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Direitos Humanos

2023, o ano em que voltamos a desejar “feliz ano novo” acreditando que será

Os Direitos Humanos estão de volta. O Brasil está de volta. É possível ser otimista com o futuro novamente

O povo sobe a rampa com Lula. Foto: Ricardo Stuckert
Cynara Menezes
03 de janeiro de 2023, 19h19

Havia 7 anos que eu não desejava “feliz ano novo” de coração.

Falava, sim, para meus amigos, minha família, mas como um hábito, um clichê tantas vezes repetido. Eu, que sempre fui crítica da hipocrisia do Natal e amava as noites de réveillon, me vi achando a passagem do ano também hipócrita. Desejar “feliz ano novo” para quê, se eu não sinto que será feliz?, pensava. A mentira doía no meu coração. Era um “feliz ano novo” retórico, automático. Sem fé.

O último ano em que desejei “feliz ano novo” de coração foi de 2014 para 2015. Dilma Rousseff havia ganhado a eleição de Aécio Neves e, embora estivesse fraca politicamente, atacada e sabotada por todos os lados, ainda olhamos o início de seu segundo governo com esperança. O que estivesse ruim poderia melhorar, ué.

Atravessamos a escuridão. O presidente subindo a rampa com o povo encheu os olhos de júbilo. A foto dos novos ministros, tão diversa quanto o país, fez todo mundo se sentir representado pela primeira vez após anos de homens brancos de meia idade no poder

Mas já em fevereiro de 2015, na posse do Congresso, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, lançou no ar sobre a presidenta e o país a ameaça do impeachment. Viramos 2015 para 2016 com o processo de impeachment deflagrado, inseguros e angustiados com o que veríamos no ano seguinte. Aquele foi o primeiro réveillon em que desejamos “feliz ano novo” sem sentir que seria um bom ano. E não foi.

De 2016 para cá, foram festejos de final de ano sem razões para comemorar. Golpe contra Dilma, as perdas para os trabalhadores do governo Temer, a  vitória de Jair Bolsonaro em 2018, Lula passando o Natal na cadeia em Curitiba… E foi só ladeira abaixo depois: a pandemia de Covid-19, o descaso e a sabotagem de Bolsonaro ao combate ao vírus, as horrendas decisões de seu governo em relação a armas, mulheres, direitos LGBTs. A destruição dos órgãos ambientais e da cultura! O assassinato de Bruno e Dom! O desalento tomou conta do país.

“Nesses últimos anos, vivemos, sem dúvida, um dos piores períodos da nossa história. Uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento”, bem definiu o presidente Lula no parlatório. Como é possível desejar “feliz ano novo” assim? Só se for da boca para fora. “Mas esse pesadelo chegou ao fim, pelo voto soberano, na eleição mais importante desde a redemocratização do país”, também disse Lula.

O discurso do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que viralizou nas redes, resume o sentimento que temos em relação ao novo governo e ao futuro, um futuro onde ninguém seja esquecido, deixado para trás, um governo que se importa com sua gente

Atravessamos a escuridão. Começamos 2023 com o coração cheio de esperança. A cena do presidente subindo a rampa com o povo encheu os olhos da nação de júbilo. A foto oficial dos ministros de Lula, tão diversa quanto nosso país, fez todo mundo se sentir representado pela primeira vez após anos de homens brancos de meia idade no poder. A cada discurso proferido por membros do novo governo, uma dose a mais de otimismo. Deixamos para trás o obscurantismo, o golpismo, as ameaças à Constituição.

O trecho do discurso do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que viralizou nas redes sociais, resume o sentimento que temos em relação ao governo e ao futuro, um futuro onde ninguém seja esquecido, deixado para trás, um governo que de fato se importa com sua gente. Um presidente que cuida do seu povo.

“Quero estabelecer aqui um primeiro compromisso. O compromisso deste Ministério com a luta de todos os grupos vítimas de injustiças e opressões, que, não obstante, resistiram e resistirão a todas as tentativas de calar suas vozes. Por isso, permitam-me, como primeiro ato como Ministro, dizer o óbvio, o óbvio que, no entanto, foi negado nos últimos quatro anos: trabalhadoras e trabalhadores do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Mulheres do Brasil, vocês existem e são valiosas para nós. Homens e mulheres pretos e pretas do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Povos indígenas deste país, vocês existem e são valiosos para nós. Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não binárias, vocês existem e são valiosas para nós. Pessoas em situação de rua, vocês existem e são valiosas para nós. Pessoas com deficiência, pessoas idosas, anistiados e filhos de anistiados, vítimas de violência, vítimas da fome e da falta de moradia, pessoas que sofrem com a falta de acesso à saúde, companheiras empregadas domésticas, todos e todas que sofrem com a falta de transporte, todos e todas que têm seus direitos violados, vocês existem e são valiosos para nós. Com esse compromisso, quero ser Ministro de um país que ponha a vida e a dignidade humana em primeiro lugar.”

Os Direitos Humanos estão de volta. O Brasil está de volta. É possível ser otimista com o futuro novamente. Após sete anos, podemos acreditar que teremos um bom ano. Podemos acreditar.

Feliz 2023 para todos nós.

 

 


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(2) comentários Escrever comentário

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Bernardo Melo em 04/01/2023 - 03h22 comentou:

Intelectual , Humanista e Sereno ao falar , Almeida demonstrou coragem e disposição para lutar nos escombros da goiabeira .
Mãos à obra !
Não há tempo para titubear , a catástrofe foi planejada e ampla .
Esperançar é preciso .

Responder

Ze more em 07/03/2023 - 15h44 comentou:

Coragem povo. Não muda nada . Ninguém ajuda ninguém. Político ajuda a si mesmo. Vamos trabalhar , quem pode . Vamos ganhar migalha quem não tem outro jeito .

Responder

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