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O desafio de fazer jornalismo independente na era Bolsonaro

Jornalistas sofreram censura, perseguições, tortura, morte e exílio na outra ditadura. Sobreviveremos incólumes a esta?

Charge de Fortuna no Correio da Manhã
Da Redação
14 de janeiro de 2019, 22h21

Estamos começando 2019 e, como todos os anos, o site publica um texto falando sobre suas previsões e planos para o ano que se inicia. Bem, pelo menos costumava ser assim até o extremista de direita Jair Bolsonaro se tornar presidente. Ao contrário dos anos anteriores, iniciamos este com mais angústias do que certezas. Sabemos que uma ditadura militar, desta vez eleita pelo povo, tomou o poder. Os jornalistas sofreram censura, perseguições, torturas, mortes e exílio na outra ditadura. Sobreviveremos incólumes a esta?

Na melhor das hipóteses, as armas de agora serão diferentes. Já se percebem, nas redes sociais, as hordas de bolsonaristas atacando os perfis de esquerda que os contrariam, como uma forma de intimidação. É certo que a extrema-direita também irá recorrer à judicialização do jornalismo, assim como fez com a política. Falou mal do governo, leva processo. Nós, jornalistas independentes, precisamos ficar atentos aos limites do que podemos e não podemos falar em termos jurídicos para não dar espaço a ações da direita na Justiça.

Continuaremos a praticar nosso jornalismo de esquerda honesto, sem fake news, com o principal objetivo de contribuir para a conscientização política da sociedade, sobretudo os jovens

Bolsonaro já ameaçou a Folha de S.Paulo e a Globo prometendo cortar as verbas publicitárias oficiais para os dois veículos caso não “andem na linha”, ou seja, caso publiquem notícias “ruins”. Cortar a publicidade governamental da imprensa hegemônica seria uma boa notícia se não fosse uma chantagem. Ora, se a imprensa comercial se gaba de fazer “jornalismo imparcial”, nada mais imparcial do que sobreviver pelas próprias pernas, não é mesmo? É absurdamente contraditório que meios de comunicação defensores do “estado mínimo” contem com dinheiro público para se manter. O Socialista Morena nunca aceitou propaganda oficial. Nos mantemos exclusivamente graças às assinaturas de nossos leitores.

Por outro lado, a ameaça de Bolsonaro à Folha e à Globo atinge a todos nós, jornalistas: um político que se diz “democrático” não pode constranger veículos de comunicação pela linha editorial que seguem. A democracia exige liberdade de expressão e de imprensa. Nós avisamos desde o golpe contra Dilma que o país estava tomando um rumo perigoso, e os jornais agora estão pagando o preço pelo apoio que deram a tudo isso. Bolsonaro nunca teve o menor apreço pela democracia e nunca escondeu que não tem. Portanto, acreditou nele quem quis –e agora a fatura começa a ser cobrada.

No Socialista Morena, continuaremos a praticar nosso jornalismo de esquerda honesto, sem fake news, com o principal objetivo de contribuir para a conscientização política da sociedade, sobretudo os jovens. Sob essa concepção, muitas vezes o leitor nos verá fugindo do “assunto do momento” e que nos renderia mais “cliques”, optando por abordagens diferenciadas e aprofundadas com textos próprios ou artigos traduzidos das mais conceituadas páginas progressistas estrangeiras. Daí a quase total ausência de anúncios em nossa home, uma escolha que fizemos para não poluir o visual elegante do site.

A partir deste ano, o Brasil precisará ainda mais da existência de um jornalismo alinhado com os movimentos sociais e com os trabalhadores. Nossa presença será fundamental para a resistência a Bolsonaro. E nossa sobrevivência só depende dos leitores

Esperamos que este ano finalmente consigamos crescer e formar uma equipe de repórteres para dar informação de qualidade em maior quantidade para vocês. O que mais precisamos no momento é de fluxo de conteúdo, de mais gente produzindo textos. Público interessado em ler o site não tem faltado: temos quase 500 mil seguidores em nossa página no facebook e acreditamos que este número irá se multiplicar em 2019, como contraponto natural à onda fascista em nosso país. Ação e reação.

A história mostra que os maiores inimigos dos fascistas sempre foram os socialistas. A partir deste ano, o Brasil precisará ainda mais da existência de um jornalismo alinhado com os movimentos sociais e com os trabalhadores. Nossa presença será fundamental para a resistência a Bolsonaro. E nossa sobrevivência só depende dos leitores: contribua, apoie a imprensa independente. Assine a imprensa que te representa, não aquela que faz oposição a você.

Tiraremos um recesso de duas semanas a partir de hoje, 14 de janeiro, e voltamos no início do ano legislativo. Até lá.

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Pedro Alfredo em 17/01/2019 - 01h47 comentou:

— Bastião sê tá acordádu?
.
–- Pódi falá Izentôna! Êrmu estô acôrdadu sím.
.
–- Bastiãum, êu tavá cá pensându cuns meu butões. É isquisítu a direita-burra ír marxá cú nóis duza! Côntra Rêdi Grôbu! Kêim têm ki marchá sâmu nóis. Pôis é nóis ki sâmu di isquerda. E gritá arsim: “Fora Rêdiri Grôbo”. Pôis nóis é ki sámu isquêrda, num é Bastiãum?
.
–- É sím, Izêntôna.
.
–- Pôis é. Aliás, nóis vâmu sê di ISQUERDA a partí dú momêntu dazóra ki agentchi pôr nossas bóta — ár minha colôrida, ár sua di plástiu prêtu –, Marchá; chegá na Rêdi Grôbu; e aí gritá “FÓRA RÊDIRI GRÔBU!!!”. Aí, sim, nóis duza serêmu di isquêrda. Só di passá nas rua túdô múndu vai sabê ki nóis dúza sâmu di izquêrda e íssu é muitcho bôm.
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— Más será ki não nús vão confúndi cu ôs môçu du BôRSÁNÁRU?
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–- Vái nárda! É só num saí cúm CARMIZA PRÊTA!

Responder

Fernando em 22/01/2019 - 16h28 comentou:

Quem está sofrendo censura? Parem de viajar.

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