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Sindicato de Jornalistas e funcionários denunciam censura de Temer na EBC

No domingo, 21 de maio, enquanto ocorriam manifestações contra o presidente Michel Temer e em favor de eleições diretas em 19 Estados e no Distrito Federal, a Agência Brasil, órgão noticioso público, só informou a seus leitores a existência delas às 18h26. Na época de Dilma Rousseff, todos os protestos contra seu governo foram cobertos em […]

Cynara Menezes
22 de maio de 2017, 23h42

ebcsede

No domingo, 21 de maio, enquanto ocorriam manifestações contra o presidente Michel Temer e em favor de eleições diretas em 19 Estados e no Distrito Federal, a Agência Brasil, órgão noticioso público, só informou a seus leitores a existência delas às 18h26. Na época de Dilma Rousseff, todos os protestos contra seu governo foram cobertos em tempo real, desde as primeiras horas da manhã, com farta oferta de fotos para serem utilizadas gratuitamente por meios de comunicação brasileiros e do exterior.

Afinal, veículos do mundo inteiro acompanham o noticiário da agência, rádios e TVs que compõem a Empresa Brasil de Comunicação, criada em 2007 para fazer jornalismo apartidário, porque pertence ao povo brasileiro, não a um governo. Isso se chama republicanismo. Desde que Temer assumiu, porém, tudo mudou. A Voz do Brasil, por exemplo, transmitida por todas as rádios do país, em cadeia, de segunda a sexta às 19h, se transformou em um veículo de propaganda descarada do governo Temer.

Inconformados com o ambiente de aparelhamento dentro do sistema público de comunicação, uma comissão de funcionários da EBC, apoiados pelo Sindicato dos Jornalistas e pelo Sindicato dos Radialistas do DF, RJ e SP, soltou uma nota em protesto contra a censura na emissora pública e em apoio à realização de eleições diretas para a presidência da República. “Matérias são diariamente modificadas e programas são feitos sob encomenda dentro da Agência Brasil, TV Brasil, Portal EBC, Rádio Nacional e MEC para tornarem os conteúdos favoráveis ao governo federal”, denunciam os funcionários. A expressão “Fora Temer” foi rigorosamente banida do noticiário oficial.

Leia a íntegra:

“Em defesa da comunicação pública, contra a censura na EBC, contra as reformas e pelas Diretas Já!

Após a abertura de inquérito no STF para investigar o presidente da República, Michel Temer, por envolvimento em esquemas de corrupção, as entidades representativas dos jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação denunciam a censura e o desmonte dos veículos públicos de comunicação pelo governo federal e pela diretoria da empresa comandada por Laerte Rimoli.

O ataque frontal à Lei que estabeleceu a comunicação pública federal no país pelo governo Temer acelerou a imposição de uma linha editorial governista dentro da EBC. Matérias são diariamente modificadas e programas são feitos sob encomenda dentro da Agência Brasil, TV Brasil, Portal EBC, Rádio Nacional e MEC para tornarem os conteúdos favoráveis ao governo federal. Os jornalistas da empresa são expostos a uma linha editorial claramente governista, sem espaço para o contraditório, e com exclusão já nas pautas de temas que desagradam o Planalto. Há dezenas de casos de censura explícita, com membros da diretoria excluindo posições críticas ao governo minutos antes da publicação de reportagens.

A exemplo seguem os sucessivos atos de censura na Agência Brasil, como a orientação de não citar em nenhum momento o termo ‘Fora Temer’ na cobertura de eventos ou fatos em oposição ao governo. Ou a transmissão dos programas do governo federal em defesa da reforma da Previdência no meio da programação pública da Rádio Nacional. O governo Temer impôs o fim de toda estrutura de controle social da EBC, com a extinção do Conselho Curador, que tinha o papel de zelar pelos princípios da comunicação pública previsto em lei, além do fim do mandato do presidente da empresa, que pode ser demitido a qualquer momento caso desagrade o governo federal. O Conselho poderia ser um freio ao desrespeito sistemático da legislação pela direção da EBC.

Ainda não cumprem sequer a nova Lei das Estatais na EBC, que estabeleceu critérios mais rígidos para nomeação de sua diretoria. Preocupa os trabalhadores também o movimento iniciado pelo governo de corte de mais de 40% das verbas de custeio e investimento o que atinge em cheio a possibilidade de fazer uma comunicação relevante para a sociedade brasileira. Um exemplo disso é a Rádio Nacional da Amazônia, que está fora do ar há mais de um mês por problemas na transmissão de seu sinal. Isso se agrava na tentativa da atual direção da EBC em unificar a prestação de serviço ao governo federal, como a Voz do Brasil e a TV NBR, aos veículos públicos, que têm finalidades e responsabilidades completamente diferentes, descrita em lei.

Outra estratégia é o enxugamento da empresa com cortes de funcionários, via um Processo de Desligamento Voluntário, sem a contrapartida de um novo concurso público para repor esta mão de obra especializada, provocando um desmonte ainda maior da empresa pública. Ao mesmo tempo, a diretoria ampliou os valores pagos aos cargos comissionados, redesenhando a empresa com a criação de gerentes e coordenadores que sequer tem empregados subordinados. Ainda tem utilizado assessores para substituir profissionais da atividade fim da empresa, além de proporem uma imoral proposta de reajuste de mais de 30% dos salários da diretoria, aprovada em um primeiro momento, e negada após o constrangimento público de seus diretores.

As propostas de cortes nos valores dos salários dos comissionados e do número de chefias feitas pelos empregados seguem totalmente ignoradas pela direção da empresa. Neste contexto de crise política generalizada no país, em que o governo Temer não tem legitimidade para continuar no comando da nação, os trabalhadores da EBC se rebelam contra os ataques sistemáticos à comunicação pública. A própria direção da EBC, umbilicalmente ligada aos políticos imersos na crise –Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer– também não tem legitimidade para gerir a empresa pública.

Defendemos a democracia brasileira, que só será plena com uma regulação para uma comunicação democrática e com um sistema público de comunicação forte e independente do governo federal e do mercado. Para isso, exigimos o repasse imediato do dinheiro já acumulado da Contribuição ao Fomento da Comunicação Pública, que soma mais de 1 bilhão de reais e que deve ser repassado como manda a lei. Precisamos de uma diretoria autônoma ao governo, valorizando os empregados da EBC compromissados com a comunicação pública. O povo precisa ser ouvido para a resolução da grave crise política e para isso, só com uma nova eleição direta para presidente.

Diretas Já! Salve a EBC! Fazemos comunicação pública e não governamental!

Sindicatos dos Jornalistas DF, RJ e SP

Sindicatos dos Radialistas DF, RJ e SP

Comissão de Empregados da EBC”

 

 


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