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PMDB dá atestado de idoneidade a Kátia Abreu e Roberto Requião

Ao pedir expulsão dos senadores que foram contra o golpe que derrubou Dilma e as "reformas" neoliberais do governo, partido de Temer, Cunha, Geddel e Jucá confirma a postura ética de Katia e Requião

Os senadores Requião e Kátia Abreu. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Katia Guimarães
17 de agosto de 2017, 11h37

O PMDB de Geddel, Temer, Cunha e Jucá deu início à limpeza reversa do partido, ou seja, à expulsão dos poucos políticos corretos que ainda restam em seus quadros. Na quarta-feira, 16 de agosto, a senadora Kátia Abreu (TO) apresentou sua defesa à Comissão de Ética e Disciplina do PMDB Nacional –parece piada, mas ela existe. O mesmo processo foi aberto contra o senador Roberto Requião (PR), que recebeu ontem a sua notificação.

Os pedidos de expulsão dos dois senadores, críticos fervorosos ao golpe contra a presidenta Dilma e os desmandos do governo, foram feitos pela “Juventude” do partido. Para justificar a expulsão, o PMDB alega que Kátia feriu a “ética e a disciplina” partidária ao criticar a legenda e Michel Temer e votar contra as matérias neoliberais do governo. Foi dito ainda que a senadora praticou atos “nocivos, provocativos e desrespeitosos” e promoveu “inequívoca afronta ao partido”.

Pelo twitter, no início do mês, Kátia Abreu tirou sarro do presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), e cobrou que ele tivesse a coragem de expulsar outros caciques peemedebistas, como Renan Calheiros e Eduardo Braga, que também estão na oposição a Temer.

Na internet, a “expulsão” de Kátia, que conquistou fãs na esquerda por sua correção e absoluta lealdade a Dilma, virou piada e, como disse uma internauta, funcionou como um atestado de idoneidade aos dois senadores.

Além de ter promovido o golpe, o PMDB tem diversos políticos presos, condenados  ou investigados por corrupção, como o próprio presidente da República. Em sua defesa, a senadora fez questão de lembrar que partido não questionou a conduta nem puniu filiados como o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, Geddel Vieira Lima e o presidente Temer.

Em resposta ao processo, o senador Roberto Requião disse, no plenário, que o que mudou não foi a sua fidelidade, mas os projetos e ideais do partido, atualmente comandado por um grupo submetido aos interesses do governo Temer. “Sou o peemedebista mais fiel neste Congresso Nacional. Eu sou do velho MDB de guerra; do PMDB do Ulysses Guimarães, que tinha, como princípio, não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem rouba. Eu sou do PMDB nacionalista e desenvolvimentista, do documento ‘Esperança e Mudança’. Eu sou do PMDB com um projeto nacional, do PMDB da seriedade. É evidente que eu não sou do PMDB da ‘Ponte para o Futuro’”, disse.

Requião aproveitou para fustigar a Juventude do PMDB, que assinou o documento contra ele:  “Juventude que não é rebelde é servidão precoce”

Requião promete não deixar barato e oficializou no Diretório Nacional do PMDB dois pedidos: expulsão de Eduardo Cunha e afastamento de Jucá da presidência do partido, transformado em expulsão caso o senador de Roraima seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu quero travar a discussão definitiva: existe, ainda, o velho MDB de guerra? Ele é capaz de ressuscitar pelas bases e tomar uma atitude que resgate essa situação terrível de estar representado em pesquisas de opinião com 1%, portanto rejeitado por 99%? Ou o meu partido acabou? Se acabou não precisam pedir a minha expulsão”, completou.

O senador aproveitou para fustigar a Juventude do PMDB, que assinou o documento contra ele:  “Juventude que não é rebelde é servidão precoce”, disse citando o político e filósofo espanhol José Ortega y Gasset. “Provavelmente uma juventude formada por funcionários, talvez, da Casa Civil da Presidência da República ou por algum cabide de emprego desses que abundam na República brasileira hoje”, afirmou. “É o momento de o PMDB dizer a mim, aos velhos peemedebistas, aos desenvolvimentistas, aos nacionalistas, se a base existe ou se o partido se transformou numa confederação de políticos ou presos, ou com tornozeleiras!”, completou.

Requião receitou sua poesia favorita, Roteiro, do português Sidónio Muralha.

Parar. Parar não paro.
Esquecer. Esquecer não esqueço.
Se caráter custa caro
pago o preço.
Pago embora seja raro.
Mas homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso.
Um rio, só se for claro.
Correr, sim, mas sem tropeço.
Mas se tropeçar não paro
– não paro nem mereço.
E que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
Não sou nem serei avaro
– se caráter custa caro
pago o preço.

 


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FerreiraFelipe em 17/08/2017 - 12h22 comentou:

Ainda existe esperança…

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