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Casa Grande: senadora Ana Amélia defende chicote contra apoiadores de Lula

Criticada, a senadora disse em entrevista nesta segunda-feira que "levantar o rebenque não é um ato violento"

Fazendeiro chicoteia simpatizante de Lula. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Da Redação
26 de março de 2018, 10h27

Quem é que incita a violência contra Lula?

A senadora Ana Amélia, do PP gaúcho, defendeu as agressões dos opositores de Lula durante a caravana que o petista faz no Sul do país dizendo que “levantar o relho, o rebenque”, não é violento. “Quero cumprimentar Bagé, Santa Maria, Palmeira das Missões, Passo Fundo, São Borja e Santana do Livramento, que botou a correr aquele povo que foi lá, botando um condenado para se queixar da democracia”, disse, em seu discurso na pré-convenção do PP, no sábado. “Atirar ovos, levantar o relho, levantar o rebenque para mostrar o Rio Grande, para mostrar onde estão os gaúchos”, defendeu.

Criticada, a senadora disse em entrevista nesta segunda-feira que “levantar o rebenque não é um ato violento”. “Relho” e “rebenque” são outros nomes para chicote. Um fazendeiro opositor a Lula foi flagrado pelo fotógrafo Guilherme Santos, do jornal Sul21, chicoteando simpatizantes do ex-presidente durante a caravana. Não é violência: é a casa grande que Ana Amélia tanto reverencia colocando a senzala “em seu devido lugar”. Não é mesmo, senadora?

Contra jornalista de direita, insultos são “antidemocráticos”. Contra a esquerda, pedradas e chicotadas não são violência. É essa a “civilidade” de Ana Amélia

Provavelmente Ana Amélia também não acha “violento” tacar pedras na caravana de Lula, ferindo o ex-deputado Paulo Frateschi. Daqui a pouco a senadora vai dizer que colocar negros num pelourinho e açoitá-los era um “carinho” dos escravocratas.

Curioso é que a senadora do PP criticou manifestantes de esquerda em 2017, quando a jornalista global Míriam Leitão foi insultada a bordo de um avião. “Absolutamente inaceitável em um regime democrático”, disse Ana Amélia.

Quer dizer: contra jornalista de direita, insultos são “antidemocráticos”. Contra a esquerda, pedradas e chicotadas não são violência. É essa a “civilidade” de Ana Amélia. Imaginem se fosse o contrário e alguém de esquerda sugerisse levantar o chicote contra a senadora.

 

 


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Sergio Souza em 26/03/2018 - 15h55 comentou:

O país da ovada! Um país que acha bom ovada em Lula e acha bom ovada em Dória, é um país doente e incapaz de conviver decentemente, educadamente e democraticamente com opiniões contrárias! A quem isso interessa? Separar o país dessa forma odiosa?

Responder

Hipólito José Neto em 31/03/2018 - 14h06 comentou:

Para pessoas como a senadora Ana Amélia, tudo de ruim pode ser feito em relação aos excluídos, mas contra a elite dominante, uma critica democrática já provoca chilique.
Essa é das autoridades que acham que a culpa de ser pobre é do próprio pobre. São pessoas que cultivam a mentalidade escravocrata que permeiam a mente dessa gente.

Responder

Raul Longo em 02/04/2018 - 10h20 comentou:

O MECANISMO DE MOAGEM DO LULA
Raul Longo

Amiga e companheira virtual de Fortaleza pede informações sobre a passagem da caravana do Lula aqui pelo sul-maravilha. Respondi:
Bahita:
Veja esse vídeo: https://www.facebook.com/lindbergh.farias/videos/1916783738332912/
Durante a exibição provavelmente apareça uma chamada para o vídeo desesperado de uma coxinha. Veja também e aguarde porque vou te responder através de uma análise que escreverei agora.
Então escrevo, depois de terminar de assistir o seriado O Mecanismo dirigido por José Padilha que, segundo o site Cine Pop, provocou surpresa em seus produtores e divulgadores: “Por essa a Netflix não esperava quando gastou mais de R$ 15 milhões (estimativa) em sua nova produção original intitulada ‘O Mecanismo‘, que é inspirada na Operação Lava-Jato.”
O parágrafo vem abaixo do título da matéria: “Várias pessoas estão cancelando a conta da Netflix por causa de ‘O Mecanismo’”.
A Netflix pode ter se surpreendido, mas seus assinantes brasileiros já estão cansados do mecanismo de moagem do Lula desde a Mansão do Morumbi dos anos 80 até o atual tríplex do Guarujá, passando pelo renegar da Lurian; a mansão da Lurian em Florianópolis; a fazenda do Prata Cunha em Valparaíso com sede no palácio da ESALQ da USP em Piracicaba; JBS, Havan, Punta del Leste, entre outras incontáveis propriedades e fortunas da família Lula que vão muito além da imaginação do Padilha. Tantas que para azeitar alguma credibilidade à sua nova peça do vasto mecanismo de moagem do Lula, o cineasta teve de reproduzir um Aécio tão ridículo quanto o original, pôr em dúvida a indubitável parcialidade do STF, ridicularizar a vaidade do Sérgio Moro como se fosse o maior dos pecados do justiceiro e, até, admitir que Temer não é confiável – Ooohhh!!!
Para decifrar as obviedades do Padilha só prestando atenção onde carrega e onde economiza nas tintas, ao gosto da encomenda. Deu inclusive beliscadinha na mídia, com bastante força na moribunda Veja, mas não relou nem de raspão na intocável matriarca.
Parcimônia que deixou claro quem é a senhora do recado. E todo mundo pensando que a Netflix fosse a maior concorrente da Globo!
O mecanismo engana, mas é nas bandeiras que se reconhece quem de fato usou O Mecanismo para bater o pau na mesa mostrando quem manda e exige respeito por que é bom e gosta.
Nesse sentido até que o Padilha mandou bem num quase Gilmar Mendes, bastante melhorado, para o original pôr as barbas de molho. Teve o cuidado de deixar o Eduardo Cunha de lado porque de pit bull se passa ao largo, mesmo quando na corrente. Mas foi através do imperdoável que deixou o DNA no respingar da baba dos “mais baixos instintos” ao matar um decrepito “Mago” apodrecido de condenações por supostas literaturas jurídicas. Ali Padilha deixou vir à tona todas as monstruosidades das fossas marinhas.
Tudo tão metafórico que se pôde reconhecer até mesmo o papel do próprio Padilha, embora sem nenhum vestígio de Bíbilia ou citação evangélica. Não teve nada disso, mas a convicção na existência do Diabo é a mesma a fazer de Padilha a imagem e semelhança do Deltan Dallagnol. Esses dias o próprio Papa Francisco garantiu que o Diabo não existe, mas para Padilha e o Dallagnol a prova de que existe é que não há provas de que exista. E o diabo é o Lula, chefe de todo o mecanismo de corrupção na Petrobras denunciado por Paulo Francis em edição de 1996 do programa Manhattan Connection.
A única diferença, injusta, é que Padilha teve muito maior trabalho do que o de produzir um power-point, e recebeu bem menos.
De toda forma também não deu certo, conforme o comentário do site especializado Cine Pop. E Padilha teve de correr à Folha de São Paulo para rebater as críticas que o acusam de montador de Fake News. Foi pior. Chutou o balde com a desculpa de ter conferido o “É preciso estancar a sangria” do Romero Jucá, ao Lula, porque na abertura de cada episódio está escrito que “‘O Mecanismo’ é uma obra-comentário”, o que supõe lhe conferir pleno direito à farsa sobre fatos de conhecimento público. Uma espécie de Monty Python sem ser comédia. Se comédia até se isentaria do ridículo, mas na miríade de recursos empregados pelo mecanismo de moagem de Lula vale tudo, inclusive remake do “jornalismo de hipóteses” do editor de jornalismo da Globo, o Ali Kamel.
Nada de novo no front e faz lembrar outro picareta que circula aí pela internet transcrevendo a mais famosa ou a única famosa frase de Joseph Goebbels, indicando Mao Tse Tung como autor da “mentira repetida mil vezes até se tornar verdade”. Mas esse é um ‘Zé das Couves’ qualquer a quem ninguém dá à mínima, já o José Padilha, mesmo nunca tendo produzido algo que se inscreva no histórico da cinematografia brasileira com maior entusiasmo do que o provocado por um par de meias de presente de Papai Noel ou Dia das Crianças; de toda forma conseguiu significativa bilheteria internacional com alguns de seus trillers de glamourização da polícia mundialmente conhecida como das mais corruptas e violentas.
Padilha deveria, ao menos, ser mais zeloso com a fama já conquistada. Deveria saber que nas artes é como com paraquedas, quanto menos se sobe mais desastrosa é a queda.
A fama do Romero Jucá se tornou publica com esta frase que displicentemente Padilha usou para entrar no rol das peças que ele próprio aponta em avançada corrosão. Torceu os dedos beliscando a Veja com a mentira de capa, e repetiu a mesma farsa que depois da divulgação do Jucá pedindo a saída da Dilma para “estancar a sangria”, até os que erradicavam na suposição de alguma legalidade do impeachment não tiveram mais dúvida dos motivos do golpe. E o Padilha deu o golpe em si próprio, elucidando-se aos que questionam o sangrar de verbas para tão sofríveis cinematografias.
Daí pra frente não há o que espante nos episódios do longo seriado que, dado os resultados, presumivelmente será de única temporada. Se para eventuais admiradores Padilha perdeu o encanto, o espanto se desfaz em muitos detalhes do O Mecanismo, como a machista alusão à natural preocupação feminina com o penteado ou a referência à estocagem de vento, expressão desconhecida pelos que não acompanham as evoluções do emprego mundial de novas fontes de produção energética.
Já tem até jornalista dizendo que a Netflix deve desculpas ao Brasil, mas com a repercussão internacional da moagem do Lula seria mais recomendável suspender da grade de ofertas a assinantes de outros países. Em termos de obra-comentário, obrar de fato Padilha obrou bastante; mas vai sobrar pra produtora limpar e lavar quando Oliver Stone, Costa Gravas, Benício del Touro, Danny Glover e outras tantas celebridades do cinema mundial reclamarem da fedentina. E vão reclamar. Ah vão! Afinal todos assinaram o manifesto internacional “Eleição sem Lula é Fraude”.
Portanto, se não tomar cuidado, além de perder assinantes a Netflix vai acabar tendo de se explicar ao mundo se investiria numa obra-comentário em que interpretando o Papa Francisco o ator sussurrasse ao telefone: “- Tem de ser um que se delatar a gente manda matar”
Mas, atendendo a solicitação da amiga Bahita, tentei demonstrar que aqui no “sul-maravilha” o Padilha fez escola, só que me faltou a iniciativa de gravar a obra-comentário produzida no celular de uma Padilha catarinense e vou ter de descrever:
Depois de atirar pedras e ovos nas costas dos ônibus da caravana do Lula, a senhora e meia dúzia ou dúzia e meia partiram garbosa e exaltadamente para o centro de Florianópolis onde se depararam com uma multidão em frente às escadarias da catedral. Todos olhando para o átrio de entrada do templo, ao alto, onde a comitiva de recepção discursava agradecimentos ao muito que Lula e Dilma fizeram pelo estado, e apoio à candidatura nas próximas eleições.
Atrás, envoltos em bandeiras brasileiras para expressar o verde-amarelo biliar de seus ódios, a meia dúzia ou dúzia e meia de acompanhantes da documentarista não se aventurou a atravessar a rua, mas com um celular na mão e o Padilha na cabeça a intrépida cineasta começou a filmar as costas da multidão estática e atenta ao que lá em cima se dizia. Para compensar a falta de ação, repentina e genialmente a mulher transformou sua obra-comentário em filme de terror, só com a locução da narrativa. Embora a imagem não se altere em momento algum: multidão ao fundo, de costas para Praça XV no outro lado da rua, e na calçada da Praça XV seus companheiros biliares; o desespero na voz feminil desenvolve um crescendo de suspense hitchockiano mais psicótico do que Norman Bates.
A aprendiza superou o feiticeiro! Mesmo sem aparecer na cena, do Hitchock progredi para um buñuelesco terror surrealista com “Os bandidos estão vindo para cima da gente!” sem qualquer mudança na imagem que apenas oscila entre os ictéricos ao lado e as costas dos vermelhos à frente e ao fundo, mas com poderoso e convincente pavor narrativo em desesperado timbre de pedido de socorro.
Foi genial! O medo e pavor na voz da narradora são tão convincentes que passam a insólita impressão da multidão estar atravessando a rua caminhando de costas. E de costas vindo pra cima até que o vermelho das camisetas – a cor que desde a Comuna de Paris, em 1871, identifica os movimentos populares de trabalhadores em todo o mundo – preencha o quadro com superposição dos créditos e o indefectível The End, tão esperado no arrastar dos episódios do O Mecanismo.
Mas antes do encerramento, com uma única frase a Padilha da Praça XV resolve, em sua produção de menos de 2 minutos, o que o da Netflix não conseguiu fazer por mais de 10 episódios iniciados lá no Banestado quando Moro garantiu a impunidade do Alberto Youssef pela primeira vez em 2003, até esta última da Lava Jato, no ano passado. Tudo em módicas premiações por delações seletivas que garantam o vitalício desfrute do criminoso liberado, do liberalismo judicial e o azeitinho em cada peça do mecanismo; sem que em momento algum Padilha questione, nem por curiosidade, sobre os tantos “não vem ao caso”. Tudo reduzido a meros deslizes da vaidade do Moro. Pois a catarinense mata a pau e mostra a cobra que o Padilha escondeu: “Se Lula não for preso, vão invadir tudo!”
É ou não é coisa de uma Glauber Rocha? Senti a voz macha do Othon Bastos reinterpretando as últimas palavras do Corisco em Deus e o Diabo na Terra do Sol: “Maiores são os poderes do povo!”.
Os fractais do Padilha para Selton Mello dispersar a atenção sobre o real sentido do O Mecanismo expressam o inverso: “Entrega pros EUA porque brasileiro não têm poder algum para administrar tanto potencial”, tese há muito defendida pelo acadêmico FHC. Mas o nó górdio do mecanismo é exatamente o medo alardeado pela nossa comentarista. Pré Sal que se se exploda, mas se Lula não for preso, como manter direitos exclusivos às praças, ruas, calçadas, escadas e catedrais, protegendo-as de bandidos que vem pra cima de costas?
Depois daquele momento de cinema-novo, prosaicamente a Lina Wertmüller de Santa Catarina enquadra quem realmente está vindo para cima do intimidado grupo ictérico que vez por outra, para demonstrar alguma coragem, em segura distância de não serem ouvidos, grita à multidão os inalteráveis bordões: “Petralhas! Comunistas! Mortadelas!”. Nenhum deles, ninguém de vermelho, mas o tom cáqui do fardamento de quem realmente veio pra cima do grupo: a Polícia Militar que educada e cordialmente pediu para pararem as provocações.
É então que a mulher dá um banho definitivo na monocórdica série da Netflix, puxando a gargalhada geral em finalização chapliniana: “Vamos sair daqui, em respeito ao pedido de nossa gloriosa Polícia Militar”. Falou sério, mas com efeito de cena de “Tempos Modernos”.
E assim termina a eclética aula de cinematografia em curtíssima metragem de menos de 2 minutos, apenas com as costas da multidão ao fundo e de 5 a 10 pares de olhos injetados de bílis, envoltos em mortalhas que Castro Alves preferiu rotas na batalha.
A catarinense compensou o tempo que perdi só para ver até onde Padilha conseguiria escalar o vazio e se sustentar no xoxo; mas é na comparação entre a “gloriosa PM” de Santa Catarina e as imagens do link que enviei para a Bahita que noto o que há de mais importante a ser comentado sobre a caravana do Lula pelos estados do sul.
De um lado, alarmadas meias dúzia ou dúzias e meia atacando com ovos, pedras e bala, mas sentindo-se atacada de costas. De outro, o povo oferecendo as próprias costas para garantir a segurança do Lula, dispensando quaisquer instituições por mais “gloriosas”. Em resumo foi isso, mas daí e por tudo que passou a acontecer desde 2016, se faz evidente de que neste país prender Lula não é difícil. Em verdade é facílimo! Difícil, será o que sobrevier depois.
O que será das peças do mecanismo e do O Mecanismo sem novas temporadas para contar o caótico resultado da moagem?
Quem previu esse evidente futuro, e acertou, foi Getúlio Vargas. Mas como dizia Chico Mariano – um meu saudoso guru de outros sertões – Getúlio “suicidou-se sozinho por si próprio mesmo”. A espontânea segurança sem farda por onde Lula passa, comprova que o suicídio dos que montaram o mecanismo de sua moagem não será solitário nem voluntário. Mas, inevitável.
Se em 1954 a multidão só se conteve com o desmonte das principais peças do mecanismo então montado para a moagem do Getúlio, suspendendo a circulação e a transmissão do jornal e rádio Globo e pondo o Carlos Lacerda pra correr do país, foi porque na época se mantinha o Juscelino e, depois, o Jango Goulart para compensar o previsível caos com Jânio Quadros. Mas quem compensará Bolsonaro ou quaisquer de seus similares dos partidos da direita que Padilha não pôde omitir?
Se até para implicar Lula nas farsas do O Mecanismo se fez necessário referências às inegáveis realidades da direita, como manter a mentira que em menos de 2 anos já submergiu Temer?
Com Padilha ou sem Padilha o motor do real mecanismo de moagem do Lula afogou na subida da ladeira. O STF até teve de desrespeitar o comando da Globo e desligar o mecanismo, adiando o julgamento do HC de Lula pra esfriar o motor e ver se consegue fazer com que pegue no embalo dos resultados do roteiro sul da caravana.
Já está complicado agora, imagine-se depois! Se não moerem o Lula vão matar as dúzias e meia de cirrose hepática, mas se moem serão triturados por gerações e entram para a História. Nos próximos séculos serão apontados aos alunos dos cursos de direito de todas as universidades do mundo, como exemplo de sistema judiciário promotor do inverso da função da justiça, desde os primórdios do Código de Hamurabi.
A evidência de um futuro de barbárie tanto se ressalta em um Jair Bolsonaro anunciando por Face Book seu Ministro da Educação (Alexandre Frota) quanto no jovem Otávio Cavalcanti de 19 anos, estudante de São Paulo, que nesta semana feriu dois colegas negros com estilete.
Chamada pelos demais alunos, a polícia tomou a arma do agressor e registrou o caso como lesão corporal, sem qualquer referência ao crime de racismo ou de violência contra menores de idade. E, impunemente, Otávio segue jactando-se de sua “coragem” pelo perfil do Face Book e em páginas de sites racistas, além de pichar símbolos nazistas e exaltações à Ku Klux Klan pelos muros da escola pública cuja diretoria está sendo questionada por uma comissão de pais de alunos por não tomar qualquer providência.
Segundo o último censo demográfico realizado no país, somos uma população formada por maioria de aproximados 55% de cidadãos afrodescendentes e o restante entre indígenas, brancos e asiáticos. A quem a prisão do Lula estimulará? O João Dória e o Geraldo Alckmin? Os 55% de negros mais índios e asiáticos?
O que estimulará no Otávio Cavalcanti ou nos eleitores do Bolsonaro? E nas comissões de pais e alunos? Nos LGTB e demais segmentos?
Certamente os Ministros do STF estão muito ocupados com a intolerância pública aos auxílios hereditários desde as Capitanias, para tolerar perda de tempo com ponderações sobre tais questões de somenos, mas talvez o pedido de desculpas da senadora Ana Amélia possa fazê-los ponderar quanto será difícil o blábláblá em que terão de patinar para se explicar ao futuro do país, como demonstrado por este link em que se vê que a pose de civilidade da senadora gaúcha não conseguiu sair da lama: https://youtu.be/LJkExZeGH18
É por essa e outras que me convenço de que o roteiro da caravana nacional do Lula pelo sul do país foi o mais significativo de todos os outros já percorridos e ainda a percorrer. Afirmo isso sem qualquer bairrismo por dois contundentes motivos: Primeiro porque sempre que se fala em elite do atraso, vêm à memória os coronéis dos sertões nordestinos, jagunços e cangaceiros, tocaias, injustiças e violências desmedidas. Repassa-se a crueza e bestialidade descritas em personagens de escritores como Graciliano Ramos, Guimarães Rosa ou Jorge Amado.
Nos estados do sul, barbáries desse tipo só nos tempos em que os ventos sopravam pelas fronteiras castelhanas contadas por Érico Veríssimo. Ninguém haverá de imaginar que a mídia desses estados promova boçalidades de relhos e rebenques, pedras e tiros exaltados por uma Ana Amélia em retrocesso aos tempos medievos de impossível senso democrático entre clãs tribais ou mínimo sentido do que venha a ser Estado de Direito. No entanto, certo jornalista decano do antigo Diário Catarinense segue assinando como Moacir Pereira no atual NSC que é o mesmo DC que a família Sirostky teve de vender depois de pressionada pelos governos Lula e Dilma por impostos sonegados, além de participação com sua associada Globo nos desvios do caso Banestado, em que também participaram a Veja e o Silvio Santos. Coisa de milhões de dólares que nunca “vieram ao caso” para o Sérgio Moro, tampouco para as livres interpretações da realidade do Padilha no O Mecanismo.
O caso Banestado só dá início ao O Mecanismo para recuperar a origem do Alberto Youssef, sem qualquer cogitação sobre partilhas estimuladas por premiações de dúbias delações seletivas ou outra justificativa para tão amenas penas. Nada que possa ser menos insólito e insuficiente do que vaidades Moriscas. Tão quanto óbvios, ainda que mais modestos, são os custos do Moacir Pereira para a assídua campanha em defesa dos interesses imobiliários pelo Morro dos Cavalos na Grande Florianópolis, mas o jornalista catarinense obteve um efeito digno de registro pela ficção dos clássicos da literatura da geração de 30 sobre as brutezas dos mais longínquos sertões. O talento de Pereira, se não literário, mas regional e jornalisticamente estimulador aos seus leitores, obteve a mão decepada a golpes de facão da senhora Ivete de Souza, de 60 anos, mãe da cacica da reserva indígena cobiçada para elegante e reservado condomínio de mansões que, se não do Lula, certamente com lote já garantido para o Moacir que só tem como empecilho a esquerdalha, os petralhas e mortadelas das proximidades.
Daí as pedras e tiros nos ônibus da caravana do Lula, até porque nem Polícia nem FUNAI deste governo se metem em assuntos reservados, reservando-se ao direito de “civilizada” omissão.
Menos antiga do que as façanhas do Capitão Rodrigo Cambará, a da mão decepada pelo Moacir Pereira ocorreu em novembro passado, mas a certeza e a pose dos sulistas, alimentada no mito de serem mais cultos e civilizados, europeidados por mais recentes migrações, encobriam perante o resto do Brasil e do mundo a realidade local, agora descortinada pela caravana do Lula.
Hildegard, outra querida amiga, escreve da Alemanha querendo saber se esses que atacaram a caravana do Lula no Rio Grande do Sul, aqui em Santa Catarina, e no Paraná, que conhece de suas regulares visitas à região, seriam descendentes de seu povo. Explico que nem todos porque além do nazismo germânico também herdamos o fascismo itálico, mas a conforto dizendo que esses seus patrícios daqui descendem dos tempos dos godos, ostrogodos, visigodos, vândalos entre outras tribos de povos teutos. E informo que a confirmação definitiva sobre o futuro do Brasil está na mão dos Ministros do STF. Mas para minha vergonha é Hilde que da Alemanha me informa que o ministro Gilmar Mendes, que no próximo dia 04 de abril julgará o pedido de habeas corpus do Lula, respondeu a um repórter da Folha sobre os custos de sua viagem para um seminário organizado pelo Instituto Brasiliense de Direito Público em Lisboa, mandando que o repórter enfiasse a pergunta na bunda.
Maldita globalização informática que a cada descalabro cometido aqui reproduz nossa decadência ao mundo no mesmo dia, produzindo a comoção mundial que questiona qual a esperança para Lula? Ou para o Brasil? Hilde pede minha opinião sobre a possibilidade de a mandarem enfiar na bunda a pergunta sobre o que, além da verba dispendida, poderá haver de público num seminário do Instituto Brasiliense realizado em Lisboa? E que posso responder à amiga alemã além de que tudo não passa de uma peça de ficção científica, como definiu a Ministra da Justiça do seu país?
Saindo da ficção para cair na realidade, o que a caravana do Lula comprovou é com o que venho deparando há duas décadas, depois de ter vivido outras tantas em demais regiões do país, nordeste inclusive. Realmente, no nordeste em que vivi o ensino era muito mais deficitário do que o daqui do sul e havia bem maior quantidade de analfabetos. Mas entre a classe média daqui, nunca encontrei o nível de informação, sensibilidade e interesse pelas realidades regionais, pela formação do povo brasileiro, e pela História do país que alimentavam minhas conversas com nordestinos.
Há poucos dias, ao perceber que uma cidadã com título e pós-graduação em área técnica não tinha conhecimentos mínimos sobre o que afirmava a respeito da Princesa Isabel, cai na besteira de sugerir que lesse sobre o que realmente foi o II Império. Aquilo foi tomado como ofensa pessoal: “- Quem pensa que é para me mandar ler alguma coisa?!!”. E me rotulou de defensor da nobreza.
A moça diz que é de esquerda, mas nem me animei a informa-la que Jenny Marx era filha do Barão von Westphalen ou que Karl Marx descendia de abastada família de rabinos (por preceito do judaísmo, não existem rabinos pobres). Não contei que o pai, Conselheiro de Justiça do Império Alemão, deserdou o filho por casar com uma goy, assim como o Barão também deserdou a filha pelo matrimônio com judeu. Intensamente envolvidos na luta de classes, Jenny e Karl tiveram uma vida de privações e muitas vezes foram financeiramente socorridos por Friedrich Engels a quem o pai não deserdou, mesmo depois de se engajar na luta de classes quando, enviado para dirigir a indústria da família em Manchester, Inglaterra, desenvolveu minucioso estudo mais tarde publicado com o título A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra.
Apenas limitei-me a citar Nietzsche por ter considerado Pedro II o menos monárquico dos monarcas, mas a referência foi imediatamente desqualificada: “- E por que sou obrigado a concordar com Nietzsche?”.
Na verdade nunca imaginei que alguém fosse obrigado a concordar com Nietzsche, Louis Pasteur, Graham Bell, Victor Hugo, Charles Darwin ou quaisquer dos tantos notáveis admiradores de Pedro II em sua época, mas de esquerda ou direita, em geral a classe média sulista não admite qualquer possibilidade de discordância em seja o que for. Na verdade dão a impressão de não encontrarem motivação em conversa ou bate papo sem discordar e correr pro ataque. Sobrepõem certezas sobre o que desconhecem sem qualquer possibilidade de que escutem o que seja sob o metralhar de rótulos e amontoar de palavras sobre tudo o que se diga, como jogadores de futebol americano. Não importa qualquer fundamento, citação, analogia, lógica ou exemplo, só o que vale é ganhar a partida e nisso se sentem obrigados a manter total onisciência. O universo terá de ser como eles acham que seja e nem Galileu os convenceria do contrário se decidirem que o mundo tenha de ser quadrado.
Dos paulistas ao sul, esse comportamento vai se radicalizando e ramificando pela classe média sulista até a tradicional faca nas botas gaúchas, mas em se prestando atenção percebe-se que a gente do povo se dá ao direito universal do ignorar como qualquer brasileiro normal. Conversam sem necessidade de ganhar ou sem transformar um bate-papo em partida de Grenal, como na exemplar analogia da Ana Amélia. Quando vivi em outros estados pude sentir isso, já então percebendo que a antipatia geral pelo famoso bairrismo gaúcho não se justifica a todos, mas os injustamente afetados que cobrem as piadas do duvidoso machismo de sua senadora.
Daí que pelas similaridades entre direita e esquerda da classe média local, preferi evitar o relho e rebenque depois que a moça arrematou conferindo ao Pedro II a responsabilidade pela vinda da família real do avô João VI que morreu em Portugal no ano seguinte ao do nascimento do neto aqui no Brasil. Portanto, se assim são os que se reivindicam de esquerda, a amiga Bahita, companheira cearense, pode fazer ideia do que seja a direita que nestes estados recebeu Lula a paus e pedras como na 4ª Guerra Mundial prevista por Albert Einstein, além dos tiros que lembram os do Hermann Göring da 2ª, ao ouvir falar em cultura.
Afora esse desmascarar da pretensa civilidade europeia que fez a amiga Hilde considerar o que se poderia traduzir por “baita barbaridade tchê!”, ainda mais importante na caravana de Lula por estes estados do sul do país foi a demonstração de que isso de iconoclastias adolescentes que se bastam em fundamentalismos ateístas ou preconceituosas rotulagens, manutenção saudosista de entusiasmos juvenis ou romântica e paternal defesa de fracos e oprimidos; mesmo que confortem consciências pequeno-burguesas não alcançam o real sentido de luta de classes que enquanto ignorado, impossível se ter dimensão do significado dessas caravanas do Lula pelo país ou o que realmente ocorreu com a daqui do sul.
Preocupante, sim; mas ainda mais preocupante foi quando, enojado, tive de ouvir em 2013 velhos chavões da direita mais reacionária em bocas que se aparentavam da mais arrojada esquerda, balbuciando de medo dos meninos manipulados para aquelas tais Jornadas de Junho. Apesar de “protesto difuso” como desculpado por seus próprios manipuladores, aqueles garotos fizeram tremer a esquerda aparentemente mais valente daqui do sul. Isso foi muito mais preocupante do que a barbárie fascista contra a caravana do Lula e, então, me tirou qualquer esperança de participação dos sulistas no processo de luta de classes.
Mas, agora a caravana do Lula aqui pelo sul, senti aquele “tomar na cara… pra confessar que andei sambando errado” do Chico Buarque. “Dizendo realmente o que é que eu acho” covardia é da classe média que se aqui tem comportamento mais estúpido do que as de outras regiões pois, como bem diziam os paulistanos Titãs, “Miséria é miséria em qualquer canto. Riquezas é que são diferentes”.
E a comprovação disso está nas imagens deste link do acontecido na última sexta-feira santa no Rio Grande do Sul, reproduzindo com muita exatidão uma passagem do Seara Vermelha onde Jorge Amado descreve a reação de um grupo de retirantes que rompe o lençol servindo de tela para improvisada exibição cinematográfica dessa mesma história, por indignação a essa mesma cena: https://www.facebook.com/fernandopereirarock/videos/1837638966302634/
Essa reprodução do que Jorge Amado escreveu em 1946 é clara demonstração de que a metáfora dos fractais utilizada pelo Padilha poderia ser correta se ele tivesse alguma noção do que sejam fractais. Nem mesmo fazendo a personagem filha do de Selton Mello olhar incessantemente para imagens de fractais, Padilha conseguiu perceber que os esquemas de mecanismos de corrupção que seu policial esquematiza, em nada sutil requentar do power point do Dallagnol, não tem coisa alguma a ver com progressão geométrica de fractais. São apenas dois diferentes esquemas de formação de quadrilha de corrupção. Uma até pode ser consequência de outra, mas progressão é outra coisa. É muito mais do que mera consequência.
A corrupção do governo Temer não é um fractal da corrupção do governo FHC, por mais que nela participem os mesmos corruptos. Não houve progressão alguma de um mecanismo para outro. Mecanismos, sejam quais forem, não funcionam por progressão, mas pelo movimento planejado e programado de cada uma das peças que os componham. É possível substituir peças, como um Eduardo Cunha por Aloysio Nunes ou Aécio Neves por Rodrigo Maia, ou qualquer outro exemplo aleatório porque essas peças se constroem, se esculpe, se molda e se planeja a função de cada uma. Em progressão de fractais não há qualquer planejamento. São configurações que se reproduzem em infinita progressão por suas próprias naturais características. Foi exatamente o que aterrorizou a cineasta de celular ao intuir nas costas daquela multidão a mais de 20 metros à sua frente, uma invasão de fractais de Lula vindo pra cima de si, do seu seleto grupo, da praça, da cidade, do estado, do Brasil.
Peças de um mecanismo são apenas peças, isoladamente não movimentam nada. Podem ter funções similares, uma pode pretender tornar mais eficiente o baixo desempenho de outra como Padilha foi uma tentativa de promover o movimento que a ineficiência do Dallagnol não conseguiu realizar, mas não há nada de fractal nem em um nem no outro. E se não conseguiu entender a própria metáfora e nem mesmo o título que deu a seu seriado, só o que resta é seguir o conselho daquele bordão de antigo personagem do Jó Soares: “- Vá pra casa Padilha!” .
Ao invés disso foi pra Folha e piorou ainda mais.
Mas se observada no sentido correto, a metáfora dos fractais é exata como se comprova na reprodução daquela antiga narrativa de Jorge Amado durante encenação gaúcha da Paixão de Cristo da última sexta-feira santa. Fractal é a progressão da indignação pela injustiça à Cristo no motoqueiro que senta o capacete no coitado do ator que deixa de ser um soldado romano e na imaginação do gaúcho torna-se uma realidade fractal de todas as injustiças que perseguem os sem culpa a mando do Império, do patrão, do dono da terra, do proprietário do teto, do credor do que não se tem, do juiz que condena pelo que não se fez. Dos donos do Brasil que sequer conhecem este país.
Isso é fractal. Se soubesse do que se trata, Padilha entenderia porque multidões de sulistas protegeram Lula com suas próprias costas que tanto aterrorizou a catarinense espremida de medo gerado pelo grande mecanismo de moagem do Lula.
Se fossem capazes de entender como se desenvolvem os fractais, perceberiam que todos os mecanismos que puseram a funcionar para moer o Lula desde os anos 80, até agora só obtiveram a progressão de fractais de Lula, como confirmam os resultados de passadas eleições e projeções de futuras.
Mas agora não adianta mais. Não adianta porque o mecanismo de moagem do Lula já produziu um Lula infinitamente maior do que o próprio Lula.
É o que dá não ter conhecimento daquilo com que mexe. Se tivessem algum desligariam o mecanismo de moagem do Lula enquanto é tempo. Do contrário só resta aguardar pela confirmação da sabedoria de meu saudoso mestre Chico Mariano sobre o “suicídio sozinho por si próprio mesmo”. Sem pleonasmo algum.

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