Desconfio que, no fundo, as ameaças de golpe de Bolsonaro servem para esconder a paralisia do seu governo; são uma cortina de fumaça para que o povo não perceba que o presidente não trabalha, que é ruim de serviço, que continua a ser o mesmo inútil da época do Congresso Nacional. Falando em golpe diuturnamente, Bolsonaro distrai a imprensa e os brasileiros da realidade de que seu governo não tem nem uma só realização. É medíocre, insignificante. Não fosse pelas ameaças de golpe, quem saberia que Bolsonaro é presidente?

Lembram do slogan do Lula quando era vilipendiado de forma sistemática pela mídia comercial, “deixa o homem trabalhar”? É o tipo de coisa que jamais caberia em Bolsonaro. Só se fosse “deixa o homem coçar”.

 

 


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(3) comentários Escrever comentário

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Bernardo Santos Melo em 17/08/2021 - 22h16 comentou:

Cynara !
É hora de sabermos da real mamata dos NOVOS MARECHAIS recém promovidos ,
será verdade ?

Responder

Edmilson Rogerio de Oliveira em 18/08/2021 - 19h58 comentou:

Texto perfeito👏👏👏

Responder

Fábio Lúcio Sanchez em 07/09/2021 - 19h43 comentou:

#BolsonaroNaoTrabalha

Responder

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