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Maia ignora dupla jornada e trata aposentadoria da mulher aos 65 como reivindicação feminista

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ignorou séculos de dupla jornada para a mulher como trabalhadora, mãe e dona de casa e afirmou que, se querem direitos iguais, elas devem aceitar se aposentar com a mesma idade que o homem. “As mulheres têm um pleito histórico no equilíbrio na relação de gênero em […]

Cynara Menezes
14 de março de 2017, 20h25
rodrigomaia

(O presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ignorou séculos de dupla jornada para a mulher como trabalhadora, mãe e dona de casa e afirmou que, se querem direitos iguais, elas devem aceitar se aposentar com a mesma idade que o homem. “As mulheres têm um pleito histórico no equilíbrio na relação de gênero em todos os temas da sociedade, e também na idade mínima. Acho que quando você quer caminhar para esse equilíbrio, como uma maior participação no mercado de trabalho, e na política, acho que tem que ser um equilíbrio para tudo”, disse.

Atualmente, a mulher se aposenta com idade mínima de 60 anos e o homem, 65. O governo Temer quer igualar os dois e ainda exigir 25 anos de contribuição para ambos. Rodrigo Maia não tem com o que se preocupar: é político profissional desde os 26 anos, quando foi indicado para ocupar o cargo de secretário na prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Luiz Paulo Conde, aliado do seu pai, César. Como parlamentar, terá direito à aposentadoria diferenciada, mas tratou a perda de direitos da mulher na reforma da Previdência como se fosse uma reivindicação feminista de igualdade entre os gêneros.

“Há um pleito de não ser tratada como apêndice dos homens, elas querem uma participação mais efetiva no mercado de trabalho, na sociedade, na política e quando o governo caminha para uma reforma, é obvio que se caminha para esse equilíbrio.”

Historicamente, as mulheres lutaram para se aposentar mais cedo por conta da jornada dupla ou até tripla que enfrentam desde a infância, ajudando as mães em casa. Este, sim, era um pleito feminista. Mas, para a direita hoje no comando do Brasil, feminismo é abrir mão de conquistas e ficar em desvantagem em relação ao homem. Segundo estudo apresentado pelo CFMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) em dezembro, é exatamente o que vai acontecer se a reforma da Previdência for aprovada: aprofundará as desigualdades entre homens e mulheres.

“Se aprovar essa PEC, o Brasil vai acabar com o único mecanismo compensatório para as mulheres, sem ter solucionado as desigualdades no mundo do trabalho,” afirmou a assessora técnica do CFEMEA, Natalia Mori. De acordo com a entidade, não dá para comparar o trabalho da mulher com o dos homens porque elas ficam menos tempo no emprego, ocupam postos mais precários e ainda sofrem com a segunda jornada em casa, o que limita suas possibilidades de ascensão profissional e, com isso, a elevação da sua remuneração.

“Como têm menor poder de contribuição e dependem da sua idade ou da morte do cônjuge para obter o benefício, as mulheres recebem um benefício médio menor”, explicou a assessora do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Lilian Arruda. As maiores prejudicadas com a reforma da Previdência de Temer serão justamente as que têm as condições de trabalho mais precárias: as mulheres negras e as trabalhadoras rurais.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2014, 90,6% das mulheres brasileiras realizam afazeres domésticos. Entre os homens, esse percentual fica nos 51,35%. Entre elas, a média é de 21,35 horas semanais dedicadas ao trabalho de cuidados sem remuneração. Para eles, é menos da metade disso (10 horas).

Em tempo: dos 74 membros da comissão que analisa a reforma da Previdência na Câmara apenas uma é mulher, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

(Com informações da Agência Câmara e do CFEMEA)

 


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