Socialista Morena
Mídia

6 maneiras de proteger sua saúde mental dos perigos das redes sociais

Psicóloga dá dicas sobre como reduzir o dano causado pelas redes a seu equilíbrio e suas relações em carne e osso

Cena do curta de Steve Cutts "Are You Lost in The World Like Me?". Foto: reprodução
The Conversation
16 de julho de 2019, 16h05

Por Jelena Kecmanovic, no The Conversation
Tradução: Maurício Búrigo

Mais de um terço dos adultos norte-americanos consideram as redes sociais prejudiciais à sua saúde mental, de acordo com uma nova pesquisa da Associação Norte-americana de Psiquiatria. Apenas 5% consideram as redes sociais como sendo positivas à sua saúde mental e outros 45% dizem que as redes têm tanto efeitos positivos como negativos.

Dois terços dos que responderam ao estudo acreditam que o uso das redes sociais esteja relacionado a isolamento social e solidão. Há uma variedade enorme de estudos conectando o uso de redes sociais à depressão. Outras descobertas ligam-no à inveja, baixa autoestima e ansiedade social.

Fonte: Associação Norte-americana de Psiquiatria/The Conversation

Na qualidade de psicóloga que tem estudado os perigos das interações online e observado os efeitos do (mau) uso das redes sociais nas vidas dos meus clientes, tenho seis sugestões para que as pessoas possam conseguir reduzir o dano que as redes podem causar à sua saúde mental.

1. Limite quando e onde se usa as redes sociais

Usar as redes sociais pode interromper e atrapalhar a comunicação cara a cara. Você vai se conectar melhor com as pessoas em sua vida se todos os dias mantiver algumas horas com suas notificações de redes sociais estejam desligadas –ou mesmo com seu telefone no modo avião.

Obrigue-se a não verificar as redes sociais durante as refeições com a família e amigos e quando estiver brincando com as crianças ou conversando com um parceiro. Certifique-se de que as redes sociais não interfiram no trabalho, distraindo-o de projetos importantes e conversas com os colegas. Sobretudo, não deixe seu telefone ou computador no quarto –isso perturba seu sono.

Várias pesquisas conectam o uso de redes sociais à depressão. Outras mostram que até mesmo um descanso do facebook por cinco dias ou uma semana pode levar a menos estresse e maior satisfação com a vida

2. Tenha períodos de ‘detox’

Programe a desconexão de vários dias das redes sociais. Diversos estudos têm mostrado que até mesmo um descanso longe do facebook por cinco dias ou uma semana pode levar a menos estressemaior satisfação com a vida. Você também pode apenas reduzir, sem que entre em crise de abstinência: usar o facebook, instagram e snapchat só 10 minutos ao dia por três semanas resultou em solidão e depressão menores. Pode ser difícil no início, mas procure ajuda da família e de amigos, declarando publicamente que você está dando um tempo. E apague os aplicativos para os seus serviços de redes sociais favoritos.

3. Preste atenção ao que você faz e como se sente

Experimente usar suas plataformas online favoritas em diferentes horas do dia e durações de tempo variáveis, para ver como se sente durante e após cada sessão. Você talvez descubra que alguns acessos rápidos lhe ajudam a se sentir melhor do que passar 45 minutos percorrendo exaustivamente a timeline de um site. E se você sentir que entrar numa toca de coelho do facebook rotineiramente à meia-noite o deixa esgotado e se sentindo mal consigo mesmo, suprima o facebook depois das 10 da noite. Note também que as pessoas que usam as redes sociais passivamente, apenas navegando e consumindo postagens de outras, sentem-se piores do que pessoas que participam ativamente, postando seu próprio material e se envolvendo com outras online. Sempre que possível, foque suas interações online em pessoas que você conhece offline.

Sempre que possível, foque suas interações online em pessoas que você conhece offline. É possível que eliminar alguns “amigos” e adicionar sites motivacionais ou engraçados faça diminuir os efeitos negativos das redes sociais

4. Aborde as mídias sociais cautelosamente: pergunte ‘por quê?’

Se a primeira coisa que você faz de manhã é dar uma olhada no twitter, pense se é para ficar informado sobre os furos de reportagens com os quais terá de lidar ou se é um hábito impensado que serve como escape antes de encarar o dia. Você notou que fica ansioso para dar uma olhada no instagram sempre que é confrontado com uma tarefa difícil no trabalho? Seja valente e cruelmente honesto consigo mesmo. Toda vez que procurar alcançar o telefone (ou o computador) para checar as redes sociais, responda a essa dura questão: por que estou fazendo isso agora? Decida se você quer que sua vida se resuma a isso.

5. Elimine

Com o tempo, é provável que você tenha acumulado muitos amigos e contatos online, bem como pessoas e organizações. Algum conteúdo ainda é interessante para você, mas grande parte talvez seja chata, aborrecida, enfadonha ou pior. Agora é a vez de deixar de seguir, suprimir ou ocultar contatos; a grande maioria não vai notar e sua vida será melhor. Um estudo recente descobriu que informações sobre as vidas de amigos do facebook afetam as pessoas de maneira mais negativa do que qualquer outro conteúdo no facebook. Pessoas cujas redes sociais incluíam histórias de inspiração experimentavam gratidão, vitalidade e admiração. É possível que eliminar alguns “amigos” e adicionar alguns sites motivacionais ou engraçados faça diminuir os efeitos negativos das redes sociais.

6. Impeça as redes sociais de substituírem a vida real

Usar o facebook para estar em dia com a vida da sua prima que acaba de se tornar mãe é ótimo, desde que não se deixe de visitá-la com o passar dos meses. Tuitar com um colega pode ser envolvente e engraçado, mas certifique-se de que essas interações não se tornem um substituto de se falarem cara a cara. Quando usadas com reflexão e ponderação, as redes sociais podem ser um acréscimo útil à sua vida social, mas apenas uma pessoa em carne e osso sentada à sua frente consegue preencher a necessidade humana básica de vínculo e participação.

*Jelena Kecmanovic é professora-adjunta de Psicologia na Universidade de Georgetown

*APOIE O TRADUTOR: Gostou da matéria? Contribua com o tradutor. Todas as doações para este post irão para o tradutor Maurício Búrigo. Se você preferir, pode depositar direto na conta dele: Maurício Búrigo Mendes Pinto, Banco do Brasil, agência 2881-9, conta corrente 11983-0, CPF 480.450.551-20. Obrigada por colaborar com uma nova forma de fazer jornalismo no Brasil, sustentada pelos leitores.

 


(1) comentário Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

José Cláuver de Aguiar Júnior em 26/07/2019 - 17h51 comentou:

Excelentes dicas.
Obrigado pelo artigo, Cynara!

Responder

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Cultura

Eu, a lua cheia e uma experiência transformadora com ayahuasca


Teria o chá realmente efeitos terapêuticos sobre uma mente confusa? Sob a inspiração de William Burroughs, fui tirar a prova

Kapital

OPAS: epidemia de doença renal associada a agrotóxicos na América Central


Epidemia de insuficiência renal entre jovens agricultores em El Salvador, Honduras e Nicarágua tem origem desconhecida, mas já é uma das principais causas de morte na região