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Trump diz que solução para massacres é “dar bônus” a professores armados

Nos últimos anos, o número de seguranças armados nas escolas explodiu e os massacres não deixaram de acontecer

Pistola 45 customizada para Donald Trump. Foto: Jesse James Firearms
Da Redação
23 de fevereiro de 2018, 15h54

“A história mostra que os tiroteios nas escolas duram 3 minutos. A polícia e os primeiros socorros demoram aproximadamente de 5 a 8 minutos para chegar ao local do crime. Professores/instrutores altamente treinados, adeptos das armas, resolveriam o problema instantaneamente antes de a polícia chegar. Um grande impedimento!”, disse o presidente dos EUA, o direitista Donald Trump, sobre a “solução” que imaginou para os massacres que acontecem nas escolas de seu país envolvendo adolescentes.

Não existe nenhum estudo que garanta que armar professores resolveria o problema. Após o massacre de Columbine, em 1990, o número de policiais nas escolas explodiu. O mesmo aconteceu após o massacre da escola Sandy Hook, em 2012. E as escolas não ficaram mais seguras

Em pouco mais de um ano na presidência, Trump, cuja campanha foi patrocinada pela National Riffle Association, já é recordista em massacres, mas fala como se fosse um especialista no assunto. “Se um atirador maluco em potencial sabe que uma escola tem um grande número de professores (e outros) muito talentosos atiradores que irão instantaneamente atirar, o maluco nunca atacará aquela escola. Covardes nunca irão lá… problema resolvido. Tem que ser ofensivo, somente defesa não irá funcionar.”

As postagens no twitter, veículo favorito do presidente norte-americano, vieram como “desmentido” para as ainda mais absurdas frases que dera no dia anterior ao receber os sobreviventes do último massacre escolar na Casa Branca. Trump disse aos estudantes e pais que pretendia armar 20% dos professores. No final do dia, chegou a dizer que “daria um bônus” aos melhores professores atiradores, como num concurso de tiro ao alvo. “Quero as minhas escolas tão protegidas como quero os meus bancos”, afirmou o presidente, comparando crianças com dinheiro. Após a polêmica, afirmou que “nunca disse” que queria armar professores.

Rapidamente as palavras do presidente do “país mais poderoso do mundo” viraram piada. Alguém fez uma montagem com o discurso de Trump às vítimas que condiz melhor com a realidade.

Não existe nenhum estudo que garanta que armar professores resolveria o problema. Segundo o Huffington Post, após o massacre de Columbine em 1990, o número de policiais nas escolas explodiu. O mesmo aconteceu após o massacre da escola Sandy Hook. E as escolas não ficaram mais seguras. “Pesquisas mostram que policiais escolares podem aumentar o fenômeno ‘da escola para a prisão’, onde estudantes, frequentemente negros, são empurrados para fora da escola direto para o sistema prisional”, explicou o site. A própria escola na Florida onde aconteceu o massacre mais recente da era Trump tinha um guarda armado, que nem sequer cruzou com o assassino.

Nas redes sociais, professores reagiram com incredulidade à “proposta”: “Você está maluco?”, “Sou professor, não um policial!”, “Sou treinado em literatura, não em atirar em pessoas!” Todos disseram preferir mais controle sobre as armas em vez de transformar docentes em cowboys do velho oeste.

Os próprios sobreviventes do massacre na Florida rejeitaram a proposta. O adolescente Alfonso Calderón qualificou a ideia como “terrível” em entrevista à CNN. “Não sei se Donald Trump esteve em uma escola pública antes, mas, pelo que eu saiba, professores são educadores. Eles devem ensinar jovens mentes como agir no mundo e não saber como carregar uma AR-15 nem para saber como colocar coletes à prova de balas em estudantes ou neles mesmos”.

Como ficou evidente que essa era uma ideia de jerico, Trump acabou cedendo aos apelos e declarou apoio à proposta de subir o limite de idade para comprar armas para 21 anos e o fim da venda de “Bump Stocks”, um acessório que permite a transformação, ilegal, de uma arma semiautomática em automática.

Nos Estados Unidos, um garoto de 13 anos não consegue comprar bebidas, cigarros e nem mesmo um bilhete de loteria, mas consegue comprar um fuzil.

 

 

 


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(7) comentários Escrever comentário

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Sergio Souza em 23/02/2018 - 18h07 comentou:

E também não pararão os massacres mesmo que a venda de armas for proibida! O problema nos EUA não está na venda de armas ou na proibição da venda de armas.

Responder

    Cynara Menezes em 23/02/2018 - 19h38 comentou:

    é mesmo, devem ser os ETs

    Sergio Souza em 26/02/2018 - 14h23 comentou:

    Concordo. Devem ser mesmo os ets, porque proibir ou liberar armas, essa não é a questão!

João Junior em 24/02/2018 - 11h22 comentou:

Soluções mágicas, e ausência de estudos científicos anteriores, a qualquer proposta podem ajudar a piorar o problema. Enquanto isso, é preciso reduzir o número de armas porque é lógico que com menos armas disponíveis, menos atentados ocorrerão. Essa é a conta mais simples a ser feita. Qualquer conta que aponte na direção de dispor mais armas à sociedade, acarretará em mais assassinatos. Qual o motivo de tanto desapego à vida? Armas são feitas para tirar vidas! Quanto mais delas a sociedade tiver em mãos, mais assassinatos irão acontecer. Os EUA precisam repensar a Lei que permite essa banalização de armas de fogo. Como tem sido sempre, Trump está errado.

Responder

    Viviane em 25/02/2018 - 07h51 comentou:

    João, eu diria que não é desapego “à vida” de forma geral, mas desapego “a algumas vidas”, consideradas como “menos valiosas” que outras.
    Em tempo: parabéns aos professores com consciência de sua profissão e que se manifestaram contra essa insanidade.

    Sergio Souza em 26/02/2018 - 15h12 comentou:

    No Brasil não se vende AK-47 por aí! Mas, se consegue comprar, tanto é que no ano passado foram apreendidas esse tipo de arma. Por que não se conseguiria uma pistola? Dependendo do tipo, pode se dar 19 tiros. Olha os estrago. Bem mais fácil conseguir comprar, clandestinamente uma pistola, do que um AK-47. Simplesmente proibir armas, em princípio, é uma solução atrativa, mas duvido muito que se consiga impedir esses massacres.

Eduardo dos Anjos em 28/02/2018 - 10h52 comentou:

O porte de arma é uma questão cultural nos EUA, eles adoram esta possibilidade, é o “jeito americano de viver”, dificilmente isso irá mudar, é algo corriqueiro e normal para eles, e nenhum representante político fará algo que vá contra isso, nem o Trump, que é um demagogo e despreparado. A solução de fato é proibir o porte de arma, reprimir o tráfico delas e parar de produzi-las em massa, direcionando estas indústrias para outro setor econômico. Porém um país que vive de “fazer guerras”, não pode prescindir de um setor econômico importante de sua economia, portanto as mortes vão continuar, me desculpem, mas é simples assim. E a propósito, função de professor não é fazer segurança armada de escola, nem nos EUA nem em qualquer outro lugar do mundo.

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