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Para o MPF, governo Dilma cometia “crime” ao manter gás e gasolina baratos

Ministério Público Federal no Rio acusa de improbidade administrativa Conselho da Petrobras por política de preço. Aumentos abusivos de Temer são considerados normais

Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
Da Redação
06 de dezembro de 2017, 20h15

Desde agosto, o gás de cozinha já subiu 67,8%. Nesta terça-feira, aumentou pela sexta vez consecutiva e está sendo vendido, em média, a 80 reais o botijão. É uma mudança brutal em relação à política adotada nos governos do PT desde 2003, quando a Petrobras passou a praticar dois preços para o gás de cozinha, um para os botijões menores e outro para os maiores, para defender os consumidores mais pobres, para quem o botijão pesa enormemente no bolso.

Foi só Temer tomar o poder que a coisa mudou e a estatal, nas mãos dos tucanos, esqueceu os pobres: em junho, a Petrobras instituiu uma nova política de preços para o gás considerando as cotações internacionais, a taxa de câmbio e a margem de lucro. Daí os aumentos exorbitantes que estão levando as pessoas pobres a voltarem aos tempos da lenha. A evolução é insana. Acompanhe pelo levantamento de um leitor do site no twitter. O gás praticamente dobrou de preço desde o golpe.

A gasolina, ao contrário da expectativa dos paneleiros que foram às ruas contra Dilma, também está subindo sem parar. Os aumentos somam 12,75% nos últimos cinco meses, também desde que a Petrobras mudou a política de preços. Agora é impossível abastecer o carro por menos de 4 reais o litro.

O que o Ministério Público fez em relação aos aumentos exorbitantes do gás e da gasolina? Nada. Pelo contrário: hoje o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro anunciou que está movendo uma ação civil pública por improbidade administrativa contra os ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras no governo Dilma Rousseff porque defendiam preços baixos para o gás e a gasolina! Quer dizer: preço baixo é crime e preço alto é perfeitamente legal.

Em vez de levar em consideração a intenção social da política de preços que vem desde 2003, quando Lula assumiu, os procuradores da República enxergaram razões eleitoreiras

Segundo o MPF-RJ, os valores praticados foram utilizados para controlar a inflação nos anos de 2013 e 2014, o que pelo visto também virou crime. Os acusados são o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a ex-presidenta da Petrobras, Graça Foster, o ex-comandante do Exército, general Francisco de Alburquerque, o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ex-secretário-executivo de Minas e Energia, Marcio Pereira Zimmermann, o economista Sérgio Franklin Quintella, o empresário Jorge Gerdau, e José Maria Ferreira Rangel, da Federação Única dos Petroleiros.

Todos são culpados, de acordo com o MPF, pela “defasagem” dos preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional, “sem apresentarem qualquer fundamento relacionado ao interesse da Companhia”. Curioso, porque neste período, antes de começar a Lava-Jato, a Petrobras estava entre as 20 maiores empresas do mundo, segundo o ranking da revista Forbes.

Em vez de levar em consideração a intenção social da política de preços que vem desde 2003, quando Lula assumiu, os procuradores da República Claudio Gheventer, Gino Augusto de Oliveira Liccione, André Bueno da Silveira e Bruno José Silva Nunes, autores da ação, enxergaram razões eleitoreiras. “Em realidade, eles atuavam segundo orientação do governo federal, que intentava segurar a inflação, tendo em vista as eleições presidenciais de 2014”, disseram.

Na ação, o MPF pretende ainda a condenação da União Federal, de forma subsidiária, ao ressarcimento dos danos causados à Petrobras por abuso de poder, enquanto acionista controladora da estatal, em razão do uso indevido da Companhia para fins de combate à inflação.

Clique aqui para ler a íntegra da ação.

Com informações da assessoria do MPF-RJ

 

 


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(6) comentários Escrever comentário

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ari em 06/12/2017 - 22h17 comentou:

Quando a gente acha que já viu tudo, eis que a PF prende reitor e vice reitora da UFMG, a “Quanto é” escolhe o homem do ano, o chefe do Circo de Curitiba, o Brasil é declarado o país mais perigoso para ambientalistas e pessoas que defendem os direitos humanos e essa ação contra a Dilma
Enquanto isto, malas de dinheiro correm de lá para cá e de cá para lá, a Eletrobrás é fatiada e vendida a preço de banana e o pior congresso de nossa história torna-se cúmplice do Temer ao apoiar medidas de massacre do nosso povo, como a reforma trabalhista, entre outras
Quando se pensa que o nazi-fascismo está morto, eis que ele começa a se mexer no caixão. Ah, antes que me esqueça, o número de casos de sífilis, sim, sífilis, aumentou 27 % no ano passado por falta de recursos

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Antonio Carvalho em 07/12/2017 - 11h28 comentou:

O MPF atualmente tem sido o mentor do golpe e é contra a tudo que beneficia o povo.
São uns bostas que não tinham voz e agora quer ditar uma nação.Fora vagabundos,pilantras e golpistas.

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Marcos F. em 07/12/2017 - 12h30 comentou:

É a inversão de valores. O MPF aceita o lobby da Shell? Cansou! O judiciário brasileiro perdeu a vergonha na cara. Estão destruindo o trabalho sério que um dia o MPF teve nesse país. O achismo, a perseguição política se tornou o novo modelo de acusação nesse país. Estão usando o MPF para atribuições de interesses particulares e pelo que me consta isso ilegal! A insanidade do membros do MPF-RJ é evidente, é revoltante – a burrice ganhou espaço.

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Ângela Valério Horta de Siqueira em 07/12/2017 - 15h06 comentou:

Somos o que seria a Venezuela, não fosse a garra, as ganas e a politização de seu povo defendendo seu governo popular. Vergonha de ser um cordeiro dócil a caminho do matadouro. Meu consolo, é que isso uma hora muda!

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MARCELO em 16/02/2021 - 11h21 comentou:

A massa bolsonarista, que agiu contra o Governo Dilma e o Partido dos Trabalhadores -PT, está arrependida da situação em que o seu próprio líder, formado por seu guru, de descer, de forma pouca lenta, a ladeira.

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Julio Pieczarka em 20/02/2021 - 15h57 comentou:

O que percebo: de 2002 a 2015 (anos do PT) proporcionalmente ao salário, o preço do gás diminuiu (de 14,02% para 5,82%). Caiu para quase um terço do valor inicial. Depois do golpe, voltou a subir com alguma oscilação, chegando a 7,72% subindo, portanto 32%. Não vejo como isso possa ser vantajoso para Bolsonaro. Mas eles repetem este argumento, sem enxergar o que ali está.

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