Socialista Morena
Politik

Uma proposta para unir o Brasil: eleição em 2016 (mas com Dilma no comando)

Se quisessem mesmo melhorar o Brasil e “limpar” a política, a mídia e a oposição ao PT teriam que, pela primeira vez na vida, ser francos, sinceros. Todos sabemos que a corrupção na política brasileira é endêmica, e que começa no financiamento de campanha. É ali que está a raiz do problema: como as empreiteiras […]

(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Cynara Menezes
23 de maio de 2016, 17h09
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

(Dilma na entrevista a Glenn Greenwald, do The Intercept. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Se quisessem mesmo melhorar o Brasil e “limpar” a política, a mídia e a oposição ao PT teriam que, pela primeira vez na vida, ser francos, sinceros.

Todos sabemos que a corrupção na política brasileira é endêmica, e que começa no financiamento de campanha. É ali que está a raiz do problema: como as empreiteiras doam para os candidatos, quando eles ganham a eleição e conquistam o cargo almejado, retribuem com obras; na eleição seguinte, as empresas doam mais dinheiro e recebem mais obras; e assim indefinidamente, como uma máfia tolerada. Os empreiteiros e os políticos são praticamente sócios. Se o financiamento continuar assim, continuará a haver corrupção. Mas nem a mídia nem os políticos de direita querem que isso mude.

Outra verdade que todos sabemos é que, infelizmente, este toma-lá-dá-cá vem sendo a tônica das campanhas eleitorais desde a volta da democracia no Brasil, em 1985. Nestes 31 anos, quase todos os políticos eleitos, a absoluta maioria deles, se beneficiaram desta forma de fazer política. O que nós, de esquerda, criticamos no PT é justamente o fato de não ter feito nada para mudar este sistema, pelo contrário, ter aderido saltitantemente a ele. O próprio partido afinal fez este mea culpa, em resolução divulgada na semana passada.

“Fomos contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias bancadas corporativas e controlando governos. Preservada essa condição mesmo após nossa vitória eleitoral de 2002, terminamos envolvidos em práticas dos partidos políticos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”, diz o texto.

Não tem ninguém inocente nessa história toda: PT, PDT, PSB, PSDB, PSD, Rede, PROS, Solidariedade, PCdoB, PMDB, DEM, todos os partidos têm políticos envolvidos nesta forma de bancar candidaturas (à exceção, talvez, do PSOL). Ficou claríssimo hoje, quando veio à tona o teor da conversa entre o “novo” ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, furo do repórter Rubens Valente na Folha de S.Paulo.

No diálogo entre os parceiros, se confirma o que muitos de nós vínhamos alertando: tiraram Dilma para que a investigação não fosse geral, para frear a Lava-Jato. Está aí, escancarada, como é feita a salsicha da política no Brasil, e a maior parte dos que apontaram o dedo para a presidenta se lambuzou nela. Mas, de todos os envolvidos nessa história, a única neófita é Dilma Rousseff.

Injustamente arrancada do cargo que conquistou pelo voto de 54,5 milhões de brasileiros, Dilma é, e se comprova a cada dia que passa, a honesta desta história toda. A “mãos-limpas” desta operação é ela. Todo mundo sabe disso. “Temos uma líder política que não roubou, sendo impichada por uma gangue de ladrões. É uma espécie de golpe soft”, disse o escritor Noam Chomsky. O cúmulo da desfaçatez é que a tal “gangue” comandou o impeachment iludindo as pessoas, dizendo estar “combatendo a corrupção” –e, graças ao apoio midiático, teve gente que acreditou.

Por outro lado, é visível que Dilma não possui condições políticas para permanecer no cargo até 2018. Com o bombardeio que sofreu desde que ganhou a eleição, em 2014, e com o acúmulo de erros que cometeu no segundo mandato, está irremediavelmente desgastada e não conseguirá mais governabilidade alguma. Além disso, é preciso reconhecer que o sistema político brasileiro está em colapso neste momento. A melhor saída, portanto, é convocar uma nova eleição já em 2016, junto com as eleições para prefeito. Esta é a concertação possível. Tenho certeza que é uma solução capaz de nos unir um pouco, distender, acalmar os ânimos. Assim podemos sair deste buraco e voltar a cuidar de nossas vidas.

Mas não pode acontecer isso sem Dilma de volta no cargo, como magistrada do processo. Não há ninguém mais adequada para tocar o País, até a realização de nova eleição, do que uma política que não roubou e que foi eleita para o cargo do qual foi afastada. É inaceitável deixar nosso país diretamente nas mãos de investigados pela Lava-Jato! Com Dilma, a Lava-Jato continua –todo mundo também sabe disso agora.

E o mais importante é fazer passar à História que colocamos Dilma de volta sobretudo para fazer justiça a uma pessoa honesta. É uma energia boa quando se faz o justo, um carma bom para recomeçar.

 


Apoie o site

Se você não tem uma conta no PayPal, não há necessidade de se inscrever para assinar, você pode usar apenas qualquer cartão de crédito ou débito

Ou você pode ser um patrocinador com uma única contribuição:

Para quem prefere fazer depósito em conta:

Cynara Moreira Menezes
Caixa Econômica Federal
Agência: 3310
Conta: 000591852026-7
PIX: [email protected]
Nenhum comentário Escrever comentário

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião da Socialista Morena. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Deixe uma resposta

 


Mais publicações

Politik

Vai ter CPI dos atos antidemocráticos e o governo corre para conter os danos


A única hipótese para uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o 8 de janeiro não ser instalada é o governo conseguir que assinaturas sejam retiradas

Kapital

Samuel Pinheiro: não é Fora Temer nem Fora Maia, é “Fora Meirelles, inimigo do…


Por Samuel Pinheiro Guimarães* O senhor Henrique Meirelles, ex-presidente do Bank of Boston e durante vários anos presidente do Conselho da J&F (de Joesley), de onde saiu para ocupar o Ministério da Fazenda, procura, à…