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“Ponte para o futuro” de Michel Temer leva o Brasil celeremente para trás

Em menos de uma semana, o governo ilegítimo de Michel Temer, vice-presidente que chegou ao comando da Nação graças a um processo de impeachment juridicamente questionado, mas apoiado entusiasticamente por uma imprensa simpatizante da ditadura militar, já ameaça tirar direitos constitucionais dos brasileiros. Além disso, as mudanças que se anunciam vão na contramão do que […]

(Montagem de @magnesio)
Cynara Menezes
17 de maio de 2016, 20h27
(Montagem de @magnesio)

(Montagem de @magnesio)

Em menos de uma semana, o governo ilegítimo de Michel Temer, vice-presidente que chegou ao comando da Nação graças a um processo de impeachment juridicamente questionado, mas apoiado entusiasticamente por uma imprensa simpatizante da ditadura militar, já ameaça tirar direitos constitucionais dos brasileiros. Além disso, as mudanças que se anunciam vão na contramão do que todos os países ditos civilizados do mundo estão fazendo ou planejando –inclusive os Estados Unidos, espécie de Terra Prometida da direita brasileira.

As ideias que a equipe de Temer defendeu até agora foram:

 Acabar com o Ministério da Cultura do país

Cerca de 50 países no mundo inteiro possuem ministérios da cultura. A exceção mais notável é (adivinhe!) os Estados Unidos. No entanto, existe um movimento por lá, liderado pelo produtor musical Quincy Jones, para que o presidente Barack Obama crie um ministério da Cultura, para centralizar os programas governamentais de incentivo às artes. Ou seja, se Donald Trump não ganhar, pode surgir um ministério destes também na pátria que os reacionários brasileiros mais adoram copiar. Imaginem: é possível que Temer acabe com o ministério da Cultura para copiar os EUA e mais tarde tenha que recriá-lo se quiser macaquear os gringos novamente.

 Rever a saúde gratuita e universal

O ministro da Saúde do governo ilegítimo, que recebeu doação de dono de plano de saúde em sua campanha a deputado federal em 2014, criticou o modelo do SUS (Sistema Único de Saúde) em entrevista à Folha de S.Paulo, dizendo que pretende rever o artigo da Constituição que prevê o direito universal de todos os brasileiros à saúde. Depois da celeuma causada por suas declarações, recuou. Até quando? Nos EUA, ao contrário, a Corte Suprema aprovou os subsídios governamentais para 6,4 milhões de cidadãos pagarem seu plano no Obamacare, a mudança na saúde pública dos EUA feita pelo presidente Barack Obama.

 Machismo até no léxico

Mulher não pode mais ser chamada de “presidenta”, como está no dicionário. Logo que assumiu, uma das primeiras iniciativas dos auxiliares do “novo” presidente foi mudar, no site do Palácio do Planalto, as menções à palavra “presidenta”. Dilma Rousseff, a legítima titular do cargo (está apenas afastada, aliás), virou “presidente Dilma”. Em países da América do Sul onde houve presidentas, nunca se criou polêmica com o termo. Mesmo na Argentina, tida como machista, o presidente Mauricio Macri se refere à antecessora Cristina Kirchner como “presidenta Cristina”, assim como a mídia local. Nada que causasse surpresa num governo que chamou a atenção mundial por trazer apenas homens de meia idade, brancos e ricos como titulares dos ministérios.

temerministerio

(O ministério monocromático e unissexual de Temer)

 Acenos à privatização da universidade

Seria o primeiro passo para privatizar a educação gratuita, também assegurada na Constituição. Enquanto no paraíso dos reacionários, os EUA, os estudantes protestam nas ruas pedindo educação gratuita na Universidade (uma das principais promessas do candidato democrata Bernie Sanders na campanha presidencial), o ministro da Educação de Temer fala em apoiar a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Assim, em poucos anos, toda a juventude estará endividada, como acontece nos EUA. Na Europa, ao contrário, o ensino é gratuito do pré-escola à faculdade, exatamente como no Brasil. No Chile, o Congresso acaba de aprovar a universidade pública e gratuita após 35 anos, um dos pilares da campanha do governo de Michele Bachelet contra a desigualdade.

 Truculência com movimentos sociais

O novo ministro da Justiça do governo ilegítimo ameaça reprimir os movimentos sociais que praticarem “atitudes criminosas” –sendo que é ele quem define quais são essas atitudes. Se o modelo for a repressão aos estudantes em São Paulo, que o ministro comandou, como secretário de Segurança do governo Geraldo Alckmin, vai ser muita bala de borracha, gás lacrimogêneo e porrada em manifestante. Ainda mais quando se sabe que na agenda do “novo” governo está a derrubada dos oito vetos da presidenta eleita Dilma Rousseff à lei antiterrorismo. Enquanto isso, na Ucrânia, que parece ser outra inspiração da direita brasileira, o Parlamento reverteu em 2014 uma lei draconiana que endurecia a repressão a manifestações. Ninguém se espante se o governo se inspirar na direita espanhola e sua polêmica Ley Mordaza, que praticamente proíbe manifestações e causou enormes protestos no país.

A “ponte para o futuro” de Temer está levando celeremente o Brasil para trás. Neste ritmo, se este governo prosseguir, em pouco tempo viraremos a República de Bananas sem soberania, subserviente aos interesses dos Estados Unidos, que tanto combina com a imagem cafona do presidente-em-chefe e dos políticos retrógrados que o cercam. Chegar ao poder sem ter sido eleito para isso ele já chegou, como em qualquer república bananera que se preze.

 

 


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