Homenagem a Marielle por diplomatas deixa Temer e Aloysio em saia justa
Paraninfa da turma, a embaixadora Thereza Quintella cobrou a ausência de mulheres nos cargos de comando do Itamaraty
A homenagem à vereadora do PSOL Marielle Franco, escolhida como patrona da turma 2017-2018 pelos novos diplomatas formados no Instituto Rio Branco, deixou Michel Temer e seu ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, numa saia-justa nesta sexta-feira em Brasília. Temer teve que explicar o porquê de os assassinos da vereadora, executada há um mês no Rio de Janeiro, ainda não terem sido descobertos, e Aloysio foi cobrado pela ausência de mulheres nos cargos de comando no Itamaraty.
“As investigações sobre o crime avançam com método e critério. As autoridades competentes trabalham para que os responsáveis sejam identificados e levados à Justiça”, enrolou Temer, qualificando o assassinato como “inaceitável e covarde”. Os pais da socióloga e ativista também foram homenageados na cerimônia.
Hoje, dos 12 postos mais relevantes do Ministério das Relações Exteriores, nenhum é ocupado por mulher, reflexo do que acontece em todo o primeiro escalão desde que Temer chegou ao poder
A paraninfa da turma, a embaixadora Thereza Maria Machado Quintella, primeira mulher formada pelo Instituto Rio Branco a chegar ao posto de embaixadora no Brasil, elogiou a escolha da turma. “Mostra consciência de justiça social e de direitos humanos”. Ela contou ter sido eleitora de Marielle e lembrou sua luta para a equidade de gênero, aproveitando a deixa para cobrar do governo a pequena presença feminina no corpo diplomático e nos principais postos do Ministério das Relações Exteriores de Temer.
A embaixadora relatou as dificuldades enfrentadas quando ingressou na carreira, que é dominada por homens, destacou o problema de sub-representação das mulheres no Itamaraty e apresentou um dado preocupante: hoje, dos 12 postos mais relevantes do ministério, nenhum é ocupado por uma mulher, reflexo do que acontece em todo o primeiro escalão desde que Temer chegou ao poder.
O que mais preocupa atualmente é a ausência de mulheres na estrutura de comando do Itamaraty. Só espero que isso seja conjuntural, e não sinal de retrocesso
“O que mais preocupa atualmente é a ausência de mulheres na estrutura de comando do Itamaraty. Só espero que isso seja conjuntural, e não sinal de retrocesso”, criticou Thereza Quintella. A turma que se formou nesta sexta tem 30 diplomatas, dos quais nove são mulheres.
Em 2014, no governo Dilma Rousseff, do PT, o Ministério das Relações Exteriores criou o Comitê Gestor de Gênero e Raça, para ampliar a participação das mulheres e dos negros em nosso corpo diplomático, tradicionalmente branco e homem. Bem a propósito, o orador da turma, terceiro-secretário Meinardo Cabral de Vasconcelos Neto, abriu seu discurso citando Martin Luther King: “É sempre o tempo certo para fazer o que está certo”.
Aloysio Nunes reconheceu as dificuldades enfrentadas pelas mulheres ao decidirem ingressar na carreira e disse que deve haver uma preocupação em ampliar o número delas no corpo diplomático, sem explicitar nenhum projeto neste sentido. Ele não respondeu por que não há mulheres nos principais cargos de seu ministério.
Com informações da Agência Brasil e do Sinditamaraty
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Maria em 20/04/2018 - 23h46 comentou:
Emocionada!
Tem muita coisa boa acontecendo. Apesar da presença de um presidente ilegítimo, a homenagem à Marielle, o conteúdo dos discursos do formando e da paraninfa resgatou o brilhantismo que a cerimônia merece.
Perfeito!
Parabéns turma! O Brasil precisa servidores com compreensão do Brasil.
Sergio em 23/04/2018 - 09h52 comentou:
Saia justa? Eles passam por saias muito piores e não estão nem aí? Políticos experientes que são, dão sempre respostas evasivas!
João Junior em 24/04/2018 - 23h32 comentou:
Que se mirem em Celso Amorim, maior diplomata brasileiro vivo e que, se quisesse o PT, seria um excelente candidato a presidente.