Socialista Morena
Politik

Golpe parlamentar: Câmara dos Deputados analisa PEC que facilita impeachment

A Câmara dos Deputados está analisando uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que facilita o rito de impeachment do presidente da República. Se for aprovada a proposta, de autoria do deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF), a admissibilidade do impeachment passa a ser prerrogativa apenas da Câmara, sem necessidade de novo julgamento nesse sentido pelo Senado Federal. […]

Brasília - Presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, concede entrevista exclusiva à Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Cynara Menezes
14 de março de 2017, 12h24
Brasília - Presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, concede entrevista exclusiva à Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

(O deputado federal Rogério Rosso. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Câmara dos Deputados está analisando uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que facilita o rito de impeachment do presidente da República. Se for aprovada a proposta, de autoria do deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF), a admissibilidade do impeachment passa a ser prerrogativa apenas da Câmara, sem necessidade de novo julgamento nesse sentido pelo Senado Federal.

Ao Senado caberá dar andamento ao processamento e julgamento do mérito da ação. Na prática, a PEC pretende instaurar um parlamentarismo informal no Brasil sem ouvir a população, que já rejeitou o sistema em plebiscito, em 1993: se não agradar ao parlamento, o presidente eleito será derrubado em rito sumário.

“É fundamental explicitar, de maneira cristalina, que a instauração do processo se dá a partir de proferido o juízo positivo de admissibilidade da denúncia pela Câmara dos Deputados, excluindo-se qualquer interpretação que dê margem para realização de novo juízo de admissibilidade pelo Senado Federal”, disse o autor da proposta, que ameaça o mandato dos futuros presidentes eleitos pelo povo. Com a admissibilidade apenas pela Câmara, o presidente seria imediatamente afastado do cargo pelos deputados, sem esperar pelo Senado, como ocorreu com Dilma.

Rosso é aliado do deputado cassado Eduardo Cunha e presidiu a Comissão Especial que analisou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara, em março do ano passado. A PEC de sua autoria prevê ainda a redução do período de afastamento do chefe do Executivo submetido a processo de impeachment, de 180 dias para 90 dias. Aprovada a proposta, ficará ainda mais fácil derrubar um presidente por meio da Câmara, o chamado “golpe parlamentar”. Como ocorre no parlamentarismo, será vapt-vupt: a Câmara aprova, o presidente é afastado, o vice toma posse, o Senado julga, o acusado tem menos tempo para se defender e fim.

Rogério Rosso propõe também a criação do Conselho Gestor da República, composto por um ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), um senador e um deputado federal que deverão ser eleitos para essa finalidade nas sessões preparatórias das casas legislativas. Ao Conselho caberá referendar os atos do vice-presidente durante o período de afastamento do presidente da República.

A PEC 236/16 modifica ainda a forma de composição da Comissão Especial do Impeachment, que terá eleição de seus integrantes por votação secreta e com possibilidade de candidaturas avulsas. Durante o processo de impeachment de Dilma, o Supremo decidiu que a votação seria aberta e não seriam possíveis candidatos avulsos, apenas os indicados pelos líderes partidários.

Por último, o texto deixa claro que o presidente da República poderá ser responsabilizado por ações praticadas no primeiro mandato, em caso de reeleição, o que significa que os deputados poderão lançar mão de alguma “denúncia” do passado para arrancar alguém do cargo para o qual foi reconduzido com o voto soberano dos eleitores.

A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania quanto à admissibilidade. Caso seja acolhida, segue para análise por uma comissão especial criada para esta finalidade. Depois, deverá ser votada em dois turnos pelo Plenário.

(Com informações da Agência Câmara)

 

 


Apoie o site

Se você não tem uma conta no PayPal, não há necessidade de se inscrever para assinar, você pode usar apenas qualquer cartão de crédito ou débito

Ou você pode ser um patrocinador com uma única contribuição:

Para quem prefere fazer depósito em conta:

Cynara Moreira Menezes
Caixa Econômica Federal
Agência: 3310
Conta: 000591852026-7
PIX: [email protected]
Nenhum comentário Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Politik

Após protestos, entidade tira expressão “democracia” de debate com FHC


Após protestos de membros, a LASA (Latin American Studies Association), a mais importante associação de estudiosos da América Latina do mundo, decidiu mudar o título do painel em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participará,…

Politik

FMI volta a mandar no Brasil: “é imperativo” que reforma da Previdência seja feita,…


Após 14 anos em que não davam mais as cartas por aqui, os “sábios” do Fundo Monetário Internacional voltaram a dar ordens ao Brasil –e o que é pior, voltaram a ser obedecidos. Na sexta-feira, 21…