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Direitos Humanos

ONU condena assassinato de líder do Movimento dos Atingidos por Barragem

Comissariado de Direitos Humanos cobrou investigação; ex-presidenta Dilma responsabilizou "discurso de ódio" do atual governo

A presidenta Dilma com sua xará que foi assassinada. Foto: Leandro Silva/MAB
Da Redação
25 de março de 2019, 21h14

O Escritório para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenou os assassinatos da defensora de direitos humanos e coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragem, Dilma Ferreira da Silva, de seu marido Claudionor Amaro Costa da Silva e de Hilton Lopes, ocorridos no dia 22 de março em um assentamento na área rural de Baião, no Pará. As três vítimas foram amarradas, amordaçadas e assassinadas a facadas.

“O ACNUDH expressou condolências aos familiares das vítimas e cobrou as autoridades brasileiras a “conduzir uma investigação completa, independente e imparcial sobre esses assassinatos, que leve a responsabilização dos autores do crime”. Ao mesmo tempo, a entidade lembrou que o Estado brasileiro tem a responsabilidade de garantir a proteção integral dos defensores de direitos humanos no país, “para que possam cumprir com seu papel fundamental na sociedade, especialmente na defesa dos direitos das populações mais vulneráveis”.

A coordenadora do MAB teve a garganta cortada e apresentava marcas de lesões corporais –a polícia trabalha com a hipótese de que ela tenha sido torturada antes de ser morta. Ainda não se sabe a motivação do crime, que tem sido tratado pelos investigadores como execução. Nenhum suspeito foi preso até agora. Para a Comissão Pastoral da Terra, se for confirmado que as mortes ocorreram em contexto de conflitos agrários, esse será o primeiro massacre no campo em 2019, o primeiro da era Bolsonaro.

A coordenadora do MAB teve a garganta cortada e apresentava marcas de lesões corporais. A polícia trabalha com a hipótese de que ela tenha sido torturada antes de ser morta

A ex-presidente Dilma Rousseff, que recebeu sua xará no Planalto em 2011, lamentou em nota as mortes e o “discurso de ódio” do atual governo, que volta e meia ameaça as lideranças sem-terra. “Dilma participava havia 30 anos do movimento, desde que uma barragem acabou com a cidade em que vivia. Em 2011, Dilma esteve em audiência comigo e me entregou um documento de reivindicações do MAB, com atenção especial às mulheres. No encontro, manifestei apoio integral do meu governo à sua luta”, diz a nota.

“O assassinato de Dilma Ferreira Silva é inaceitável. É mais um momento triste na história do MAB, que justamente hoje celebrava o Dia Internacional da Água. Como seus militantes dizem, ‘a água é para a vida, não para a  morte!’. Dilma Ferreira Silva e seus familiares são as novas vítimas da violência no campo, autorizada pelo discurso de ódio e pelo descaso do atual governo”, afirmou Dilma Rousseff.

Nesta segunda-feira, o governador do Pará, Helder Barbalho, respondeu aos questionamentos da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados sobre o triplo assassinato. “O governador falou conosco sobre as providências que estão sendo tomadas. Entre elas, o envio para o local do crime de servidores da delegacia especializada em conflitos agrários e do delegado-geral de polícia do Pará, Alberto Teixeira. O governador garantiu que os crimes serão esclarecidos e vai nos manter informados sobre todas as ações que forem desenvolvidas”, afirmou Helder Salomão (PT-ES), presidente da Comissão.

Com informações do Brasil de Fato

 


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