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Governo Temer inicia substituição de médicos cubanos por profissionais brasileiros

O apoio das entidades da classe médica ao golpe que arrancou do cargo Dilma Rousseff está sendo recompensado celeremente pelo governo ilegítimo de Michel Temer. O ministério da Saúde anunciou hoje que apenas profissionais brasileiros poderão se candidatar às 1000 vagas abertas no programa Mais Médicos em 462 municípios, seguindo à risca a agenda xenofóbica […]

(Foto: Karina Zambrano/Sesai/Opas)
Cynara Menezes
08 de novembro de 2016, 16h12

(O médico cubano Javier Isbell Salazar no Oiapoque, Amapá. Foto: Luis Oliveira/Sesai/MS)

O apoio das entidades da classe médica ao golpe que arrancou do cargo Dilma Rousseff está sendo recompensado celeremente pelo governo ilegítimo de Michel Temer. O ministério da Saúde anunciou hoje que apenas profissionais brasileiros poderão se candidatar às 1000 vagas abertas no programa Mais Médicos em 462 municípios, seguindo à risca a agenda xenofóbica e corporativista do CFM (Conselho Federal de Medicina).

Em julho, ainda interino, o ministro Ricardo Barros já havia anunciado que iria convidar o CFM e a Associação Médica Brasileira para ajudar o ministério a preparar o edital com a abertura de novas vagas. Um mês antes, Barros recebera entidades médicas junto com movimentos pró-impeachment. Os médicos levaram uma série de reivindicações ao ministro, entre elas um projeto da Associação de Estudantes de Medicina (Aemed) que dá ao médico o direito de recusar atendimento a um paciente, inclusive por questões ideológicas.

A AMB e o CFM não esperaram nem a queda de Dilma Rousseff para saudar o governo Temer: mal Dilma foi afastada pelo Senado, no próprio dia 12 de maio, as entidades o ungiram em carta como “novo presidente da República, Michel Temer”. “A AMB e o CFM colocam-se à disposição para discutir um projeto de saúde para o Brasil, que contemple o Estado brasileiro, e não somente um Governo, ou um Partido”, dizia o texto, assinado pelos presidentes do CFM, Carlos Vital, e da AMB, Florentino Cardoso.

Dhiogo Seronni, presidente de uma entidade chamada Ordem dos Médicos do Brasil que se dedica a pedir a prisão de Lula no facebook, relatou ter dito ao ministro Barros durante o encontro: “A Ordem dos Médicos do Brasil não aceita o acordo do ministério da Saúde com a OPAS que negocia os recursos dos médicos cubanos, onde a maior parte dos recursos ficam com Cuba. São bilhões de dólares desviados do nosso país e o acordo deve ser interrompido imediatamente.”

Para satisfação das entidades médicas, a substituição dos cubanos começou a galope: a intenção do governo Temer é trocar 4 mil médicos cubanos por brasileiros nos próximos três anos. Se não houver novas mudanças, ainda ficarão no país outros 7,4 mil médicos de Cuba. Entre as 1000 vagas abertas, 838 estão ocupadas atualmente por profissionais cubanos e 166 são relativas à reposição de desistentes, segundo o ministério.

Para tentar garantir que os médicos brasileiros se interessem em trabalhar nos locais ofertados, o ministério da Saúde escolheu apenas as vagas que estão entre as opções mais escolhidas pelos candidatos nas últimas seleções: capitais, regiões metropolitanas e municípios com mais de 250 mil habitantes, todos com cubanos atuando lá.

Uma das razões pelas quais os médicos cubanos foram “importados” pelo governo Dilma foi justamente o fato de os profissionais brasileiros se negarem a ir trabalhar em municípios pequenos, longe dos grandes centros e nas periferias. Nos 34 distritos indígenas, por exemplo, não havia um só médico antes de os cubanos chegarem. Se, mesmo com a oferta dos locais “cobiçados”, não surgirem médicos brasileiros interessados, as vagas serão cobertas por brasileiros formados no exterior.

Atualmente, dos 18.240 médicos participantes do programa Mais Médicos, 5.274 são formados no Brasil (29%), 1.537 têm diplomas do exterior (8,4%) e 11.429, ou 62,6% do total, fazem parte do acordo de cooperação com a Opas (Organização Pan-americana de Saúde), ou seja, são cubanos. Mais de 63 milhões de famílias, de acordo com o governo, são assistidas por estes profissionais.

Uma pesquisa feita pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) no ano passado revelou que os cubanos foram muito bem aceitos pela população brasileira, sobretudo dos rincões aos quais foram destinados: os usuários deram nota 9 ao programa. Eles destacaram a atenção ao paciente (87%), a qualidade do atendimento (87%) e a duração da consulta (83%). Muitos cubanos receberam título de cidadãos honorários das cidades onde atuaram, e o médico Juan Delgado, que chegou a ser vaiado por colegas na chegada, em Fortaleza, foi recebido pela presidenta Dilma, que lhe pediu desculpas em nome do povo brasileiro.

(Com informações da Agência Brasil)

 


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