Socialista Morena
Cultura

Iugonostalgia: como seria o time da Iugoslávia na Copa se o país ainda existisse

Segundo pesquisa do instituto Gallup, 81% dos sérvios acham que o fim da Iugoslávia foi ruim, e 77% dos bósnios se dizem arrependidos

Pelé com os craques iugoslavos Aćimović e Dragan Džajić em seu jogo de despedida, em 1971. Foto: reprodução
Cynara Menezes
27 de junho de 2018, 16h37

Iugonostalgia é a saudade que afeta habitantes dos sete países que compunham a Iugoslávia, extinta em 1991, com a desintegração da União Soviética. A nostalgia do país comunista é sentida sobretudo na Sérvia e na Bósnia, segundo pesquisa divulgada pelo instituto Gallup em maio do ano passado: nada menos que 81% dos sérvios acham que o fim da Iugoslávia diminuiu a importância da região. 77% dos bósnios se dizem arrependidos da separação.

Os mais satisfeitos são os cidadãos de Kosovo: 75% acham que a separação foi benéfica. 55% dos croatas concordam. Mas os eslovenos se dividem: 41% acham que o fim da Iugoslávia foi boa, enquanto 45% acham que foi ruim.

Os ex-iugoslavos sentem saudade de coisas prosaicas, como a “coca-cola iugoslava”, Cockta, e até do carrinho Yugo, símbolo do país, que já foi considerado o pior carro da história, mas, assim como aconteceu com a Lada na União Soviética e com o Trabant, na Alemanha Oriental, se tornou objeto de culto. Na ex-Iugoslávia, assim como nos EUA, para onde foi exportado nos anos 1980, inclusive se fala em uma “Yugomania”.

Anúncio do Yugo nos EUA: barato e econômico

E hoje o patinho feio (na verdade projetado por engenheiros da Fiat) é considerado o “mais charmoso” (pior) carro do mundo.

O Yugo nas ruas de Zagreb, capital da Croácia. Foto: Vlado Kos/Croatia Times

Anúncio da Cockta, a “coca-cola iugoslava”

No Brasil, sem dúvida nosso maior saudosista da ex-Iugoslávia é o jogador Dejan Petković, de origem sérvia. Pet, que veio para cá em 1997 para jogar no Vitória, da Bahia, volta e meia aparece na televisão falando como foi feliz durante sua infância no país comunista.

Durante a Copa do Mundo da Rússia, a imprensa internacional flagrou torcedores sérvios usando, em vez da camiseta da seleção do país, a camiseta vermelha da Iugoslávia. O Washington Post encontrou esta semana na capital norte-americana gente cuja família se mudou para os EUA durante as confusões pré-fim do comunismo que torcem tanto para a Sérvia quanto para a Croácia.

“Eu apoio todas as seleções da Iugoslávia. Ontem eu estava assistindo ao jogo da Croácia”, disse ao jornal Nikola Agatic, de pai bósnio-sérvio e mãe sérvia-croata. Embora não tenham tido tanto sucesso nas Copas do Mundo (seus melhores resultados foram terceiro lugar na primeira Copa, em 1930, e quarto lugar no Chile, em 1962), os iugoslavos sempre amaram o futebol. No auge, chegaram a ser conhecidos como “os brasileiros do Leste europeu”. Foi contra a Iugoslávia o jogo de despedida de Pelé do futebol, em julho de 1971, no Maracanã.

O site Sportskeeda imaginou como seria a seleção da Iugoslávia na Rússia em 2018 se o país ainda existisse. No gol, Jan Oblak, da Eslovênia, que joga atualmente no Atlético de Madri, considerado um dos melhores goleiros da atualidade. Na defesa, os croatas Šime Vrsaljko, também do time madrilenho, e Dejan Lovren, do Liverpool, o montenegrino Stefan Savić, do Atlético de Madri, os sérvios Branislav Ivanović, do Zenit Saint PetersburgoMatija Nastasić, do Schalke, e Aleksandar Kolarov, do Roma, e o bósnio-herzevogino Sead Kolasinac, do Arsenal.

Será que a seleção de Tite teria sido páreo para uma seleção formada pelos melhores jogadores da ex-Iugoslávia, quase todos hoje em times da Europa ocidental?

No meio campo, o bósnio-herzegovino Miralem Pjanić, da Juventus, o croata Ivan Rakitić, do Barcelona, os croatas Mateo Kovačić e Luka Modrić, ambos do Real Madrid, o croata Marcelo Brozović, da Inter de Milão, e os sérvios Nemanja Matić, do Manchester United, e Sergej Milinković-Savić, do Lazio.

Por fim, no ataque, o bósnio-herzegovino Edin Džeko, do Roma, os croatas Ivan Perišić, da Inter de Milão, e Mario Mandžukić, da Juventus, o montenegrino Stevan Jovetić, do Monaco, e o sérvio Dušan Tadić, do Southampton.

Será que a seleção do Brasil teria sido páreo para eles?

 

 


Apoie o site

Se você não tem uma conta no PayPal, não há necessidade de se inscrever para assinar, você pode usar apenas qualquer cartão de crédito ou débito

Ou você pode ser um patrocinador com uma única contribuição:

Para quem prefere fazer depósito em conta:

Cynara Moreira Menezes
Caixa Econômica Federal
Agência: 3310
Conta: 000591852026-7
PIX: [email protected]
(1) comentário Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Heber de Oliveira Pelagio em 12/06/2019 - 09h09 comentou:

Se for para falar em “iuonostalgia”, vamos lembrar também o fato de que Joseph Broz Tito, o primeiro governante comunista a romper com a U.R.S.S., era também um ditador implacável, que governou seu país com mão de ferro por mais de 30 anos (mais tempo até do que Stálin) e costumava mandar o seus críticos e opositores para a penitenciária política de Goli Otok, onde eles passavam anos a fio sofrendo horrores e torturas indizíveis.

Para quem quiser saber mais sobre Goli Otok, sugiro uma leitura na página da Wikipedia em inglês: https://en.wikipedia.org/wiki/Goli_Otok

Responder

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Politik

Bolivarianismo tipo exportação: a comunista brasileira que é deputada na França


Por Manuca Ferreira, de Paris* Neste domingo, 23 de abril, a França tem chance de colocar um esquerdista, Jean-Luc Mélenchon, no segundo turno da eleição presidencial, em uma disputa onde a candidata xenófoba de extrema-direita…

Direitos Humanos

As origens elitistas e racistas do futebol, por Mário Rodrigues (o irmão de Nelson)


Uma das razões pelas quais não concordo com o epíteto de “reacionário” que a direitosa adotou como verdade absoluta para se referir a Nelson Rodrigues (1912-1980), sem nunca tê-lo lido, é seu pioneirismo na denúncia…