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Lugar de artista é na rua

  Dobro a esquina e ouço um violino. Ao entrar no metrô, busco minha plataforma ao som de um acordeão longínquo… O artista de rua já se incorporou à paisagem e à trilha sonora de muitas capitais do mundo. No Brasil, a Constituição Federal garante o direito à livre expressão da atividade artística, independentemente de […]

Cynara Menezes
26 de janeiro de 2013, 13h15

 

Dobro a esquina e ouço um violino. Ao entrar no metrô, busco minha plataforma ao som de um acordeão longínquo… O artista de rua já se incorporou à paisagem e à trilha sonora de muitas capitais do mundo. No Brasil, a Constituição Federal garante o direito à livre expressão da atividade artística, independentemente de licença. Mas na cidade de São Paulo houve um tempo em que se perseguiram os artistas de rua. Imaginem!

Em agosto de 2010 vieram as primeiras denúncias de repressão. Senhores de idade, músicos de charanga, contaram como tiveram seus instrumentos apreendidos como “comerciantes ilegais”. Em outubro do mesmo ano, o guitarrista Rafael Pio, que tocava em frente a um shopping na avenida Paulista, foi abordado pela PM, que exigiu sua retirada do local. Rafael tinha a Constituição em mãos. A polícia ignorou a Carta Magna. O músico insistiu, bateu com a guitarra na viatura policial e acabou sendo algemado, jogado ao chão e levado à delegacia.

(Rafael Pio sendo algemado. Seu crime? Tocar guitarra na rua)

As fotos da agressão foram parar nos jornais e nas redes sociais, gerando revolta. Dias depois, uma manifestação aconteceu no MASP, em solidariedade a Rafael e aos artistas que ganham a vida tocando ou se apresentando na rua: malabaristas, estátuas vivas, músicos, palhaços. Diante da pressão popular, a prefeitura acabou emitindo um decreto disciplinando a utilização das ruas para a apresentação dos artistas. Agora, os artistas de rua de São Paulo lutam por uma lei para regulamentar de vez a atuação destes profissionais que suavizam o corre-corre das grandes cidades: em vez de buzinas e fumaça, acordes e poesia.

Fundada no final do ano passado, a Associação Artistas na Rua está à frente do movimento e já planejou uma maratona para chamar a atenção dos paulistanos para a causa: hoje, 26 de janeiro, a avenida Paulista será tomada por apresentações de circo, teatro, música, dança, poesia, contadores de histórias, estátuas vivas, grafite… O objetivo principal: tirar as pessoas dos locais fechados, colocá-los para viver a cidade onde moram. E conhecer seus artistas. Porque todo artista, como diz a canção, tem que ir aonde? Aonde o povo está, uai. Na rua.

Maratona das Artes
Avenida Paulista (inclusive nos parques Trianon e Mário Covas)
HOJE, dia 26 de janeiro a partir das 15 h
Vão lá!

 


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(4) comentários Escrever comentário

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blogdacricri em 22/01/2013 - 14h37 comentou:

Ainda perturbada por um encontro de performance e política que assisti pela 1ª vez semana passada, esse post faz ainda mais sentido. E o blog é lindo, parabéns!

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@daanlima_ em 22/01/2013 - 16h40 comentou:

Não consigo entender o problema da prefeitura com os artista de rua

Responder

marcio ramos em 25/01/2013 - 16h18 comentou:

muito legal a materia e eu conheço o Pio o cara maior de boa e a policia pagando mico de novo…

Responder

Elton Anjo Letras em 28/01/2013 - 04h43 comentou:

Como pode um município tão importante como São Paulo o é para o Brasil e para toda a América Latina baixar uma lei que impeça o artista de rua de ganhar honestamente o seu ganha pão do dia à dia?Em que século ou tempo estamos?A ditadura militar pelo que sei acabou há algumas boas décadas ou não?Qual o mal alegado pela prefeitura de São Paulo para impedir com que músicos,palhaços,poetas,estátuas vivas,malabaristas e escritores vendam honestamente a sua arte ao povo?Eles estão vendendo dignamente o que suas mentes criativas produzem, e não estão por exemplo traficando drogas ou algo do gênero. Gente,sou escritor e blogueiro, amo o meu país, não gosto de falar mal do Brasil nunca,mas olha,essas coisas que acontecem em nossa nação me surpreendem negativamente e muito. Impedir com que esses anjos da arte suavizem, iluminem o corre,corre diário do paulistano com sua criatividade artística é um tremendo de um absurdo. Agora um projeto cultural que é bom para usar esses mesmos artistas em escolas,faculdades e universidades e até nas ruas com trabalho remunerado ninguém cria não é?São Paulo tem um secretário(a) da cultura,São Paulo tem uma secretaria da cultura?Se tem, cade esse "secretário"(a) com sua secretaria para defender esses artistas que ele(a)deveria representar? E por fim a pergunta que não deseja calar:- Cade a promessa na hora da eleição que se apoiará a arte e a cultura no município?Impeçam traficantes de espalhar seu veneno nas ruas,mas não impeçam de artistas tocarem o coração das pessoas com o dom de sua arte iluminada.

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