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PF pede prisão de caminhoneiros e empresários “por locaute”, mas Justiça nega

Enquanto isso, a greve dos petroleiros, deflagrada nesta quarta-feira, foi considerada "ilegal" pelo Tribunal Superior do Trabalho antes de começar

Agentes da Polícia Rodoviária Federal identificam caminhões parados. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Da Redação
30 de maio de 2018, 12h26

Da série “vivemos numa democracia SQN”: a Polícia Federal abriu 51 inquéritos para investigar a ocorrência de locaute na paralisação dos caminhoneiros e encaminhou vários pedidos de prisão, mas todos até agora foram negados pela Justiça, conforme apuração da Agência Brasil. A Justiça também negou pedidos de busca e apreensão feitos pela PF na casa do dono e do gerente de um posto de gasolina em Goiás, segundo o jornal O Globo.

O locaute ocorre quando patrões impedem os trabalhadores de voltar ao trabalho, o que é proibido pela Lei de Greve e está sujeito a prisão e multa. Os caminhoneiros e as transportadoras, porém, negam que a paralisação, que já dura dez dias, seja promovida pelos empregadores.

“A Abcam não possui qualquer envolvimento com empresas do setor de transportes ou seus representantes. Nossa relação é com os caminhoneiros autônomos, categoria a qual a entidade representa”, disse a Associação Brasileira de Caminhoneiros, em nota. Tanto a associação quanto seu presidente, José da Fonseca Lopes, são investigados.

Na última segunda-feira, porém, após assinar um acordo com o governo, Lopes denunciou que grupos políticos estariam ameaçando caminhoneiros que queriam voltar ao trabalho e forçavam a manutenção da paralisação. O objetivo dessas ações, informou a Abcam, seria prejudicar a estabilidade do governo.

Os caminhoneiros e as transportadoras negam que a paralisação, que já dura dez dias, seja promovida pelos empregadores. A Justiça negou os pedidos de prisão e até de busca e apreensão feitos pela PF

“Não é o caminhoneiro mais que está fazendo greve. Tem um grupo muito forte de intervencionistas nisso aí, eu vi isso agora em Brasília na parte da manhã. Eles estão prendendo caminhão em tudo quanto é lugar. São pessoas que querem derrubar o governo. Eu não tenho nada a ver com essas pessoas e nem nossos caminhoneiros autônomos têm, mas eles estão sendo usados para isso”, afirmou, durante coletiva de imprensa, em Brasília.

O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Renato Dias, também afirmou que os policiais rodoviários estão ajudando a identificar “as falsas lideranças” que estariam ameaçando, em alguns dos pontos de concentração, os caminhoneiros que querem voltar ao trabalho. Os supostos infiltrados já teriam sido identificados pela PRF com auxílio dos serviços de inteligência.

Nesta terça-feira, na Câmara, lideranças dos caminhoneiros divergiram sobre a continuidade do movimento. Enquanto o presidente da Abcam defendeu que o “verdadeiro caminhoneiro” reconhece o acordo feito com o governo, o representante dos “cegonheiros” do Paraná, Wanderlei Loureiro Alves, conhecido como Dedeco, anunciou que está mantida a greve dos caminhoneiros autônomos. “Se o caminhoneiro decidir que não há acordo, continua”, disse, pedindo apoio à população. Segundo ele, apesar dos bloqueios, o tráfego de cargas essenciais, como remédios e combustíveis, tem sido liberado pelos manifestantes.

Dedeco afirmou que controla, nas redes sociais, 128 grupos de caminhoneiros. “Está tudo 100% parado”, declarou, lembrando que em 2017, durante reunião da Comissão de Direitos Humanos do Senado, fez um alerta sobre o aumento de PIS/Cofins sobre o diesel. Naquela época, cerca de 15 dias após o decreto do governo, havia 32 pontos de bloqueio nas rodovias brasileiras.

Enquanto isso, a greve dos petroleiros, deflagrada nesta quarta-feira, já foi considerada “ilegal” pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) antes de começar. A ministra Maria de Assis Calsing afirmou que a greve tem “uma pauta de cunho essencialmente político” e não de reivindicação de condições de trabalho ou salário. Em caso de descumprimento, a ministra estabeleceu multa de 500 mil reais por dia, mas os petroleiros não se intimidaram e decidiram manter a “paralisação de advertência” de 72 horas contra a política de preços da estatal e pela demissão de Pedro Parente da presidência.

Os ministros do TST tinham que se perguntar é como que chegaram ao Tribunal. Foi através de indicação política. O fato de Pedro Parente estar destruindo a Petrobras é uma decisão política. Tudo em nossa vida gira em torno da política

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel, criticou o TST por ter tomado uma posição sem ouvir o lado dos trabalhadores. “O principal ponto que eles colocam é o fato de a greve ser política. A primeira coisa que os ministros do TST tinham que se perguntar é como que eles chegaram ao Tribunal. Foi através de indicação política. O fim da Justiça do Trabalho, imposta pelo golpe, também é uma decisão política. O fato de Pedro Parente estar destruindo a Petrobrás é uma decisão política. Tudo em nossa vida gira em torno da política”, ressaltou.

Segundo a Federação, os trabalhadores não entraram para trabalhar na manhã desta quarta-feira nas refinarias de Manaus (Reman), Abreu e Lima (Pernambuco), Regap (Minas Gerais), Duque de Caxias (Reduc), Paulínia (Replan), Capuava (Recap), Araucária (Repar), Refap (RS), além da Fábrica de Lubrificantes do Ceará (Lubnor), da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da unidade de xisto do Paraná (SIX). Também não houve troca dos turnos da zero hora nos terminais de Suape (PE) e de Paranaguá (PR).

Com informações da Agência Brasil e Câmara Notícias

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Sergio em 30/05/2018 - 15h44 comentou:

Esses movimentos deveriam ter acontecido na época do impeachment da presidente Dilma. Mas…:

1) Dilma aceitou o golpe como um cordeirinho manso e humilde de coração, descenedo a rampa do planalto;

2) O PT passou automaticamente para à oposição como um cordeirinho manso e humilde de coração, como se tivesse perdido uma eleição;

3) Movimentos sociais, sindicatos e eleitores de Dilma, se restringiram a protestatar pelas redes sociais, esvaziando às ruas;

Agora é hora FUP? Comecemos a proliferar greves que derrubem o governo Temer! Ótimo! Cuidado com eleições indiretas! Ou, vem aí Rodrigo Maia ou quem sabe Carmem Lúcia!

Ruim por péssimo! Deixa esse presidente aí e vamos lutar pela liberdade de Lula, líder das intenções de voto! Dono de 65% dos votos! Porque é tudo o que a turma do golpe quer: Temer fora! Para consolidar um golpe total: Tirar o povo das eleições!

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Marcelo em 01/06/2018 - 18h27 comentou:

A ex-presidenta (LEI Nº 2.749, DE 2 DE ABRIL DE 1956) foi uma lutadora.
Nós que estamos aqui, na “Planície”, não sabemos o que realmente aconteceu em Brasília. O nosso conhecimento é fornecido pelas mídias escrita e falada que, com exceção, são manipuladas.

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