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Papa Francisco vê discursos “similares ao de Hitler” e sai em defesa da Amazônia

Líder católico criticou o populismo de extrema direita no mundo, em um recado claro a Trump e seus fãs, como Bolsonaro

O papa abraça o cacique Raoni, em maio. Foto: VaticanNews
Da Redação
12 de agosto de 2019, 18h33

Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o papa Francisco criticou o populismo de extrema direita em ascensão no mundo, em um recado claro a Donald Trump e seus fãs na política, como o brasileiro Jair Bolsonaro. “Estou preocupado porque ouvimos discursos que se assemelham aos de Hitler em 1934. ‘Primeiro nós, nós, nós…’: estes são pensamentos assustadores”, disse Francisco. Trump vive repetindo “America first”, seu slogan de campanha, e atacando imigrantes, inclusive parlamentares de origem latina e árabe.

O papa argentino criticou o nacionalismo exaltado destes projetos de governo. “Nacionalismo é isolamento. Um país deve ser soberano, mas não fechado. A soberania deve ser defendida, mas as relações com outros países e com a Comunidade Européia também devem ser protegidas e promovidas. O nacionalismo é um exagero que sempre acaba mal: leva a guerras”, disse.

“Estou preocupado porque ouvimos discursos que se assemelham aos de Hitler em 1934. ‘Primeiro nós, nós, nós …’: estes são pensamentos assustadores”, disse Francisco. Trump vive repetindo “America first”

Francisco também defendeu a Amazônia, ameaçada pelo bolsonarismo e que será o tema do Sínodo convocado em 2017 e que ocorrerá em Roma, em outubro. “O Sínodo é ‘filho’ da encíclica ‘Laudato si’. Quem não leu nunca entenderá o Sínodo na Amazônia. Laudato si não é uma encíclica verde, é uma encíclica social baseada em uma realidade ‘verde’, a custódia da Criação”, explicou o papa na entrevista.

Para o pontífice, as maiores ameaças à Amazônia vêm da mineração, do desmatamento e dos agrotóxicos, três pontos para os quais Bolsonaro já deu aval ao defender mineração em terras indígenas, tentar esconder os dados do Inpe e bater recordes na liberação de veneno. “A ameaça da vida das populações e do território deriva dos interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade”, disse o papa. “A política deve assumir uma responsabilidade concreta, por exemplo, no assunto de minas a céu aberto, que envenenam a água causando tantas doenças. Depois há a questão dos fertilizantes.”

Segundo o papa, as maiores ameaças à Amazônia vêm da mineração, do desmatamento e dos agrotóxicos, três pontos para os quais Bolsonaro já deu aval ao defender mineração em terras indígenas, tentar esconder os dados do Inpe e bater recordes na liberação de veneno

O repórter pergunta: “Mas por que a Amazônia?” E o papa responde: “É um lugar representativo e decisivo. Juntamente com os oceanos, contribui decisivamente para a sobrevivência do planeta. Muito do oxigênio que respiramos vem de lá. É por isso que o desmatamento significa matar a humanidade. A Amazônia envolve nove Estados, então não é uma nação única. E penso na riqueza da Amazônia, na biodiversidade vegetal e animal: é maravilhosa.”

A defesa da Amazônia pelo papa já está causando furor na extrema direita dentro do catolicismo. Cardeais alemães atacaram Francisco por conta do Sínodo da Amazônia, mais uma vez equiparando suas visões ao marxismo. “A cosmovisão dos povos indígenas é uma concepção materialista semelhante ao marxismo e não é compatível com a doutrina cristã”, disse o cardeal Gerhard Müller, em entrevista em julho.

Em fevereiro, o general Augusto Heleno admitiu a preocupação do governo de extrema direita de Bolsonaro com o Sínodo da Amazônia, embora tenha negado haver emitido ordens para espionar a igreja. “A preocupação com o sínodo é uma preocupação real, porque o sínodo tem uma pauta que ele vai desenvolver e alguns assuntos dessa pauta são de interesse de segurança nacional. Então acaba preocupando a Abin e o GSI”, disse o general.

Leia a entrevista completa do papa ao La Stampa aqui.

 


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(1) comentário Escrever comentário

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Miranda em 13/08/2019 - 14h00 comentou:

Como diz o Mino Carta, o papa é o maior Estadista da atualidade. Nao sou cristão, mas tiro o chapéu pra Francisco.

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